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TIM despenca quase 7% após controladora Telecom Italia demitir CEO

Amos Genish foi demitido em meio a discordâncias no conselho de administração da empresa

No Brasil, as ações da operadora TIM, controlada pelo grupo italiano, caíram quase 7 por cento na bolsa paulista (Marc Hill/Bloomberg/Bloomberg)

No Brasil, as ações da operadora TIM, controlada pelo grupo italiano, caíram quase 7 por cento na bolsa paulista (Marc Hill/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 10h26.

Última atualização em 13 de novembro de 2018 às 12h20.

A Telecom Italia demitiu nesta terça-feira seu presidente-executivo, Amos Genish, enquanto ele estava em viagem de negócios na Ásia, tirando do caminho a pessoa que alguns diretores consideravam como um obstáculo para uma reestruturação mais agressiva na empresa.

Genish foi nomeado no ano passado para comandar a empresa pelo acionista controlador, o grupo de mídia francês Vivendi, mas desde então os diretores apoiados pelo fundo Elliott assumiram o controle do conselho.

A Telecom Italia informou em comunicado que se reunirá no domingo para nomear um novo presidente-executivo, mas não deu nenhuma explicação para a partida repentina de Genish.

Por volta de 12:00 (horário de Brasília), as ações da Telecom Italia subiam 0,38 por cento, abandonando perdas registradas no começo da sessão, quando a queda chegou a quase 2 por cento.

No Brasil, as ações da operadora TIM, controlada pelo grupo italiano, caíram quase 7 por cento na bolsa paulista, em meio à repercussão negativa da notícia. Por volta de 12:00, os papéis perdiam 5,9 por cento.

Em nota distribuída a clientes, analistas do Itaú BBA consideraram a notícia negativa para a TIM, uma vez que Genish tinha um profundo conhecimento sobre o setor de telecomunicações brasileiro e era bem visto por investidores no Brasil.

Outro analista, que pediu para não ter o nome citado, referendam a premissa dos colegas do Itaú BBA, acrescentando que investidores que estavam esperando um cenário de fusão ou aquisição para a TIM no curto prazo pode ter que esperar mais, uma vez que o novo CEO deve focar na operação fixa na Itália.

Falando algumas horas depois que o conselho o destituiu do cargo, Genish disse à Reuters que o ambiente dentroda Telecom Italia era disfuncional e que vários diretores vinham fazendo campanha contra ele há meses.

Genish, que nasceu em Israel, disse que estava preocupado com o futuro da empresa e queria permanecer no conselho. "Pessoalmente, eu vou e estou comprometido a fazer qualquer coisa para lutar e defender os direitos de todos os acionistas com a minha posição como membro do conselho."

"Eu não sei porque as pessoas sempre se referem a mim como um cara da Vivendi porque eu quero o que é melhor para todos os acionistas", acrescentou.

Tensões no conselho

O ex-executivo da FiatChrysler, Alfredo Altavilla, que atualmente faz parte do conselho da Telecom Italia como diretor independente, é visto como um dos principais candidatos para substituir Genish.

Luigi Gubitosi, que já dirigiu o negócio de telecomunicações da Wind na Itália e também faz parte do conselho da Telecom Italia, é visto como outro candidato, junto com Stefano De Angelis, o ex-vice-presidente da brasileira TIM.

Genish estava seguindo um plano de recuperação de três anos, concentrando-se em uma transformação digital e na correção das finanças da empresa de telecomunicações, mas fontes dizem que alguns diretores do Elliott queriam que ele desse maior prioridade a um possível cisão de suas redes fixas.

Em maio, o Elliott conseguiu assegurar dois terços dos cargos no conselho da Telecom Italia após a votação dos acionistas.

A Vivendi reagiu com raiva ao que chamou de uma manobra mesquinha e cínica de alguns membros do conselho que se moveram secretamente contra Genish, convocando o conselho enquanto ele estava no exterior a negócios.

"Nós condenamos a desestabilização por trás dessa decisão e os métodos vergonhosos. Reservamos todos os nossos direitos para defender os interesses de todos os acionistas", disse um porta-voz da Vivendi.

O Elliott respondeu dizendo que a Vivendi rejeitou tentativas anteriores de diálogo. "Estamos abertos e permanecemos abertos a um diálogo entre nós como acionistas da Telecom Italia", disse uma porta-voz do fundo.

Na segunda-feira, Genish disse em comunicado que apoiava a ideia de incorporar os ativos de linha fixa da empresa com a rede de banda larga que está sendo desenvolvida pela concorrente menor Open Fiber, desde que a Telecom Italia estivesse no controle da rede combinada.

A Itália está preparando uma legislação que poderia levar a essa fusão, disseram fontes próximas ao assunto.

O presidente do conselho, Fulvio Conti, vai acumular os poderes de Genish até que o conselho se reúna novamente no domingo para nomear um novo presidente-executivo.

A reunião desta terça-feira foi convocada enquanto Genish estava visitando a Coreia do Sul. Ele entrou na reunião por telefone, disse uma fonte familiarizada com o assunto.

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