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Queda das “Trump Towers” ameaça levar junto Ibovespa, diz Mirae

Nos Estados Unidos, há sinais claríssimos de que um aperto monetário está a caminho

Bovespa: há estimativas de que o juro americano deve ir para 3% ao ano, o que trará vendas maciças na bolsa e nos mercados de títulos privados (Dado Galdieri/Bloomberg)

Bovespa: há estimativas de que o juro americano deve ir para 3% ao ano, o que trará vendas maciças na bolsa e nos mercados de títulos privados (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 14h34.

O Índice Bovespa está em suas máximas históricas, perto dos 70 mil pontos, em meio a uma onda de otimismo que se alastra pelo mundo, graças em parte ao excesso de dinheiro jogado nos mercados pelos bancos centrais dos países desenvolvidos para combater a recessão.

Mas, mesmo com o mundo bastante líquido e os EUA liderando, a bolsa brasileira pode eventualmente ter uma realização de lucros , derrubada por mercados internacionais e, localmente, pela economia fragilizada, que convive ainda com um dos maiores juros reais de sua história, algo que ninguém está falando ainda e é bastante preocupante, e um PIB que tem chances de ser negativo novamente. O alerta é de Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operações da Corretora Mirae.

Nos Estados Unidos, os sinais claríssimos de que um aperto monetário está a caminho (e a passos largos) devem trazer realização de lucros nas bolsas, que não se cansam de bater novos recordes, com direito a apelidos majestosos como “Trump Towers”, referência aos três principais índices, Standard & Poor’s 500, Dow Jones e Nasdaq.

“A situação se resume basicamente ao seguinte: durante o Quantitactive Easing (QE, programa de recompra de papéis dos bancos promovido pelo Federal Reserve, banco central americano para estimular a economia), os EUA imprimiram US$ 4 trilhões”, afirma Spyer.

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A presidente do Fed, Janet Yellen, já vem avisando (e seus antecessores também) da necessidade de diminuir o déficit do banco. “A questão é que, a cada dia que passa, estamos mais próximos do começo do “recolhimento do dinheiro” , que será feito pela alta de juros”, diz Spyer.

Há estimativas de que o juro americano deve ir para 3% ao ano, o que trará vendas maciças na bolsa e nos mercados de títulos privados (que é onde boa parte desses US$ 4 trilhões estão alocados, alerta Spyer. “E uma queda das “Trump Towers” traria consequências fortes para a bolsa do Brasil.”

No cenário local, a Selic de 13% ao ano menos uma inflação de 4,5% esperada pelo mercado representa um juro real de 8,5% ao ano. Ou pior, pois a inflação anualizada em alguns meses pode ficar perto de zero. Ou seja, um juro real de mais de 10% ao ano. “Isso machuca a economia real.”

Segundo Spyer, a exuberância exagerada da bolsa não tem refletido a economia real, que sofre com alta inadimplência, devolução de imóveis a taxas nunca vistas, investimento baixo, gastos governamentais limitados (teto do orçamento) e consumo aos frangalhos devido ao alto desemprego.

“O PIB tem sido ajudado por todos nós do país e do governo, mas a economia real parece estar falando mais alto”, avalia Spyer. “Os resultados das empresas virão e nos mostrarão uma foto mais clara da situação”, diz.

Caso a situação esteja um pouco melhor, a realização de lucros da bolsa pode ser mais fraca no caso dos EUA começarem a cair. Mas o investidor deve estar preparado.

Texto originalmente publicado na Arena do Pavini.

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