Na onda de fusões e aquisições que se viu nos últimos anos - muitas estimuladas pelos juros em patamares mais baixos e o excesso de liquidez nos mercados -, muitas empresas foram às compras, mas agora sofrem para incorporar os novos negócios às suas estruturas. Não se pode, no entanto, dizer isso da chegada da Reserva à Arezzo seja um desses casos.

Comprada em outubro de 2020, a marca de moda casual masculina, fez a até então calçadista colocar os pés no vestuário, expandir e virar Arezzo &Co. Hoje, a divisão criada com incoporação da Reserva já responde cerca de um quarto do faturamento do grupo. 

"Modelos de negócios diferentes trazem muito risco para M&A e a enorme maioria não dá certo. O que eu aprendi no nosso caso, é que essas diferenças geram valor para o negócio. Um aprende com o outro quando se é complementar", diz Rony Meisler, fundador da Reserva e CEO da AR&Co, em entrevista à EXAME Invest. 

A AR&Co é a estrutura, dentro da Arezzo &Co, que reúne quase todo o braço de vestuário do grupo. Lá estão todas as marcas Reserva, como a Reserva Mini, Reserva Oficina, Reserva Simples ou a Reversa,e também a BAW, marca de street wear cuja compra foi tocada por Meisler depois da incorporação de sua empresa pelo grupo. Não entram, no entanto, Carol Bassi e a operação de vestuário da Schutz, embora haja trocas.

Em 2022, a AR&Co faturou R$ 1,2 bilhão, um aumento de 56% sobre o ano de 2021. Quando o negócio foi incorporado a receita bruta respondia a cerca de 10% do que o grupo faturava, hoje responde por 26% da receita bruta do grupo no mercado interno. Em 2022, a Arezzo &Co faturou R$ 5,2 bilhões (incluindo mercado externo), um número recorde e 43% mais do que um ano antes, levando a receita líquida do ano a R$ 4,3 bilhões, 48% maior que em 2021. O lucro líquido cresceu 23%, para R$ 422 milhões.

Segundo Meisler, a experiência da Arezzo com a rede de franqueados e o canal multimarcas trouxe para a Reserva, por exemplo, muito conhecimento de sell in. Por sua vez, a forte atuação da Reserva nos canais digitas fortaleceu o grupo justamente no momento mais desafiador para o varejo físico, que foi a pandemia da covid-19 e suas medidas de isolamento.

"Vamos sempre respeitando as diferenças e independências, mas sabendo trocar e aprender um com o outro", diz Meisler sobre sua relação com Alexandre Birman, CEO da Arezzo e filho do fundador do grupo. 

Em 2022, conta Meisler, a empresa deu continuidade a seu plano estratégico estabelecido quando entrou no grupo Arezzo &Co. Lançou mais marcas e serviços, como a carteira digital e o app em 2022, que já representam 20% da venda da AR&Co. Também ampliou alguns serviços, como o de estamparias sob demanda. Hoje o Reserva Ink, por exemplo, já tem 4 mil sellers vendendo produtos da Reserva com suas marcas e estampas próprias. 

Houve ainda investimentos em marcas da Reserva que foram criadas ou começaram a criar mais corpo após a chegada à Arezzo, como a marca feminina Reversa e a de vestuário infantil Reserva Mini. Além isso, diz o executivo, mais categorias foram criadas, o que impulsionou a geração de receita. Em 2023, um dos lançamentos será uma coleção da Reserva para pets.

"Estamos muito bem. Acho que em 2023, por conta do contexto macro, temos que continuar fazendo o que estamos fazendo. Somos muito rápidos para lidar com o cenário", diz Meisler, destacando que apesar da postura cautelosa da Arezzo, os investimentos em expansão devem continuar. A meta da AR&Co é abrir 40 lojas neste ano.