Cofrinho em formato de porco: saia do círculo vicioso e encare os problemas (Imaes_of_money/Flickr)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2014 às 10h14.
São Paulo - O objetivo de ganhar ou deixar de perder dinheiro pode ser comparado ao de realizar uma dieta: para concluí-lo, é necessário enfrentar sacrifícios e, às vezes, frustrações.
Para Vera Rita de Mello Ferreira, do Núcleo de Estudos Comportamentais (NEC) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o consumidor cria desculpas e adia decisões importantes por conta da falta de tempo da vida moderna.
Mas isso também acontece por causa da dificuldade em encarar que se tem menos patrimônio do que gostaria. “O dinheiro nunca é o assunto preferido”, resume Vera.
Enquanto o problema não é encarado, o orçamento pode ser devorado por multas, falta de rentabilidade em investimentos e dívidas com taxas de juros de dois dígitos.
Veja a seguir as desculpas financeiras mais comuns:
1) Sou muito jovem ou velho
A idade não deve ser o único critério para nortear objetivos financeiros e muito menos uma desculpa para deixar de encarar responsabilidades.
Samy Dana, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) lembra, porém, que, quanto mais jovem, menos sacrifícios serão necessários para atingir estes objetivos. "É necessário pensar na aposentadoria cada vez mais cedo".
Mesmo no caso de quem não se preparou desde cedo, a educadora financeira Eliana Bussinger lembra que nunca é tarde para aprender a viver com mais simplicidade e dividir gastos.
Dessa forma, é possível aumentar a renda durante a aposentadoria.
2) Crédito faz parte da renda
É um equívoco imaginar que o limite de crédito no banco poderá complementar a renda no futuro. É preferível se organizar para guardar dinheiro suficiente.
Caso não seja possível pagar todas as contas sem utilizar o crédito, o empréstimo deve ser contraído apenas em situações emergenciais.
Quando o crédito for a única saída, o consumidor deve preferir ainda a modalidade mais barata para não piorar sua situação.
Nesses casos, o consumidor pode ter de falar com seu gerente no banco. "Isso pode tornar o processo de contratação mais longo. Mas o valor economizado é relevante”, diz Vera Rita de Mello Ferreira.
3) Eu mereço gastar
É fácil justificar o consumo supérfluo após um árduo dia de trabalho.
Mas Fábio Gallo, professor finanças da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, lembra que é sempre necessário verificar se o gasto cabe no orçamento mensal. “Não existe mágica”.
4) Não tenho renda para investir
Existem investimentos que podem ser feitos com valores pequenos. Ainda que a rentabilidade não seja relevante diante do baixo valor aplicado, Samy Dana diz que o importante é que a medida sirva como um estímulo ao hábito de investir. “Investimento está muito relacionado à experiência.”
Fábio Gallo, professor de finanças da PUC-SP, acredita que o investimento deve ser incluído no orçamento, tal como a obrigação de pagar uma conta. “É como uma mensalidade da academia de ginástica. Você se matriculou pensando em melhorar a forma física. O retorno do investimento também exige sacrifício”.
5) Tenho uma poupança. É suficiente
A educadora financeira Eliana Bussinger lembra que o mercado de investimento é sofisticado. “Há o produto certo para cada meta. Um deles pode não servir para uma, mas outro irá servir”.
O ideal é diversificar e dividir os recursos por prazo e objetivo financeiro.
6) Vou cortar todos os gastos supérfluos
Assim como uma dieta severa, o corte radical, e sem planejamento, dos gastos tende a ser levado a cabo por pouco tempo.
O ideal é que, antes de optar por medidas drásticas, haja um trabalho de controle constante das finanças para que não se chegue a uma situação extrema.
Para Samy Dana, ao pensar em recompensas, o controle financeiro pode ser menos penoso. O professor da FGV recomenda que o consumidor faça uma reserva para gastos menos urgentes somente após poupar determinado valor,.
“O importante é que o objetivo seja tangível, como a realização de uma viagem. Assim fica mais fácil deixar de consumir”, diz Dana.
7) O problema é a crise ou a conjuntura econômica
Consumidores também costumam justificar a falta de planejamento financeiro somente por conta de situações externas, como o aumento da inflação e os altos impostos cobrados pelo governo.
Para Fábio Gallo, professor de finanças da PUC, essa é uma forma de terceirizar o problema.
“Em vez de se adaptar ou se prevenir, é mais fácil reclamar. Quem não sabe que vai ter impostos para pagar no início do ano, ou que tem de se organizar para a aposentadoria, pois o benefício oferecido pelo governo diminuiu por conta do aumento da longevidade?”, questiona.
Como começar a investir
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