O menor pessimismo nos principais mercados fez o índice Bovespa acumular alta superior a 7% em março, apesar de a crise ainda mostrar seus impactos negativos na economia. Nesse cenário, as corretoras brasileiras passaram a diminuir gradativamente a exposição de suas carteiras a setores defensivos e voltaram a apostar em empresas com maior liquidez.

A Usiminas entrou nas carteiras recomendadas de duas corretoras e agora está na lista de preferidas de cinco instituições. Já o número de indicações de Gerdau subiu de quatro para cinco.

Um motivo para o aumento das indicações é a própria desvalorização sofrida pelos papéis nos últimos meses. No entanto, a volta desses ativos para as carteiras também mostra que a perspectiva negativa sobre a economia real está sendo amenizada aos poucos.

No final do mês passado, o governo renovou a redução do IPI para carros e caminhões e estendeu o benefício para motos e material de construção. Essas medidas devem beneficiar diretamente Usiminas, Gerdau e CSN.

Além disso, o pacote habitacional do governo, que prevê subsídios para a construção de 1 milhão de moradias populares, no longo prazo deve ajudar a Gerdau - que fabrica aços longos, para a construção civil.

"Acreditamos em uma significativa melhora da Bovespa no curto prazo, o que deve beneficiar as ações com maior liquidez e de empresas voltadas para o mercado interno, como as da siderúrgica. A escolha da Usiminas deve-se, ainda, ao baixo valor de suas ações ", explicou a Alpes, ao incluir a companhia em sua carteira.

O setor varejista foi outro que apareceu mais nas recomendações, tendo em vista os efeitos positivos da queda da taxa Selic e a consequente expansão do crédito. As ações do Pão de Açúcar ganharam duas novas indicações e a B2W, uma.

A recuperação, contudo, gera dúvidas entre os analistas em relação a sua sustentabilidade. Alguns defendem que, após a valorização, uma queda para os ativos mais líquidos e para a bolsa brasileira deve ocorrer, já que haveria espaço para um movimento de realização de lucros. Em tal cenário, os setores mais defensivos, como energia e telecomunicações, se mostrariam mais blindados à volatilidade.

Por esse fator, companhias como CCR, Telesp, CPFL, Cesp e Transmissão Paulista foram incluídas neste mês nas listas de corretoras que optaram por manter seus portfólios mais protegidos no curto prazo. Há quem discorde, porém, afirmando que a perspectiva de queda no consumo de energia elétrica possa ser precificada nos ativos do setor.

Veja as carteiras sugeridas pelas corretoras