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Queda de títulos da dívida revive pânico pré-Lula em 2002

Cresce o receio entre investidores de que o governo Dilma seja um retrocesso em relação ao governo Lula


	A administração de Dilma Rousseff está tentando reativar o crescimento econômico, que desaqueceu durante dois anos consecutivos, passando de 7,6 por cento em 2010 a 0,9 por cento em 2012
 (Antonio Cruz/ABr)

A administração de Dilma Rousseff está tentando reativar o crescimento econômico, que desaqueceu durante dois anos consecutivos, passando de 7,6 por cento em 2010 a 0,9 por cento em 2012 (Antonio Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2013 às 13h20.

São Paulo – Os títulos da dívida externa brasileira denominados em dólar acumulam queda de 7,55 por cento desde o fim de março, a maior perda desde o recuo de 16 por cento no terceiro trimestre de 2002 que antecedeu a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.

A queda se compara à perda média de 6,15 por cento no mesmo período para papéis de países com ratings triplo B, segundo dados do Bank of America.

Cresce o receio entre investidores de que o governo Dilma seja um retrocesso em relação ao governo Lula, que tinha superado o ceticismo inicial dos investidores em bônus para obter o primeiro grau de investimento da história do país em 2008.

Agora, a inflação supera 6,5 por cento, o teto da meta, e o país enfrenta um potencial corte de crédito e os maiores protestos em mais de duas décadas enquanto aumenta a especulação de que a Reserva Federal americana reduzirá a compra de títulos sem precedentes que levou os investidores aos mercados emergentes de maior rendimento.

“As coisas não estavam bem e o Fed piorou tudo”, disse Paulo Vieira da Cunha, sócio da Tandem Global Management LP e ex-diretor do banco central em entrevista por telefone de Nova York. “De repente, aparece a perspectiva de pagar muito mais para tomar empréstimos no exterior. Isso pegou o Brasil com a defesa totalmente baixa”.

A nota de crédito do país foi colocada em perspectiva negativa pela S&P em 6 de junho por causa do crescimento desaquecido, das contas fiscais em baixa e da perda de credibilidade perante os investidores. Em 2008, a S&P elevou o rating para triplo B-, o menor grau de investimento, subindo para o atual triplo B em novembro de 2011, quase no final no primeiro ano de governo de Dilma.

Crescimento desaquecido

A administração de Dilma Rousseff está tentando reativar o crescimento econômico, que desaqueceu durante dois anos consecutivos, passando de 7,6 por cento em 2010 a 0,9 por cento em 2012. Ontem, o banco central reduziu seu prognóstico de crescimento para 2013 a 2,7 por cento; em março, a projeção era de 3,1 por cento.

Os protestos, que já levaram às ruas mais de 1 milhão de pessoas, começaram há três semanas contra um aumento no transporte público e se expandiram à medida que os manifestantes começaram a reclamar contra a corrupção e a pedir melhor saúde e educação. O crescimento do PIB é o menor em mais de 10 anos.

O Ministério da Fazenda se recusou a comentar o desempenho dos títulos e a confiança dos investidores.

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