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Vale perde para BHP por receio em relação a mercado chinês

O receio fez com que os títulos da maior produtura mundial do metal tivessem um desempenho pior do que os da sua rival BHP Billiton

Especulações de que as siderúrgicas chinesas vão aumentar as compras de minério de ferro da BHP em detrimento de encomendas da Vale aumentaram (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2011 às 18h58.

Rio de Janeiro/São Paulo - Investidores temem que a política de preços da Vale SA leve a uma perda de participação no mercado da China. O receio fez com que os títulos da maior produtura mundial do metal tivessem um desempenho pior do que os da sua rival BHP Billiton Ltd.

A taxa dos títulos em dólar da Vale com vencimento em 2019 está 150 pontos-base, ou 1,5 ponto percentual, acima do rendimento dos papéis com prazo semelhante vendidos pela BHP. Em 17 de outubro a diferença chegou ao menor patamar em seis semanas, 122 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto o rendimento dos títulos da Vale permaneceu praticamente estável na última semana, em 4,76 por cento, o da BHP caiu 10 pontos-base, para 3,26 por cento.

Especulações de que as siderúrgicas chinesas vão aumentar as compras de minério de ferro da BHP em detrimento de encomendas da Vale aumentaram, após a companhia sediada no Rio de Janeiro afirmar que não pretende modificar a sua política de preços que torna seu produto mais caro. A Vale estabelece os preços do minério de ferro com base em uma média trimestral, enquanto os da BHP são definidos por contratos mensais, mais sensíveis à queda recente no valor do minério. A tonelada do minério de ferro foi vendida a US$ 142,60 no dia 21 de outubro, o nível mais baixo em um ano.

A BHP “tem um melhor modelo de precificação em relação ao da Vale”, Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes na Tradition Asiel Securities, disse em e-mail. “Em termos de crédito, a BHP deve continuar melhor pelos próximos quatro a seis meses.”

Os títulos da Vale pagam 134 pontos-base mais que os papéis do governo brasileiro com vencimento em 2019. Há um mês, essa diferença estava em 115 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Discutir mudanças

O sistema trimestral de preços continua sendo “o mais adequado” para o mercado de minério de ferro, afirmou a Vale em comunicado enviado por e-mail em 19 de outubro. A empresa não deseja migrar para um sistema de vendas pelo preço do mercado à vista, apesar de estar disposta a discutir mudanças em alguns dos seus contratos, disse o presidente Murilo Ferreira a repórteres em Brasília no dia anterior.

“Se alguém quiser comprar numa condição diferente, é discutido”, disse Ferreira. “As condições são as vigentes no momento”.

Os contratos da Vale para o minério de ferro se baseiam numa média de três meses de índices de preços para o período que se encerra um mês antes do início de um novo trimestre. Assim como a BHP e a Rio Tinto Group, de Londres, a Vale abandonou no ano passado uma tradição de 40 anos de definir preços anualmente em favor dos contratos trimestrais. A Vale vendeu minério a uma média de US$ 145,3 por tonelada com ajuste para o frete no segundo trimestre, a companhia informou em 28 de junho.


Queda de preço

A assessoria de imprensa da Vale no Rio de Janeiro disse que a empresa não faria comentários para esta reportagem. O porta-voz da BHP Ruban Yogarajah, em Londres, se recusou a comentar.

Sinais de que a economia chinesa, a maior compradora mundial de ferro, estaria se desacelerando levaram o preço do minério para entrega imediata a cair cerca de 20 por cento nas últimas seis semanas.

A BHP agora vende a “vasta maioria” de seu minério de ferro a preços mensais, disse o presidente, Marius Kloppers, a repórteres em Londres em 20 de outubro. A empresa continua fazendo pressão por preços de prazo mais curto para todos os seus produtos, ele afirmou.

A Vale provavelmente vai reduzir preço se começar a perder clientes, disse George Strickland, que ajuda a administrar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de renda fixa na Thornburg Investment Management Inc.

‘Grandes preocupações’

Se a política da Vale “começar de fato a prejudicar o negócio, ela provavelmente voltará a praticar preços mensais para concorrer”, disse Strickland em entrevista por telefone de Santa Fé, no Estado americano do Novo México. “Isso só mostra que os compradores ganham poder de barganha quando a demanda por minério de ferro cai. Mas a companhia ainda tem um balanço patrimonial muito forte e é uma produtora global de baixo custo, então eu não teria grandes preocupações com o crédito.”

A Vale, segunda maior mineradora do mundo por valor de mercado após a BHP, deve apresentar lucro líquido ajustado recorde de US$ 26,5 bilhões este ano, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. A empresa divulga o balanço do terceiro trimestre em 26 de outubro, e o lucro por ação deve ficar em US$ 1,15 em bases ajustadas, de acordo com a média de 11 previsões de analistas numa sondagem da Bloomberg.

A Vale tem classificação de risco BBB+ pela Standard & Poor’s, o terceiro menor grau de investimento e três níveis abaixo da nota da BHP, que tem sede em Melbourne.

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A taxa dos títulos em dólar da Vale com vencimento em 2019 está 150 pontos-base, ou 1,5 ponto percentual, acima do rendimento dos papéis com prazo semelhante vendidos pela BHP. Em 17 de outubro a diferença chegou ao menor patamar em seis semanas, 122 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto o rendimento dos títulos da Vale permaneceu praticamente estável na última semana, em 4,76 por cento, o da BHP caiu 10 pontos-base, para 3,26 por cento.

Especulações de que as siderúrgicas chinesas vão aumentar as compras de minério de ferro da BHP em detrimento de encomendas da Vale aumentaram, após a companhia sediada no Rio de Janeiro afirmar que não pretende modificar a sua política de preços que torna seu produto mais caro. A Vale estabelece os preços do minério de ferro com base em uma média trimestral, enquanto os da BHP são definidos por contratos mensais, mais sensíveis à queda recente no valor do minério. A tonelada do minério de ferro foi vendida a US$ 142,60 no dia 21 de outubro, o nível mais baixo em um ano.

A BHP “tem um melhor modelo de precificação em relação ao da Vale”, Vinicius Pasquarelli, operador de dívida de mercados emergentes na Tradition Asiel Securities, disse em e-mail. “Em termos de crédito, a BHP deve continuar melhor pelos próximos quatro a seis meses.”

Os títulos da Vale pagam 134 pontos-base mais que os papéis do governo brasileiro com vencimento em 2019. Há um mês, essa diferença estava em 115 pontos-base, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Discutir mudanças

O sistema trimestral de preços continua sendo “o mais adequado” para o mercado de minério de ferro, afirmou a Vale em comunicado enviado por e-mail em 19 de outubro. A empresa não deseja migrar para um sistema de vendas pelo preço do mercado à vista, apesar de estar disposta a discutir mudanças em alguns dos seus contratos, disse o presidente Murilo Ferreira a repórteres em Brasília no dia anterior.

“Se alguém quiser comprar numa condição diferente, é discutido”, disse Ferreira. “As condições são as vigentes no momento”.

Os contratos da Vale para o minério de ferro se baseiam numa média de três meses de índices de preços para o período que se encerra um mês antes do início de um novo trimestre. Assim como a BHP e a Rio Tinto Group, de Londres, a Vale abandonou no ano passado uma tradição de 40 anos de definir preços anualmente em favor dos contratos trimestrais. A Vale vendeu minério a uma média de US$ 145,3 por tonelada com ajuste para o frete no segundo trimestre, a companhia informou em 28 de junho.


Queda de preço

A assessoria de imprensa da Vale no Rio de Janeiro disse que a empresa não faria comentários para esta reportagem. O porta-voz da BHP Ruban Yogarajah, em Londres, se recusou a comentar.

Sinais de que a economia chinesa, a maior compradora mundial de ferro, estaria se desacelerando levaram o preço do minério para entrega imediata a cair cerca de 20 por cento nas últimas seis semanas.

A BHP agora vende a “vasta maioria” de seu minério de ferro a preços mensais, disse o presidente, Marius Kloppers, a repórteres em Londres em 20 de outubro. A empresa continua fazendo pressão por preços de prazo mais curto para todos os seus produtos, ele afirmou.

A Vale provavelmente vai reduzir preço se começar a perder clientes, disse George Strickland, que ajuda a administrar cerca de US$ 4 bilhões em ativos de renda fixa na Thornburg Investment Management Inc.

‘Grandes preocupações’

Se a política da Vale “começar de fato a prejudicar o negócio, ela provavelmente voltará a praticar preços mensais para concorrer”, disse Strickland em entrevista por telefone de Santa Fé, no Estado americano do Novo México. “Isso só mostra que os compradores ganham poder de barganha quando a demanda por minério de ferro cai. Mas a companhia ainda tem um balanço patrimonial muito forte e é uma produtora global de baixo custo, então eu não teria grandes preocupações com o crédito.”

A Vale, segunda maior mineradora do mundo por valor de mercado após a BHP, deve apresentar lucro líquido ajustado recorde de US$ 26,5 bilhões este ano, segundo estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. A empresa divulga o balanço do terceiro trimestre em 26 de outubro, e o lucro por ação deve ficar em US$ 1,15 em bases ajustadas, de acordo com a média de 11 previsões de analistas numa sondagem da Bloomberg.

A Vale tem classificação de risco BBB+ pela Standard & Poor’s, o terceiro menor grau de investimento e três níveis abaixo da nota da BHP, que tem sede em Melbourne.

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