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Temos feito nosso papel no caso OGX, diz presidente da CVM

Perto de completar um ano na presidência da CVM, Leonardo Pereira enfrenta grande exposição da autarquia frente os desafios em regular o mercado


	Leonardo Pereira: "bom funcionamento do mercado passa, necessariamente, pela capacitação dos participantes", afirmou
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Leonardo Pereira: "bom funcionamento do mercado passa, necessariamente, pela capacitação dos participantes", afirmou (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2013 às 15h02.

São Paulo - Do outro lado do balcão há quase um ano, o atual presidente da CVM, Leonardo Pereira, diz ter confirmado sua opinião de que, na atividade de regulador do mercado, é importante ter a capacidade de ouvir bastante e refletir antes de tomar uma decisão final.

Antes de assumir o cargo em novembro de 2012, ele era vice-presidente financeiro da GOL Linhas Aéreas e sua indicação para a presidência da CVM foi considerada pouco usual, por ele ser considerado um profissional não diretamente ligado a entidades do mercado de capitais.

Além disso, Pereira enfrenta um momento de grande exposição da autarquia, com os tropeços da OGX, do empresário Eike Batista e seus inevitáveis respingos na CVM. Há até ações que acusam a autarquia de omissão por deixar que o empresário vendesse ações da empresa “ilegalmente” durante o processo de reestruturação de suas dívidas. A CVM, por sua vez, já iniciou um processo contra Eike Batista e mais cinco diretores da OGX tendo como tema central a divulgação de informações por parte da companhia.

O objetivo da Autarquia, atualmente, é priorizar iniciativas de maior alcance e menor custo, intensificando o uso da Internet e dando os primeiros passos em ter uma presença educacional nas redes sociais. Por enquanto, um parecer de orientação sobre o uso de redes sociais pelas companhias de capital aberto está no horizonte. Pereira respondeu a algumas perguntas feitas por EXAME.com, mantendo-se sempre num tom neutro, já peculiar à autarquia. Confira:

EXAME.com - Com um ano de CVM, o que mudou sua visão sobre a regulação do mercado olhando deste lado do balcão?
Leonardo Pereira -
Eu vejo um ambiente regulatório amplo que acompanha as necessidades do mercado. O Brasil é visto como um país que possui um sistema regulatório sólido e bem estruturado. Somos reconhecidos por isso nos órgãos internacionais que estão trabalhando no redesenho regulatório pós 2008. Neste ano, eu percebi que na minha atividade de regulador do mercado é importante ter a capacidade de ouvir bastante e refletir antes de tomar uma decisão final.

EXAME.com - Ao assumir o mandato, você falou sobre a capacitação e a educação de mercado. O que foi feito nesse sentido?
Pereira -
Um bom funcionamento do mercado passa, necessariamente, pela capacitação dos participantes. A CVM desenvolve, desde 1998, uma atuação educacional, inicialmente com ações próprias e, a partir de 2006, também em cooperação com as principais entidades representativas do mercado de capitais, por meio do Comitê Consultivo de Educação, do qual o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores é um dos membros fundadores.


EXAME.com - E qual o objetivo?
Pereira - É priorizar iniciativas de maior alcance e menor custo, intensificando o uso da Internet e dando os primeiros passos em ter uma presença educacional nas redes sociais. Criamos novos cursos de e-learning, conforme é possível verificar no Portal do Investidor, e também buscamos atender a uma demanda interessante: a participação de jovens.

EXAME.com - E o caso OGX? Recentemente, o diretor Otávio Yazbek afirmou que a crise do grupo X de Eike Batista, deixará lições para investidores, empresas e para a CVM. Que lições seriam essas?
Pereira -
Qualquer evento relevante no mercado de capitais, seja ele positivo ou não, sempre proporciona reflexões. Como é de conhecimento público, em Nota ao Mercado divulgada em 03/07/13 e disponível no site da Autarquia, a CVM informou que dentro de sua esfera de competência, vem apurando fatos envolvendo a OGX e outras companhias do mesmo grupo. Devido a esta apuração, prefiro não comentar o assunto.

EXAME.com - Mas você vê alguma falha da CVM no caso?
Pereira -
Como a CVM ainda está analisando o caso, não é possível comentá-lo. Porém, pelo que acompanho, a CVM tem exercido bem o seu mandato de supervisão. Uma evidência dessa questão é que, recentemente, em 2012, tivemos uma revisão independente, feita pelo Banco Mundial, na qual fomos bem avaliados em 31 dos 37 princípios de avaliação, que indicam o nível de aderência do regulador de mercado de capitais as melhores práticas.

EXAME.com - Você não acha que a punição para o uso de informação privilegiada deveria ser maior?
Pereira -
Em um mercado cada vez mais ágil, dinâmico e que exige credibilidade, primordial é o trabalho de identificação e punição do participante que agiu de forma irregular. Coibir a prática do insider trading é fundamental para existência e bom andamento do mercado de capitais, já que é imprescindível a simetria nas informações e a garantia das mesmas condições a todos os investidores. Neste sentido, a Lei atribui à CVM competência para apurar, julgar e punir irregularidades eventualmente cometidas. Diante de qualquer possível desvio de conduta, a CVM inicia uma apuração específica dos fatos que podem levar a abertura de um procedimento sancionador. 

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