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Tam e Gol lideram ganhos no Ibovespa após greve ser adiada

Após sofrerem com queda na quarta-feira, ações das empresas tem alta

A greve de prevista para esta quinta foi adiada depois de liminar da justiça (Renata Carvalho/Veja)

A greve de prevista para esta quinta foi adiada depois de liminar da justiça (Renata Carvalho/Veja)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 16h33.

São Paulo/Buenos Aires - A Gol Linhas Aéreas Inteligentes SA lidera os ganhos no Ibovespa após a decisão dos aeroviários de suspender uma greve prevista para hoje que poderia causar caos em aeroportos às vésperas do Natal.

Todos os empregados de terra e voo das companhias aéreas vão trabalhar normalmente hoje, disse Orisson Melo, presidente do Sindicato dos Aeroviários de Guarulhos. A suspensão da greve foi decidida após o Tribunal Superior do Trabalho ter determinado que pelo menos 80 por cento dos funcionários têm de trabalhar, sob pena de multa de R$ 100 mil diários. O presidente do TST, ministro Milton de Moura França, determinou que os funcionários trabalhassem até o dia 2 de janeiro em resposta a uma ação cautelar movida pelo procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito Lopes.

O Sindicato Nacional dos Aeroviários planejava utilizar a greve para pressionar por um reajuste salarial de 13 por cento, mais que o dobro da oferta das companhias. O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, José Márcio Mollo, disse hoje que as companhias elevaram sua proposta para aumento de 8 por cento.

“É positivo o fato de ter adiado”, disse Felipe Rocha, analista da Link Corretora em São Paulo. “A questão são os reajustes. As companhias tendo greve seriam pressionadas a dar um aumento maior.”

A Gol, maior empresa aérea brasileira em valor de mercado, subia 3,02 por cento, para R$ 25,25, às 14h44, maior ganho intraday em mais de três semanas. A Tam SA, maior companhia aérea do País em participação de mercado, subia 0,79 por cento, para R$ 40,80. O Ibovespa operava em alta de 0,1 por cento.

Decisões judiciais

Além da determinação do TST, ontem os trabalhadores receberam notificação de outras duas decisões judiciais, uma do Tribunal Regional do Trabalho de Brasília, e outra da Justiça Federal em Brasília. A última proibia a realização da greve.

“Fomos surpreendidos pelas decisões judiciais questionando a greve, embora estivéssemos dentro da legalidade. Elas foram muito duras”, disse hoje em entrevista por telefone de São Paulo Gelson Fochesato, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que representa pilotos, co-pilotos e tripulantes.

Segundo Mollo, do SNEA, após receberem as notificações, os sindicatos entraram em contato, o que levou ao aumento na oferta das companhias. Para ele, não haverá paralisações, mesmo localizadas.

Para o sindicato dos aeronautas, eventuais atrasos e cancelamentos nos próximos dias não serão causados por paralisações, mas pela política de escala das companhias.

“A falta de tripulação vai continuar levando a cancelamentos e atrasos, por causa da escala de voo, que deixa os tripulantes no limite”, disse Fochesato. “Se isso acontecer, será culpa das companhias.”

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que trabalhadores e empresas chegassem a um acordo.

“Acho que empresários e trabalhadores devem flexibilizar”, disse Lula. “Não é correto e humano alguém impedir que uma pessoa viaje no Natal.”

Segundo Rocha, da Link, a “pressão” do governo pode ajudar a levar a um acordo mais rápido entre os dois lados.

Supervisão maior

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária e a Agência Nacional de Aviação Civil vão aumentar a supervisão nos aeroportos e a polícia foi colocada em alerta para garantir que “quem quiser possa trabalhar”, disse Solange Paiva Vieira, presidente da Anac, a jornalistas ontem em São Paulo.

Em dezembro de 2006, uma greve dos controladores de tráfego aéreo provocou o caos nos aeroportos brasileiros, com dezenas de cancelamentos diariamente e uma média de quatro horas nos atrasos dos voos.

As viagens de Natal fizeram o movimento nos aeroportos aumentar 16 por cento em dezembro do ano passado em relação a novembro, segundo a Anac. A estimativa da agência é que o tráfego nos aeroportos neste mês seja 12 por cento maior que em dezembro do ano passado, segundo e-mail enviado hoje.

Desde o começo do mês, a Infraero, autoridade dos aeroportos, já tinha um plano de contingência em andamento caso houvesse greve, segundo a assessoria de imprensa. Negociações salariais estão em andamento desde setembro.

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