Paschal Donohoe: presidente enfatizou que não é possível ser complacente (Valeria Mongelli/Bloomberg/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 13 de março de 2023 às 11h14.
Última atualização em 13 de março de 2023 às 12h59.
O presidente do grupo de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo), Paschal Donohoe, afirmou nesta segunda-feira, 13, que a zona do euro tem "exposição muito limitada" ao Silicon Valley Bank (SVB), banco americano que sofreu um colapso na semana passada. "Temos um marco regulatório muito forte aqui na Europa", acrescentou ele, durante entrevista à Bloomberg Television.
Donohoe, porém, também acrescentou que "claro, qualquer acontecimento bancário como esse realmente traz questões, e certamente discutiremos isso hoje, no Eurogrupo". Os ministros da região se reúnem nesta segunda-feira.
O também ministro das Finanças da Irlanda disse que o episódio mostra que o quadro pode mudar rápido, mas opinou que a Europa está em uma "boa posição", por mudanças feitas nos mercados regulatórios ao longo da última década.
Donohoe enfatizou que não é possível ser complacente. Ele acrescentou que é preciso ver onde está a exposição, e disse que o bloco está atento a um eventual apoio ao setor de tecnologia, para garantir que ele possa crescer e não ser afetado de modo significativo, já que o SVB era um banco centrado em companhias do setor nos EUA.
Ainda para Donohoe, o Banco Central Europeu (BCE) deve manter sua postura para conter a inflação. Ele lembrou que o BCE tem dito que tomará suas decisões reunião a reunião, para garantir o controle dos preços, mas não comentou diretamente se poderia haver mudanças nessas decisões diante da crise recente em alguns bancos americanos e dos temores gerados pela situação.
Na quarta-feira à noite, o SVB, banco financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008.
A derrocada é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições.
Os bancos possuem muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas.
Além disso, quando as taxas de juros sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.
(Com Estadão Conteúdo)