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Rede Energia pode seguir calote da Celpa em dívida

A Celpa está em processo de recuperação judicial, de acordo com dados do mercado

A Fitch reduziu a nota de crédito da Rede Energia em dois níveis, para C, ou um grau acima do default, dizendo que a recuperação judicial da Celpa pode afetar a controladora (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 13 de março de 2012 às 09h53.

Nova York - A Rede Energia SA, holding de nove distribuidoras de energia no Brasil, pode seguir o calote da Centrais Elétricas do Pará SA, que está em processo de recuperação judicial, de acordo com dados do mercado de dívida.

Os US$ 497 milhões em bônus perpétuos da Rede Energia estão sendo negociados a 52 por cento do valor de face, 5 pontos abaixo dos títulos da Celpa, de acordo com o Trace, sistema de informação de preços de títulos da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira. Os títulos da Rede Energia tiveram queda de 31,5 pontos desde 27 de fevereiro, um dia antes da Celpa entrar com pedido de recuperação judicial. Dívidas com nota de crédito CCC+ ou menos pela Fitch Ratings globalmente têm um preço médio de 89,28 por cento do valor de face, mostram os dados do Bank of America Corp.

Crescem as especulações de que a Rede Energia interrompa os pagamentos de suas dívidas enquanto o presidente do conselho, Jorge Queiroz de Moraes Jr., tenta encontrar um comprador para toda ou parte de sua fatia na companhia e o governo diz que não pretende resgatar a Celpa. A Fitch reduziu em 9 de março a nota de crédito da Rede Energia em dois níveis, para C, ou um grau acima do default, dizendo que a recuperação judicial da Celpa pode afetar a controladora no acesso ao crédito necessário para a rolagem de seu endividamento de curto prazo.

“É difícil dizer se em um dia, uma semana ou um mês, mas a probabilidade de default é muito, muito alta”, disse Mauro Storino, analista da Fitch, em entrevista por telefone em São Paulo. “A empresa ainda precisa rolar parte significativa de suas dívidas de curto prazo e seu acesso a crédito está fortemente reduzido.”

Alívio a credores

Os títulos da Rede Energia pagam 1.697 pontos-base, ou 16,97 pontos percentuais, a mais do que os papéis do governo brasileiro com vencimento em 2041, de acordo com o sistema Trace e dados compilados pela Bloomberg. Os bônus da empresa sediada em Belém do Pará se desvalorizaram até 54,25 pontos, para 50 por cento do valor de face, após o pedido de recuperação judicial. Desde então, o papel subiu sete pontos para 57 por cento do valor de face.

A Celpa, maior distribuidora de energia na região amazônica, buscou alívio junto aos credores após as tarifas fixas de eletricidade terem afetado o resultado final e seu endividamento disparou. A Rede Energia detém cerca de 65 por cento da Celpa, a maior de suas nove subsidiárias. O restante do capital está nas mãos da Centrais Elétricas Brasileiras SA.

A Rede Energia tinha cerca de R$ 2,6 bilhões em dívida de curto prazo ajustada em setembro e caixa suficiente para cobrir apenas 28 por cento das obrigações de curto prazo, segundo a Fitch. A companhia não tem geração própria de caixa, apenas recebe das distribuidoras que são suas subsidiárias.


“A Celpa está continuamente buscando alternativas de possibilidade de capitalização para melhorar sua estrutura de capital ”, disse a FSB, assessoria de imprensa externa da Celpa, em resposta por e-mail.

Nada de ‘resgatar’

Os bônus da Rede Energia continuaram se desvalorizando após o pedido de recuperação judicial da Celpa em parte porque o governo tem demonstrado resistência em ajudar a empresa e suas unidades, disse Alfredo Viegas, diretor-gerente para mercados emergentes da Knight Capital.

A Eletrobras não vai “resgatar” a Celpa, disse o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, a repórteres em Brasília em 1 de março. A Agência Nacional de Energia Elétrica vai avaliar os aspectos jurídicos do pedido de recuperação judicial da Celpa antes de decidir sobre uma possível intervenção, disse Lobão.

A Aneel, o Ministério das Minas e Energia e o Ministério da Fazenda se recusaram a fazer comentários.

“À medida que o tempo passa e o governo federal não demonstra disposição para entrar, a probabilidade de a Rede Energia ser forçada a pedir recuperação judicial aumenta”, disse Viegas em entrevista por telefone de Greenwich, no Estado americano de Connecticut. “A maioria no mercado estava esperando uma reação rápida do governo federal, o que não estamos vendo.”

‘Drasticamente’

A Celpa disse em comunicado ao mercado em 28 de fevereiro que decisões recentes da Aneel afetaram “drasticamente” seus resultados. A Aneel disse em seu website em 6 de março que negou o pedido da Celpa para reajuste das tarifas de eletricidade em 20 por cento.

Luiz Campos, que ajuda a gerenciar US$ 800 milhões em dívida de mercados emergentes na Dinosaur Securities Inc., disse que mantém em carteira os bônus da Rede Energia por esperar que o governo dê apoio às empresas, elevando o valor de recuperação dos ativos.

“Nesses patamares, eu teria Rede Energia e Celpa porque acho que existe mais espaço para ganho do que para perda”, disse Campos em entrevista por telefone. “Não vemos muitas empresas dando calote. A Aneel e o governo vão encontrar uma solução para ambas.”

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Nova York - A Rede Energia SA, holding de nove distribuidoras de energia no Brasil, pode seguir o calote da Centrais Elétricas do Pará SA, que está em processo de recuperação judicial, de acordo com dados do mercado de dívida.

Os US$ 497 milhões em bônus perpétuos da Rede Energia estão sendo negociados a 52 por cento do valor de face, 5 pontos abaixo dos títulos da Celpa, de acordo com o Trace, sistema de informação de preços de títulos da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira. Os títulos da Rede Energia tiveram queda de 31,5 pontos desde 27 de fevereiro, um dia antes da Celpa entrar com pedido de recuperação judicial. Dívidas com nota de crédito CCC+ ou menos pela Fitch Ratings globalmente têm um preço médio de 89,28 por cento do valor de face, mostram os dados do Bank of America Corp.

Crescem as especulações de que a Rede Energia interrompa os pagamentos de suas dívidas enquanto o presidente do conselho, Jorge Queiroz de Moraes Jr., tenta encontrar um comprador para toda ou parte de sua fatia na companhia e o governo diz que não pretende resgatar a Celpa. A Fitch reduziu em 9 de março a nota de crédito da Rede Energia em dois níveis, para C, ou um grau acima do default, dizendo que a recuperação judicial da Celpa pode afetar a controladora no acesso ao crédito necessário para a rolagem de seu endividamento de curto prazo.

“É difícil dizer se em um dia, uma semana ou um mês, mas a probabilidade de default é muito, muito alta”, disse Mauro Storino, analista da Fitch, em entrevista por telefone em São Paulo. “A empresa ainda precisa rolar parte significativa de suas dívidas de curto prazo e seu acesso a crédito está fortemente reduzido.”

Alívio a credores

Os títulos da Rede Energia pagam 1.697 pontos-base, ou 16,97 pontos percentuais, a mais do que os papéis do governo brasileiro com vencimento em 2041, de acordo com o sistema Trace e dados compilados pela Bloomberg. Os bônus da empresa sediada em Belém do Pará se desvalorizaram até 54,25 pontos, para 50 por cento do valor de face, após o pedido de recuperação judicial. Desde então, o papel subiu sete pontos para 57 por cento do valor de face.

A Celpa, maior distribuidora de energia na região amazônica, buscou alívio junto aos credores após as tarifas fixas de eletricidade terem afetado o resultado final e seu endividamento disparou. A Rede Energia detém cerca de 65 por cento da Celpa, a maior de suas nove subsidiárias. O restante do capital está nas mãos da Centrais Elétricas Brasileiras SA.

A Rede Energia tinha cerca de R$ 2,6 bilhões em dívida de curto prazo ajustada em setembro e caixa suficiente para cobrir apenas 28 por cento das obrigações de curto prazo, segundo a Fitch. A companhia não tem geração própria de caixa, apenas recebe das distribuidoras que são suas subsidiárias.


“A Celpa está continuamente buscando alternativas de possibilidade de capitalização para melhorar sua estrutura de capital ”, disse a FSB, assessoria de imprensa externa da Celpa, em resposta por e-mail.

Nada de ‘resgatar’

Os bônus da Rede Energia continuaram se desvalorizando após o pedido de recuperação judicial da Celpa em parte porque o governo tem demonstrado resistência em ajudar a empresa e suas unidades, disse Alfredo Viegas, diretor-gerente para mercados emergentes da Knight Capital.

A Eletrobras não vai “resgatar” a Celpa, disse o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, a repórteres em Brasília em 1 de março. A Agência Nacional de Energia Elétrica vai avaliar os aspectos jurídicos do pedido de recuperação judicial da Celpa antes de decidir sobre uma possível intervenção, disse Lobão.

A Aneel, o Ministério das Minas e Energia e o Ministério da Fazenda se recusaram a fazer comentários.

“À medida que o tempo passa e o governo federal não demonstra disposição para entrar, a probabilidade de a Rede Energia ser forçada a pedir recuperação judicial aumenta”, disse Viegas em entrevista por telefone de Greenwich, no Estado americano de Connecticut. “A maioria no mercado estava esperando uma reação rápida do governo federal, o que não estamos vendo.”

‘Drasticamente’

A Celpa disse em comunicado ao mercado em 28 de fevereiro que decisões recentes da Aneel afetaram “drasticamente” seus resultados. A Aneel disse em seu website em 6 de março que negou o pedido da Celpa para reajuste das tarifas de eletricidade em 20 por cento.

Luiz Campos, que ajuda a gerenciar US$ 800 milhões em dívida de mercados emergentes na Dinosaur Securities Inc., disse que mantém em carteira os bônus da Rede Energia por esperar que o governo dê apoio às empresas, elevando o valor de recuperação dos ativos.

“Nesses patamares, eu teria Rede Energia e Celpa porque acho que existe mais espaço para ganho do que para perda”, disse Campos em entrevista por telefone. “Não vemos muitas empresas dando calote. A Aneel e o governo vão encontrar uma solução para ambas.”

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