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Receio com Dilma derruba títulos da dívida externa em dólar

Investidores acreditam que Dilma Rousseff não vai conter o crescimento do gasto público, nem a inflação

Dilma Rousseff nem assumiu o governo e os títulos da dívida externa em dólar caem (Valter Campanato/AGÊNCIA BRASIL)
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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2010 às 12h51.

São Paulo - Os títulos da dívida externa em dólar estão com o pior desempenho relativo a outros mercados emergentes desde outubro de 2009. Existe receio entre investidores de que a presidente eleita, Dilma Rousseff, não vai conter o crescimento do gasto público nem a inflação.

A queda de 1,7 por cento nos bônus brasileiros nos últimos 30 dias é a maior desde fevereiro e se compara a uma desvalorização média de 0,5 por cento para a dívida de nações em desenvolvimento, de acordo com o Índice EMBI+ do JPMorgan Chase & Co. As perdas cresceram desde que Dilma, 62 anos, venceu a eleição em 31 de outubro. Os títulos tiveram baixa de 1,3 por cento nas últimas duas semanas.

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O receio dos investidores sobre a habilidade de Dilma para controlar o déficit público aumentou após ela dizer na semana passada que vai ampliar os programas sociais e que pode subir o salário mínimo mais do que está previsto no orçamento do governo para 2011. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2012 disparou 23 pontos-base este mês, refletindo apostas de que o crescimento do gasto no governo Dilma vai alimentar a inflação e obrigar o Banco Central a elevar o juro básico.

“O mercado aguarda que Dilma divulgue uma plataforma macroeconômica mais clara”, disse Daniel Tenengauzer, estrategista-chefe de câmbio e juros para mercados emergentes do Bank of America Corp. em Nova York. “Há claramente um grau de preocupação sobre o risco fiscal adiante.”

A desvalorização nos títulos brasileiros é maior do que a perda de 0,1 por cento apurada no último mês para bônus especulativos de alto rendimento nos Estados Unidos, segundo os índices do Bank of America Merrill Lynch.

Disparada nos gastos

Dilma, ex-ministra-chefe da Casa Civil e sucessora escolhida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse a repórteres em 3 de novembro que avaliaria a possibilidade de elevar o salário mínimo dos atuais R$ 510 para mais de R$ 700 até 2014.

Lula aumentou os gastos em 27 por cento nos primeiros nove meses deste ano, ajudando a pressionar a inflação para acima do centro da meta de 4,5 por cento. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo aumentou para 5,2 por cento nos 12 meses até outubro, o ritmo mais acelerado desde maio, após uma alta de 4,7 por cento até setembro. A alta mensal de 0,75 por cento no IPCA de outubro foi maior do que a estimativa mediana de 0,67 por cento numa sondagem da Bloomberg com 41 economistas.

O déficit nominal aumentou para 3,4 por cento do Produto Interno Bruto em agosto, maior nível em cinco meses, e caiu para 2,4 por cento do PIB em setembro com a receita resultante da capitalização da Petroléo Brasileiro SA.

A presidente eleita disse em 3 de novembro que os governadores estão se mobilizando para criar novas fontes para financiar a saúde. Dilma disse que está disposta a discutir a questão. A maioria dos governadores apoia o relançamento da CPMF, disse O Estado de S. Paulo em 5 de novembro citando uma segundo uma pesquisa do próprio jornal.

Dilma prometeu continuar as políticas de Lula, mas “o status quo significa deterioração fiscal e há uma decepção porque não há mudança”, disse Vitali Meschoulam, estrategista do Morgan Stanley em Nova York.

E-mails e ligações feitas pela Bloomberg para a assessoria de imprensa da presidente eleita depois do horário comercial não foram respondidos.

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