A queda do volume financeiro dos IPOs nos Estados Unidos, de 16 por cento na comparação com o ano anterior, foi considerada "modesta" (Olivier Morin/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2012 às 10h28.
Washington - A atividade global de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) apresentou forte queda, tanto em volume de operações quanto em capital levantado, de janeiro até novembro deste ano se comparado com o fechado de 2010, de acordo com levantamento feito pela empresa de auditoria Ernst & Young.
Até o momento, o capital total levantado por meio de ofertas iniciais de ações no mundo caiu 45 por cento de janeiro a novembro em relação a todo o ano de 2010, para 155,8 bilhões de dólares. O total de transações chegou a 1.117, número 20 por cento menor na mesma base de comparação
"Depois de um começo promissor nos dois primeiros trimestres, a atividade dos IPOs caiu no mundo a partir de meados do ano", informou a Ernst & Young em comunicado.
Os motivos principais apontados pela empresa de auditoria foram as preocupações dos investidores sobre os desdobramentos da crise da dívida da Europa e o rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela agência de classificaçào de risco Standard & Poor's.
No Brasil, houve queda de 31,4 por cento no capital levantado no acumulado de 2011 frente ao ano todo de 2010, com 11 operações resultando em 4,4 bilhões de dólares, informou a pesquisa.
"Muita gente no mercado estava trabalhando entre 20 e 30 IPOs para 2011 (no Brasil). Com a crise, houve uma grande frustração", afirmou o sócio-líder de IPOs da Ernst & Young Terco, Paulo Sérgio Dortas.
Segundo ele, há otimismo em relação a 2012, a despeito da crise na Europa. Segundo o executivo, profissionais do mercado de capitais estimam que o número possa ficar entre 15 e 20 ofertas, principalmente dos setores de consumo, saúde e educação -segmentos que já vêm sendo evidenciados por analistas nos últimos anos.
"Há uma certa queda de braço entre parte do mercado se a gente vai ter primeira janela em janeiro, enquanto outros mais conversadores apontam abril. É inegável que tem um número de empresas querem ser as primeiras a irem aos mercados", disse.
Nesta semana, duas empresas já enviaram à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedidos de registro de companhia aberta, a Intercosmetic Holding e a Brasil Travel Turismo -que já fez a solicitação de registro de IPO-, ambas em fase pré-operacional.
"É claro que os desdobramentos da crise europeia serão fundamentais para definir os rumos de 2012. A gente não pode deixar de tirar da pauta que 65 a 70 por cento dos compradores de IPOS brasileiros estão lá fora, principalmente nos Estados Unidos", afirmou Dortas.
Os investidores precisam de liquidez no momento, o que, segundo ele, pode significar que não podem se posicionar em uma empresa que promete entrega de crescimento nos próximos dois a três anos.
IPOs no mundo
Segundo a Ernst&Young, 72 por cento do capital global foi levantado nos primeiros seis meses de 2011. Entretanto, o capital levantado em 2011 "ainda excedeu o de 2009 em mais de 40 bilhões de dólares", segundo o comunicado.
Na Ásia, foram registradas 543 ofertas, que levantaram 77,7 bilhões de dólares, declínio de 56 por cento em relação ao fechado de 2010.
A queda do volume financeiro dos IPOs nos Estados Unidos, de 16 por cento na comparação com o ano anterior, foi considerada "modesta" pela Ernst & Young. O país levantou 36,4 bilhões de dólares por meio de 114 IPOs até o momento, segundo a pesquisa.
O IPOs nos mercados europeus somaram 29,6 bilhões de dólares, em 251 ofertas iniciais de ações. O valor das emissões também caiu nas Américas Central e do Sul, que levantaram 8,6 bilhões de dólares em 27 IPOS.