Starbucks: mobilização ocorre enquanto a rede tenta recuperar desempenho nas lojas dos EUA (Christopher Furlong/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 06h36.
Trabalhadores da rede de cafeterias Starbucks filiados ao sindicato Starbucks Workers United realizaram um protesto nesta quinta-feira, 4, em frente ao Empire State Building, em Nova York, enquanto a greve completa sua terceira semana sem sinais de acordo iminente.
Segundo a CNBC, centenas de manifestantes se reuniram diante do famoso ponto turístico, que abriga uma unidade da Starbucks Reserve em três andares e também a sede regional da companhia.
O protesto, que coincide com o período de maior movimento de consumidores e turistas, contou com a participação de membros de outros sindicatos, como AFL-CIO e Service Employees International Union (SEIU), afiliado ao Workers United. Entre os discursos, os manifestantes entoaram frases como “Sem café, sem contrato” e “O que é nojento? Quebra de sindicato”.
“Essa luta é, na verdade, uma luta para todos nós, para trabalhadores de todo o país, mostrando às empresas, como a Starbucks, que os funcionários estão fartos do status quo e não vão mais aceitá-lo”, afirmou a presidente da SEIU, April Verrett, à CNBC.
Segundo a reportagem, doze manifestantes foram detidos por bloquear a entrada do edifício.
A greve começou no último Starbucks Red Cup Day, tradicional data promocional da rede em que os clientes recebem um copo vermelho reutilizável ao comprar bebidas temáticas de fim de ano, impulsionando as vendas. Na ocasião, os baristas exigiram novas propostas da empresa para tratar de questões prioritárias na finalização do contrato, incluindo melhoria de horários, aumento salarial e resolução de centenas de denúncias de práticas trabalhistas injustas contra a Starbucks.
De acordo com porta-voz da companhia, das 145 unidades envolvidas na greve, 55 permanecem fechadas. Desde o colapso das negociações no final do ano passado, as partes não retomaram discussões ativas para fechar um acordo. Até o momento, a greve não mudou esse cenário.
Apesar da incerteza gerada durante a temporada de fim de ano, a Starbucks afirmou que suas vendas não foram impactadas. O CEO Brian Niccol disse aos funcionários que o último Red Cup Day foi o melhor da história da empresa.
A temporada de festas será determinante para o processo de recuperação da rede, que encerrou um período de quase dois anos de queda nas vendas mesmas lojas no trimestre mais recente. Segundo a companhia, greves anteriores afetaram menos de 1% das lojas.
O protesto em Nova York ocorre após a Starbucks pagar US$ 38,9 milhões para encerrar processos por violações à Fair Workweek Law, legislação municipal que exige regularidade nos horários semanais, comunicação de escalas com 14 dias de antecedência e limita cortes de horas em até 15% sem justificativa comercial legítima. Segundo o Departamento de Proteção ao Consumidor e ao Trabalhador da cidade, a rede cometeu meio milhão de infrações desde 2021.
A comissária do DCWP, Vilda Vera Mayuga, que participou do protesto, afirmou que o timing do acordo recorde com a greve em andamento foi uma coincidência. A Starbucks, em nota, ressaltou: “Enquanto as leis de Nova York permanecem complexas, nosso foco não mudou, estamos comprometidos em criar o melhor emprego do varejo e garantir que nossas práticas sigam a legislação”.
O atual prefeito de Nova York, Eric Adams, e o prefeito eleito, Zohran Mamdani, se posicionaram ao lado dos trabalhadores em greve. Mamdani participou de ato com o senador Bernie Sanders e baristas no Brooklyn no início desta semana.
Tanto a Starbucks quanto o sindicato atribuem a responsabilidade pelo impasse à outra parte. As negociações mediadas começaram em fevereiro, mas os baristas rejeitaram em abril a proposta econômica apresentada pela empresa.
A companhia anunciou investimento de US$ 500 milhões para melhorar a experiência dos funcionários, dentro da estratégia Back to Starbucks, que inclui modernização do sistema de escalas e contratação de mais baristas.
“Como dissemos, 99% das nossas 17 mil lojas nos EUA permanecem abertas e atendendo clientes, incluindo muitas que o sindicato declarou publicamente que entrariam em greve, mas que nunca fecharam ou já reabriram. Independentemente dos planos do sindicato, não prevemos interrupções significativas. Quando o sindicato estiver pronto para voltar à mesa de negociações, estaremos prontos para dialogar”, disse a porta-voz Jaci Anderson.