Reação aos balanços de Ambev e Petrobras, retenção de dividendo, PIB e o que mais move o mercado
Expectativas de juros mais altos nos Estados Unidos derrubam bolsas internacionais; na Europa, inflação volta a surpreender
Repórter
Publicado em 2 de março de 2023 às 07h34.
Última atualização em 2 de março de 2023 às 10h44.
Bolsas internacionais operam em queda na manhã desta quinta-feira, com investidores precificando juros mais altos nos Estados Unidos. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano, que refletem as expectativas de juros futuros, avançam pelo terceiro dia seguido. O título com vencimento em 10 anos volta a ser negociado com rendimento acima de 4% pela primeira vez desde novembro.
Além de dados de inflação e atividade econômica fortes nos Estados Unidos, sinalizações de membros do Federal Reserve alimentam as expectativas de juros mais altos no país. Em declaração feita na véspera, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que estaria "aberto à possibilidade" de uma elevação mais dura na decisão de juros deste mês. No mercado, investidores se dividem quanto ao tamanho do ajuste, entre 0,25 e 0,50 ponto percentual.
Inflação supera consenso na Europa
Dados de inflação divulgados nesta manhã na Europa também contribuem para a maior cautela no mercado internacional. Na Zona do Euro, o Índice de Preço ao Consumidor (IPC) saiu acima do esperado para o mês de fevereiro, com alta anual de 8,5% ante consenso de desaceleração do patamar anterior de 8,6% para 8,2%. Já o núcleo do IPC acelerou de 5,3% para 5,6% contra a projeção de manutenção do patamar anterior.
Desempenho dos indicadores às 7h45 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): + 0,09%
- S&P 500 futuro (Nova York): - 0,51%
- Nasdaq futuro (Nova York): - 0,72%
- FTSE 100 (Londres): - 0,32%
- DAX (Frankfurt): -0,52%
- CAC 40 (Paris): - 0,49%
- Hang Seng (Hong Kong)*: - 0,92%
PIB do Brasil
No Brasil, o principal dado do dia será o PIB do quarto trimestre. A expectativa do mercado é alta anual de 2,2%, mas com uma contração de 0,2% em relação ao trimestre anterior.
Resultado robusto da Petrobras
No radar do mercado local, ainda estão os últimos resultados da temporada de balanços. Um dos mais aguardados, o da Petrobras (PETR4) foi apresentado na última noite. A estatal registrou R$ 43,34 bilhões de lucro líquido no período, 37,6% a mais do que o apresentado no quarto trimestre de 2021.Os números também ficaram acima do consenso Refinitv, de R$ 37,61 bilhões. Com isso, a estatal fechou o ano com lucro recorde de R$ 188,32 bilhões.
Dividendos e retenção
A Petrobras ainda anunciou dividendos robustos de R$ 35,8 bilhões referente ao resultado do quarto trimestre. O valor a ser distribuído por ação será de R$ 2,746 dividido em duas parcelas iguais. A soma de toda a distribuição referente ao exercício do ano passado ficou em R$ 215,8 bilhões.
O Conselho da Petrobras, no entanto, sugeriu a retenção de R$ 0,498 por ação para a criação de uma reserva estatutária em forma de lei. A criação de uma reserva faz parte de um desejo já antigo de seu atual CEO, Jean Paul Prates, em montar um fundo de estabilização de preços, para reduzir os efeitos da volatilidade do petróleo nos preços para o consumidor final. O que de fato será essa reserva, no entanto, ainda não foi explicado.
Prates deverá contar mais detalhes sobre o resultado e os planos de criação da reserva em conversa com investidores nesta manhã. No período da tarde, o presidente da estatal fará uma coletiva de imprensa para esclarecer os pontos à sociedade.
Alta de lucros na Ambev
Além do balanço da Petrobras, outro bastante aguardado era o da Ambev (ABEV3), divulgado nesta manhã. A cervejaria teve alta de 38% em seu lucro líquido do quarto trimestre para R$ 4,97 bilhões. Maior rentabilidade e menor alíquota de impostos contribuíram para o resultado. O volume de vendas cresceu 1,5% para 52,17 milhões de hectolitros.
Outros balanços
Vulcabras (VULC3), Marfrig (MRFG3) e PetroRio (PRIO3) também apresentaram seus respectivos balanços na última noite. Nesta quinta são aguardados os balanços da Zamp (ZAMP3) e Alupar (ALUP11)
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