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Real é a pior moeda do mundo em 2012 (e disparado)

Atuação do governo ajuda a explicar o desempenho da moeda brasileira

O real acumula, no ano, uma desvalorização de 8,08% em relação ao dólar (David Siqueira/Stock.xchng)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de agosto de 2012 às 13h51.

São Paulo – A crise econômica tem tido um efeito parecido sobre as moedas de vários países emergentes. Com a fuga do risco, os investidores têm saído desses mercados e procurado ativos mais seguros, como o dólar. O resultado é uma desvalorização em relação à moeda americana. No Brasil, contudo, esse fenômeno foi exacerbado pela atuação do governo no câmbio.

“O real é a moeda que mais perdeu frente ao dólar em 2012. E disparado. Enquanto muitas das moedas emergentes perderam fôlego frente à moeda norte-americana por conta da aversão ao risco global, o real segue se depreciando na marcha forçada do governo rumo à blindagem falha da economia”, explica o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito.

De acordo com os cálculos do economista, o real acumula, no ano, uma desvalorização de 8,08% em relação ao dólar. É um resultado bastante diferente do México, outro país emergente, cujo peso se apreciou 5,93% na comparação com a moeda americana. Para Perfeito, o governo pode ter ido longe demais nas medidas para desvalorizar o real com o objetivo de ajudar a indústria do país.

Gráfico comparativo de moedas contra o dólar em 2012 até agosto

"Quando o governo desvaloriza a moeda local ele emite um sinal sutil, mas poderosos, de que é melhor ficar 'vendido' em Brasil e comprado em outras moedas. Quem fez dívida em dólar porque acreditava que o Real continuaria forte por conta do crescimento econômico perdeu dinheiro”, ressalta o economista. Ele afirma ainda que a manipulação tem um “efeito irrisório” sobre o PIB (Produto Interno Bruto).

“Não adianta forçar a barra do setor externo, a conclusão óbvia é que estamos sós e teremos que criar as condições objetivas para podermos crescer e isto não passa pela manipulação da taxa de câmbio somente”, pontua. Segundo Perfeito, é difícil manter o otimismo de uma economia quando sua moeda, que é seu representante por excelência, fica fraca.

Por nossa culpa

Uma análise conduzida recentemente pela equipe do banco Citi também concluiu que a desvalorização do real ante o dólar foi exacerbada por fatores locais, além da crise financeira internacional. “A desvalorização do real foi (...) bem agressiva se comparada com a registrada por outras moedas latino-americanas. Isso nos levou a criar uma metodologia simples para determinar se os fatores por trás da oscilação da moeda no curto prazo são na realidade mundiais ou locais”, destacam os analistas Joaquin A. Cottani e Camilo Gonzalez.

“Os resultados do nosso exercício sugerem que quando se trata de movimentos de curto prazo das moedas de mercados emergentes, os fatores globais são altamente fundamentais (...). Entretanto, fatores locais e idiossincrasias podem superar as tendências globais caso mantidos por um período relativamente longo. No caso do real e da lira (Turquia), uma mudança estrutural na política é o provável culpado pelo desempenho inferior na comparação com as outras moedas de países emergentes”, afirmam.

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São Paulo – A crise econômica tem tido um efeito parecido sobre as moedas de vários países emergentes. Com a fuga do risco, os investidores têm saído desses mercados e procurado ativos mais seguros, como o dólar. O resultado é uma desvalorização em relação à moeda americana. No Brasil, contudo, esse fenômeno foi exacerbado pela atuação do governo no câmbio.

“O real é a moeda que mais perdeu frente ao dólar em 2012. E disparado. Enquanto muitas das moedas emergentes perderam fôlego frente à moeda norte-americana por conta da aversão ao risco global, o real segue se depreciando na marcha forçada do governo rumo à blindagem falha da economia”, explica o economista-chefe da Gradual Corretora, André Perfeito.

De acordo com os cálculos do economista, o real acumula, no ano, uma desvalorização de 8,08% em relação ao dólar. É um resultado bastante diferente do México, outro país emergente, cujo peso se apreciou 5,93% na comparação com a moeda americana. Para Perfeito, o governo pode ter ido longe demais nas medidas para desvalorizar o real com o objetivo de ajudar a indústria do país.

Gráfico comparativo de moedas contra o dólar em 2012 até agosto

"Quando o governo desvaloriza a moeda local ele emite um sinal sutil, mas poderosos, de que é melhor ficar 'vendido' em Brasil e comprado em outras moedas. Quem fez dívida em dólar porque acreditava que o Real continuaria forte por conta do crescimento econômico perdeu dinheiro”, ressalta o economista. Ele afirma ainda que a manipulação tem um “efeito irrisório” sobre o PIB (Produto Interno Bruto).

“Não adianta forçar a barra do setor externo, a conclusão óbvia é que estamos sós e teremos que criar as condições objetivas para podermos crescer e isto não passa pela manipulação da taxa de câmbio somente”, pontua. Segundo Perfeito, é difícil manter o otimismo de uma economia quando sua moeda, que é seu representante por excelência, fica fraca.

Por nossa culpa

Uma análise conduzida recentemente pela equipe do banco Citi também concluiu que a desvalorização do real ante o dólar foi exacerbada por fatores locais, além da crise financeira internacional. “A desvalorização do real foi (...) bem agressiva se comparada com a registrada por outras moedas latino-americanas. Isso nos levou a criar uma metodologia simples para determinar se os fatores por trás da oscilação da moeda no curto prazo são na realidade mundiais ou locais”, destacam os analistas Joaquin A. Cottani e Camilo Gonzalez.

“Os resultados do nosso exercício sugerem que quando se trata de movimentos de curto prazo das moedas de mercados emergentes, os fatores globais são altamente fundamentais (...). Entretanto, fatores locais e idiossincrasias podem superar as tendências globais caso mantidos por um período relativamente longo. No caso do real e da lira (Turquia), uma mudança estrutural na política é o provável culpado pelo desempenho inferior na comparação com as outras moedas de países emergentes”, afirmam.

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