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Ações de varejo e construção serão beneficiadas com redução da Selic

Mercado acredita em redução de taxa básica de juros de 4,5% ao ano para 4,25% ao ano

Brazil's Central Bank President Roberto Campos Neto during press conference at the bank's headquarters in Brasilia, Brazil, on thursday January 9, 2020. Central Bank economic team will keep measures  taken in 2019 and will be maintained in the coming years to improve the financial system Photographer: Andre Coelho/Bloomberg (André Coelho/Bloomberg/Bloomberg)

Brazil's Central Bank President Roberto Campos Neto during press conference at the bank's headquarters in Brasilia, Brazil, on thursday January 9, 2020. Central Bank economic team will keep measures taken in 2019 and will be maintained in the coming years to improve the financial system Photographer: Andre Coelho/Bloomberg (André Coelho/Bloomberg/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 5 de fevereiro de 2020 às 13h50.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 14h02.

São Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) começa a definir os primeiros passos de 2020. Com decisão sobre a Selic programada para o começo da noite desta quarta-feira (5), a expectativa é de mais um corte. Para o mercado, a redução da taxa básica de juros de 4,5% para 4,25% é dada como quase certa.

Pedro Paulo Silvério, economista-chefe da Nova Futura, acredita que os efeitos do coronavírus sobre a economia possam estimular o Copom a baixar a Selic mais uma vez.  “Como o Brasil tem uma ligação muito forte com a China, o surgimento do coronavírus vai impactar, efetivamente, as estimativas de crescimento para este ano”, disse. Para Silvério, a taxa de juros pode cair para até 4% neste ano.

“Mas, mais importante que o corte é a comunicação do Banco Central sobre os próximos passos”, afirmou Camilo Cavalcanti Jr., superintendente de investimentos da Infinity Asset. Segundo Cavalcanti, a sinalização de novos cortes pode elevar as taxas de juros de longo prazo, já que isso poderia ter efeitos sobre a inflação. “Hoje a expectativa de inflação está bem ancorada, mas se subir, vai precisar elevar os juros, e se elevar, vai ser muito rápido.”

Embora acredite que o corte de juros já esteja “bastante precificado” no valor das ações, Cavalcanti ainda vê algum espaço para os papéis se valorizarem nos próximos dias. Caso o Copom opte por manter a taxa de 4,5%, “pode tirar um pouco do ímpeto de curto prazo”, comenta.

CEO do Constância Investimentos, Cassiano Leme ressalta que, de imediato, a redução da Selic tem impacto na avaliação das empresas, já que a taxa é utilizada para avaliar ativos no longo prazo. Na prática, a queda dos juros barateia os empréstimos e favorece companhias mais endividadas. “Isso traz consequências positivas porque induz as empresas a investirem”, disse.

Um dos primeiros setores a reagirem ao corte de juros é o varejo. De acordo com o economista Silvério, isso ocorre porque a taxa de juros mais baixa tende a aumentar o nível de emprego e consequentemente, a renda das famílias, estimulando o consumo. “A redução da Selic também induz os bancos a aumentarem a oferta de crédito e as pessoas passam a ter dinheiro para comprar bens duráveis, como eletrodomésticos.”

O crédito mais fácil também pode impactar positivamente a construção civil, uma vez que tanto a compra dos terrenos como a dos imóveis costumam ser financiadas . “O setor imobiliário depende muito dessas taxas de longo prazo e com ela mais barata a margem de lucro fica maior. Por isso, as ações do setor podem subir rápido, em caso de corte de juros”, comentou Cavalcanti.

No ano passado, quando a Selic saiu de 6,5% para 4,5%, as construtoras passaram por forte valorização na Bolsa. Em 2019, o índice IMOB, composto por 17 empresas do setor listadas na B3, subiu 70% - mais do que o dobro da valorização do Ibovespa, que teve alta de 31,5%.

A maior oferta de crédito também pode ser benéfica para os bancos. “A tendência é que, com isso, eles consigam compensar a perda de receita com o float (empréstimo do dinheiro depositado por correntistas)”, afirma Silvério.

Por outro lado, na visão de Camilo Cavalcanti, as seguradoras podem ser mais prejudicadas com a queda da Selic. “Normalmente, elas aplicam o dinheiro do seguro em investimentos mais conservadores, como títulos públicos. Então, cada vez que tem corte de juros, tira um pouco do ganho na margem”, disse.

Já a menor rentabilidade dos títulos tende a favorecer a B3, já que a procura por alternativas de investimentos em renda variável aumenta. “Desde 2018, já teve uma migração muito grande e isso deve continuar acontecendo. Mas a redução de 0,25 p.p. sozinha não tem efeito tão grande. Não é indo para 4,25% que vai acelerar o processo”, avalia Cavalcanti

Segundo Cassiano Leme, a queda dos juros também não deve ter tantos efeitos sobre as empresas de commodities. “Elas podem ser beneficiadas na parte da dívida. Mas, no caso da Vale, por exemplo, o principal produto depende do mercado internacional. Então a taxa Selic não impacta na demanda e nem no preço”, afirma.

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