Sobe custo de captação da Petrobras com plano de endividamento
Taxa de títulos em dólares da companhia subiu mais que o dobro da média corporativa nos mercados emergentes nos últimos 30 dias
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2010 às 09h00.
Nova York - Os custos de captação da Petróleo Brasileiro SA tiveram a maior alta em um ano depois que a empresa anunciou planos de aumentar seu endividamento em até 60 por cento para US$ 106,9 bilhões nos próximos quatro anos.
A taxa dos títulos em dólares da Petrobras com cupom de 5,75 por cento e vencimento em 2020 deu um salto de 81 pontos- base nos últimos 30 dias para 4,88 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Para a média de títulos corporativos de mercados emergentes, a alta no mesmo período foi de 40 pontos-base, segundo dados do JPMorgan Chase & Co.
O presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, disse no Rio de Janeiro na última terça-feira que a empresa planeja levantar entre US$ 30 bilhões e US$ 40 bilhões em dívida nos próximos quatro anos para financiar o maior programa de investimentos do setor petrolífero. A Petrobras, que tem hoje uma dívida total de US$ 66,9 bilhões, ainda não emitiu bônus este ano. Em 2009, a empresa captou US$ 6,75 bilhões com a emissão de títulos no exterior, segundo dados da Bloomberg.
“Investidores estão apostando que vai ver uma grande oferta de novos títulos de dívida da Petrobras”, disse Jack Deino, que administra cerca de US$ 1,6 bilhão em dívida de mercados emergentes na Invesco Inc. em Nova York, em entrevista por telefone. “É por isso que a rentabilidade piorou. Há também incerteza quanto ao momento e a quanto eles vão captar.”
A taxa paga pelos títulos da Petrobras está 112 pontos-base acima do papel soberano de prazo semelhante. Essa é a maior diferença desde agosto, segundo dados da Bloomberg.
Capitalização
A Petrobras planeja financiar seus investimentos nos próximos anos com a emissão de títulos e empréstimos bancários depois de ter feito em setembro a maior oferta de ações do mundo, disse Gabrielli em 6 de dezembro em São Paulo. A empresa, que levantou US$ 70 bilhões na capitalização, planeja investir US$ 224 bilhões até 2014.
As ações preferenciais da estatal acumulam queda de 9,2 por cento nos últimos 30 dias, o que ampliou a desvalorização no ano para 32 por cento.
A Petrobras precisa fazer a rolagem de US$ 38 bilhões em dívida até 2014 para cumprir a meta de dobrar a produção em dez anos, disse Gabrielli em 9 de novembro.
“Os comentários de Gabrielli realmente tiveram um impacto”, disse Juan Cruz, analista de dívida corporativa do Barclays Plc em Nova York, numa entrevista por telefone. “Investidores estão pedindo um retorno maior por causa da incerteza.”
A Petrobras ainda não tem “nada definido” quanto a uma emissão de bônus, disse Gabrielli ontem. A assessoria de imprensa da estatal não quis comentar o assunto.