Com o agravamento do conflito comercial entre EUA e China, ações da empresa somam perdas de 3,47% nesta semana. (Ueslei Marcelino/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 07h30.
Última atualização em 8 de agosto de 2019 às 07h30.
A aprovação em segundo turno da reforma da Previdência não surtiu grande efeito nos papéis das estatais e o cenário externo continuou ditando o ritmo da ação da Petrobras (PETR4), que recuou 1,08% nesta quarta-feira (7). Na segunda (5), dia em que a tensão entre os Estados Unidos e China foi agravada pela desvalorização do iuane, a ação da petroleira caiu 3,66%.
A baixa se deu por conta da queda do preço do petróleo, influenciada pela disputa comercial entre China e Estados Unidos. Desde que o presidente americano, Donald Trump, anunciou a adição de tarifas sobre produtos chineses, os preços do barril de petróleo tipo Brent, negociado em Londres, e WTI, nos EUA, recuaram 9,56% e 8,45%, respectivamente, até o fechamento de terça-feira (6).
A queda do preço da commodity continuou acentuada nesta quarta, visto que o barril de petróleo Brent depreciou 4,6% e bateu 56,23 dólares – o menor patamar desde janeiro deste ano. O petróleo WTI caiu 4,74%, a 51,09 dólares. Desde a cotação recorde de 2019 registrada em abril, o barril de Brent já caiu 24,5%.
Para o economista-chefe da Infinity Asset Management Jason Vieira o preço do barril de petróleo pode cair ainda mais caso o conflito comercial se agrave. “A tensão pode levar a uma atividade econômica mais fraca e à redução do consumo de commodities”.
Segundo o economista, o preço do petróleo, a cotação do dólar e a guerra comercial são componentes intimamente ligados à volatilidade da ação da Petrobras. No entanto, ele pondera que o valor da estatal “demanda também observar a questão da governança”.
Apesar da forte queda do petróleo nos últimos dias, o papel da Petrobras não caiu no mesmo ritmo. Isso porque a divulgação do lucro recorde do segundo trimestre do ano elevou em 3,59% o preço dos papéis da empresa na última sexta-feira (2).
A expectativa em torno das privatizações vinha impulsionando a estatal. Por conta da venda de gasodutos, a empresa registrou ganhos de 18,87 bilhões de reais de abril a junho deste ano, quantia 87% acima do mesmo período de 2018.
Embora o lucro da petroleira tenha ficado acima do esperado, na visão de Vieira, o impacto positivo do balanço do segundo trimestre já passou. “O resultado valorizou a ação. Nesse cenário, não dá mais para olhar para trás. A gente pode tentar estudar o presente, mas fica difícil prever o futuro”.
Tanto que, nesta semana, o movimento da ação foi de baixa. Mesmo com a divulgação do fato relevante em que a empresa anunciou mudanças na política de preços do gás de cozinha após o pregão de segunda, a ação acumulou perda de 3,47% no fechamento da bolsa paulista nesta quarta-feira (7).
Apesar cenário nebuloso, os papeis da Petrobrás acumulam alta de 13% em 2019, ajudada pelos resultados que a empresa vem apresentando e pelo fato de que a ação atingiu o "fundo do poço" no final do ano passado. Daí em diante subiu até abril. "O movimento foi freado pela disputa comercial", diz Vieira.
Apesar da piora no conflito entre EUA e China, ainda não foi o bastante para anular os ganhos do petróleo. D início do ano até a fechamento do pregão da última terça-feira, a cotação dos barris tipo Brent e WTI acumulavam alta de 18,10% e 9,55%, respectivamente.