Títulos da Petrobras superam os da Hess com descoberta de Libra

Rio de Janeiro e Nova York - Os títulos da Petróleo Brasileiro SA, terceira maior empresa de petróleo do mundo por valor de mercado, têm mostrado o melhor desempenho desde março em relação aos das concorrentes Hess Corp. e Exxon Mobil Corp., após o Brasil ter feito a maior descoberta de petróleo nas Américas em 34 anos.

A dívida em dólares emitida pela Petrobras com vencimento em 2014 rendeu 1,5 por cento em outubro, o melhor desempenho em relação aos papéis da Hess e da Exxon em sete meses, de acordo com dados da Bloomberg. Os títulos emitidos pela Hess, que tem a mesma classificação de risco que a Petrobras pela Fitch Ratings Ltd., avançaram 0,6 por cento no mês passado, enquanto os da Exxon, a maior empresa do mundo por valor de mercado, subiram 0,9 por cento.

O Citigroup Inc. recomenda que investidores comprem as notas da Petrobras, sediada no Rio de Janeiro, e vendam as da Hess, a nona maior petrolífera dos Estados Unidos, já que os planos de investimento da empresa brasileira e uma nova legislação podem permitir que a Petrobras domine todos os novos projetos na área do pré-sal. A produção da Petrobras pode ultrapassar a da Exxon dentro de 10 anos, de acordo com a BGC Partners LP, uma corretora de Nova York.

“Você está melhor com uma empresa que tem perspectivas melhores”, disse Mikhail Foux, estrategista de crédito do Citigroup em Nova York. “Eles têm o plano de investimento e no futuro vão pagar dividendos sobre isso.”

A diferença de rendimentos entre os títulos da Petrobras e os da Hess caiu para 115 pontos-base, ou 1,15 ponto percentual, no mês passado, em relação ao recorde de 160 atingido em 27 de setembro, segundo dados da Bloomberg. A Petrobras e a Hess têm classificação de risco BBB pela Fitch. A Exxon tem classificação AAA. A Petrobras fica atrás da Exxon e da Petrochina Co Ltd. em valor de mercado.

Campo de Libra

O rendimento do título da Petrobras de cupom 7,75 por cento caiu 37 pontos-base em outubro, a maior baixa desde abril de 2009, para 2,98 por cento, de acordo com dados da Bloomberg. O rendimento das notas da Hess com cupom 7 por cento e vencimento no mesmo ano caiu 14 pontos-base para 1,70 por cento.

A Agência Nacional de Petróleo anunciou em 29 de outubro que o campo de Libra pode conter reservas “gigantescas” de até 15 bilhões de barris, quase o dobro das estimativas iniciais, o que faria dessa descoberta a maior nas Américas desde que o México encontrou o campo de Cantarell em 1976.

Um depósito dessa magnitude seria quase o dobro do estimado para o campo de Tupi. Uma legislação que deve ser aprovada este ano ou em 2011 daria à Petrobras uma fatia de pelo menos 30 por cento em todos os novos projetos do pré-sal, Marco Antonio Almeida, secretário de Petróleo e Gás do Ministério das Minas e Energia, disse a repórteres em 27 de outubro.

Crescimento da Hess

No fim de 2009, a Hess tinha 1,44 bilhão de barris em reservas recuperáveis de petróleo e gás natural, a Petrobras tinha 12,1 bilhões e a Exxon Mobil, 23 bilhões, de acordo com os relatórios anuais de cada companhia. Enquanto a Hess afirmou que planeja encontrar reservas suficientes todo ano para repor a produção, a Petrobras pretende aumentar a produção ao longo da próxima década para 5,4 milhões de barris por dia.

“A Hess não tem esse tipo de perfil de crescimento”, disse Michael Purves, estrategista-chefe de mercado da BGC em Nova York, que acompanha os papéis da Petrobras. “Eles são uma máquina de menor crescimento.”

Jon Pepper, porta-voz da Hess, se recusou a fazer comentários para esta reportagem, assim como a assessoria de imprensa da Petrobras. Cynthia White, porta-voz da Exxon, disse que a companhia planeja aumentar a produção de 2 por cento a 3 por cento ao ano até 2013. A Exxon se recusou a comentar sobre o desempenho de seus títulos.