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Shein está vendendo menos? Importações de pequenos valores caem pela primeira vez desde 2020

Relatório feito pelo Santander mostra que as importações somaram US$ 701 milhões em abril deste ano, queda de 20% em relação ao ano passado

Shein: receio do consumidor aumenta com debate de taxação (Jade Gao/AFP/Getty Images)

Shein: receio do consumidor aumenta com debate de taxação (Jade Gao/AFP/Getty Images)

Karina Souza
Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 26 de maio de 2023 às 17h04.

Última atualização em 26 de maio de 2023 às 17h12.

A Shein está desacelerando? É com essa pergunta que os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, do Santander, intitulam um relatório divulgado nesta sexta-feira, 26. O material compara o volume de importação de pequenos volumes — um critério usado para interpretar como andam empresas asiáticas no país — e aponta a primeira queda no volume total de compras desde maio de 2020. Segundo o relatório, o montante, em abril de 2023, foi de US$ 701 milhões, 20% menor do que o registrado no mesmo período do ano anterior e a primeira queda desde maio de 2020.

Para os analistas, a redução tem a ver com critérios macro. Além do desafio do poder de compra do consumidor, eles apontam a preocupação crescente de consumidores de taxação com base na postura mais restritiva do governo brasileiro em relação a compras feitas fora do país. 

Ao lidar com as restrições, a saída encontrada pela varejista chinesa foi nacionalizar a produção, como afirmou a companhia em entrevista ao EXAME In em abril deste ano. Diante da sensibilidade do consumidor ao preço — como mostram as importações — fica ainda mais evidente a dúvida de quanto espaço a companhia vai conseguir conquistar localmente, produzindo e vendendo como suas concorrentes brasileiras.

Enquanto esse fator permanece nebuloso, o que os analistas apontam é que as beneficiadas desse movimento de maior receio de compras online da Shein beneficia concorrentes locais, como C&A, Renner e Riachuelo (Guararapes).

Diante do efeito recente, ainda não é possível saber como (e se) essa redução nas compras internacionais vai se refletir em aumento de receita para as companhias. Por enquanto, o que ficou claro nos primeiros três meses do ano ainda foi um ambiente desafiador.

A C&A, por exemplo, teve prejuízo líquido de R$ 126,3 milhões nos primeiros três meses do ano, menor do que o de 2022 principalmente por reduções de custos, já que a receita subiu apenas 3% na comparação anual. A Renner, no mesmo período, viu o lucro líquido cair 75% em relação ao mesmo período do ano passado, de R$ 46,8 milhões. A receita líquida subiu em um patamar semelhante ao da C&A, com ganhos de 2% — mas com uma piora em desempenho operacional. E a Guararapes viu o prejuízo mais do que dobrar, com crescimento também discreto de receita, de 5%.

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