Nas últimas semanas, a pressão dos mercados sobre o país desceu significativamente (Marcel Salim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2011 às 10h06.
Lisboa - Portugal voltou a pagar nesta quarta-feira quase 5% de juro para colocar 1,157 bilhão de euros em letras para três e seis meses, em linha com a rentabilidade exigida pelos investidores desde o acordo de resgate em maio.
Pelos dados publicados pelo Tesouro luso, o Estado ganhou 985 milhões de euros em dívida com vencimento para três meses em troca de juro de 4,854%, um décimo menos que a emissão de 3 de agosto, quando foi de 4,967%.
Em letras para seis meses, Portugal vendeu 172 milhões de euros ao juro de 4,989%, três centésimos acima do leilão anterior, de 20 de julho, quando a rentabilidade exigida foi de 4,96%.
Desta forma, Portugal chegou perto de colocar o montante máximo de sua emissão, estabelecido em 1,250 bilhão de euros.
A demanda para adquirir títulos para seis meses foi sete vezes superior à oferta, praticamente o dobro do que na emissão anterior, enquanto para três meses foi multiplicada por 1,8, quase um terço abaixo do que a última vez.
Os dados registrados nesta emissão refletem de novo como ficou mais caro o acesso a financiamento em Portugal, um ano atrás o juro era cinco vezes menor (exatamente do 0,994%) que o desta quarta-feira para colocar 775 milhões de euros em letras para três meses. A seis meses, o juro para o ganho de 660 milhões de euros no início de agosto de 2010 era de 1,96%.
Precisamente esta dificuldade para acessar a liquidez, derivada da pressão que exerciam os mercados sobre a dívida lusa, levou Portugal a solicitar em abril o resgate financeiro à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional, acordado um mês depois em 78 bilhões de euros.
O pedido de ajuda externa não evitou novo aumento dos juros cobrados pelos títulos lusos no mercado secundário - onde são negociados os papéis em leilões públicos - depois que a agência Moody's decidisse diminuir a classificação de Portugal em nível do "bônus lixo", o que levou novamente a bater máximos históricos ao longo de julho.
Nas últimas semanas, no entanto, a pressão dos mercados sobre o país desceu significativamente e nesta quarta-feira os títulos para dez anos - utilizados como referência - eram negociados ao juro de 10,48%, distante dos 13% que ultrapassaram há pouco mais de um mês.