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Por que o Itaú BBA está cauteloso com a bolsa?

Cenário global e doméstico incerto vai atrapalhar o crescimento dos investimentos no país

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 09h01.

São Paulo - A Bovespa abriu 2013 em forte alta e encerrou o primeiro pregão do ano, na última quarta-feira, no maior nível de fechamento desde abril de 2012, influenciada pelo otimismo após o acordo nos Estados Unidos para evitar o abismo fiscal. A alta em um dia chegou a 2,85%. Apesar da animação inicial, os analistas do Itaú BBA estão cautelosos quanto à recuperação da bolsa brasileira em 2013. 

Carlos Constantini, Susana Salaru e Pedro Luz Maia, que assinam a análise, enxergam problemas nos fundamentos no curto prazo, principalmente na formação bruta de capital fixo e investimento.

“Continuamos vendo grandes desafios para as ações brasileiras no curto prazo e mantemos uma carteira recomendada relativamente defensiva”, dizem no relatório. Eles reconhecem que podem ser passados para trás pelos fluxos, mas reforçam a preferência por errar por excesso de cautela e se ater aos fundamentos.

Na opinião do banco, “o impulso dos lucros é fraco, as avaliações não estão baratas (particularmente para ações de empresas cíclicas voltadas para o mercado doméstico) e a perspectiva macroeconômica segue nebulosa, pelo menos da perspectiva do investimento”. 

Investimentos

O primeiro ponto levantado pelos analistas é de um crescimento dos investimentos menor do que o esperado – e necessário. A equipe de pesquisa macroeconômica do Itaú BBA prevê 3,5% de crescimento nos investimentos, o que representa aumento para 17,6% do PIB de 2013.

A alavancada nos investimentos pode ser atribuída aos estímulos do governo federal, como a queda dos juros e os incentivos mais diretos a determinadas áreas, como a de infraestrutura. Ainda assim, os analistas acreditam que diversos indícios apontam para a não materialização dos investimentos no curto prazo. 


“Vemos grandes projetos do setor privado sendo discutidos, reduzidos ou ajustados para uma expectativa de crescimento menor devido às condições globais e domésticas”, explicam. Carlos, Susana e Pedro destacam que os setores mais afetados são: automotivo, agronegócio, logística, eletricidade e saneamento e bens de capital.

Além disso, nos projetos grandes, como os de usinas elétricas e de outras obras de infraestrutura, o que se vê é um progresso lento por conta dos procedimentos legais envolvidos na obtenção de licenças e em relação às exigências do Ministério Público. Sem essas aprovações, o financiamento para esses projetos fica mais difícil já que a legislação brasileira considera os intermediadores financeiros co-responsáveis em caso de problemas ambientais. 

Os analistas ressaltam que os projetos de infraestrutura anunciados pelo governo federal, como as rodovias pedagiadas, que já estão prontas para começar seriam a exceção ao cenário desanimador de investimentos. No entanto, o Itaú aponta que um estudo publicado recentemente pelo próprio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), estima aumento dos investimentos em infraestrutura (fora o setor petrolífero) de 2,23% do PIB entre 2001 e 2010 para 2,33% entre 2011 e 2014.

Outro ponto de preocupação são os gastos de capital. Segundo os analistas, a formação bruta de capital fixo é a principal variável a ser monitorada, mas eles levaram em conta também o gasto de capital como referência para os investimentos em 2013.

A conclusão: 2012 foi um ano difícil para grande parte das empresas (de capital aberto ou fechado). Embora a receita tenha tido um pequeno crescimento, o fluxo de caixa livre gerado internamente encolheu entre 10% e 12%, de forma generalizada. 

“Com a margem bruta pressionada, as empresas enfrentaram menor potencial de alavancagem”, explicam os analistas, isso porque a concessão de crédito costuma ser baseada em múltiplos dívida líquida/Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

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