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Título do Mercado Livre tem melhor retorno entre emergentes

Maior parte dos ganhos está vinculada ao desempenho das ações da empresa, que mais que dobraram neste ano

Debênture conversível do Mercado Livre supera seus pares com retorno de 72% (Mercado Livre/Divulgação)

Debênture conversível do Mercado Livre supera seus pares com retorno de 72% (Mercado Livre/Divulgação)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 14h00.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 14h00.

Com os mercados argentinos derretendo devido à expectativa de derrota quase certa do presidente Mauricio Macri nas eleições presidenciais de outubro, um título de dívida se destaca como surpreendente vencedor em meio à onda de vendas.

Uma debênture conversível do Mercado Livre, empresa de comércio eletrônico de Buenos Aires com operações na América Latina, supera seus pares com um retorno de 72% este ano. É o melhor desempenho entre todos mercados emergentes.

Enquanto títulos de empresas como o da petroleira YPF e da operadora Telecom Argentina despencaram no mês passado, o Mercado Livre conseguiu escapar da turbulência ao gerar menos de um quarto de suas vendas no país de origem, além de ser beneficiado por pagar muitos de seus trabalhadores em pesos, que sofreu rápida desvalorização. Analistas também estão animados com o plano da empresa de expandir seu negócio de processamento de pagamentos para outros varejistas, o que poderia transformar o Mercado Livre em líder na região nos próximos anos.

"O Mercado Livre se tornou reconhecido pelos investidores como uma das melhores maneiras de investir em fintech na América Latina", disse Marvin Fong, estrategista de ações da BTIG em Nova York, que possui recomendação neutra para as ações. Segundo Fong, a estratégia é semelhante à do Alibaba com o Alipay.

Obviamente, a maior parte dos ganhos do título conversível está vinculada ao desempenho das ações da empresa; o preço dos papéis do Mercado Livre listados em Nova York mais do que dobrou este ano.

O Mercado Livre não escapou totalmente ileso da turbulência na Argentina, desencadeada pelo resultado das eleições primárias no mês passado, que sinalizaram que a oposição provavelmente assumirá o poder no lugar de Macri, cujas políticas são mais favoráveis ao mercado. Em 12 de agosto, um dia após a votação, as ações do Mercado Livre registraram a maior queda em oito meses. Agora, acumulam baixa de 15% em relação ao recorde alcançado antes da votação. O título tem desvalorização superior a 10% em relação ao seu preço máximo.

O presidente do Mercado Livre, Marcos Galperin, havia manifestado seu apoio a Macri antes das primárias, mas mudou de lado rapidamente quando ficou claro que a possibilidade de vitória de seu candidato preferido é muito remota. Galperin foi o primeiro CEO argentino a se encontrar com o candidato da oposição, Alberto Fernández, após a eleição.

"Minha posição na campanha foi pública e clara, e o fato de que me receberam e me ouviram discutir o futuro do país foi muito positivo", disse Galperin.

Dos 8.500 funcionários do Mercado Livre, cerca de 4.200, incluindo cargos de alta gerência, estão em Buenos Aires, de acordo com uma porta-voz. Ela não quis comentar sobre a economia de custos com a desvalorização de 33% do peso este ano, o pior desempenho entre as moedas globais.

"Embora a Argentina represente 21% da receita do MELI, o país responde por uma porcentagem maior dos custos", disse Julie Chariell, analista da Bloomberg Intelligence. "Em fintech, onde a empresa está focada este ano, mais de 50% dos custos estão na Argentina."

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