Dúvida do internauta: Tenho um plano PGBL de previdência privada com 2% ao ano de taxa de administração, sou isenta de taxa de carregamento e optei pela tabela regressiva de tributação. Escolhi um plano em que 30% do capital são investidos em renda variável e 70% em renda fixa. Pretendo deixar o dinheiro aplicado até 2030. A rentabilidade do investimento foi de 14% nos últimos 12 meses e 12,6% neste ano. Entrego a declaraçao de IR pelo modelo completo e deduzo as contribuições para a previdência para usar o benefício fiscal. Minha estratégia é sacar os valores acumulados 10 anos a partir da data do último depósito, para pagar a aliquota minima de 10% de IR e usufruir do beneficio fiscal que a previdência proporciona durante o período de acumulação.

Minhas perguntas:
1. Sendo os planos PGBLs tributados sobre o montante total na hora do saque, a estratégia adotada é vantajosa?
2. Com a queda dos juros e, consequentemente, do rendimento das aplicações, a taxa de administração de 2% cobrada neste plano de previdência pode comprometer seus rendimentos?
3. Seria mais interessante sacar o montante total em 2030 ou receber um rendimento mensal a título de aposentadoria?

Resposta de Fernando Meibak*:

Há alguns poucos benefícios dos produtos de previdência. Um exemplo é o de não ter imposto de transmissão para um beneficiário no caso de um evento de morte - o que não compensa os altos custos desse produto no mercado brasileiro.

Não sei a sua idade, mas 30% em renda variável, mesmo que você seja muito jovem, me parece demais.

Quanto à opção pelo IR regressivo é o mais indicado para quem declara pelo modelo completo de IR.

A taxa de administração do seu fundo é muito alta. É importante destacar que o benefício de IR é na realidade uma postergação de tributação para o futuro. Se você estiver na faixa mais elevada de IR (de 27,5%), atingirá o patamar de 10% depois de ficar investido durante 10 anos (ou seja, terá um ganho da diferença de 27,5% menos 10%). Só que, nesse período, você terá pago 2% ao ano de taxa de administração – o que dá, num conceito de capitalização, 21,9% no período. Ou seja, o seu ganho de IR foi consumido totalmente pelos altos custos do produto.

Minha recomendação é que você saque os recursos, e compre via Tesouro Direto uma NTN-B Principal para vencimento em 2035, que rende IPCA mais 4.3% aproximadamente. Acho que você poderia também investir uns 10% a 15% do montante em um ETF indexado ao IBX50 por exemplo. Você estará investindo em renda fixa e variável de longo prazo, de forma muito mais eficiente.

*Fernando Meibak é sócio da consultoria Moneyplan, ex-diretor de gestão de investimentos do ABN-Amro Real e HSBC Brasil e autor do livro “O Futuro Irá Chegar! Você Está Preparado Financeiramente para Viver até os 90 ou 100 Anos?”.

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