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Por que o discurso de Lula não mexeu com a Bolsa

Com mercado de olho na discussão da PEC Emergencial, o primeiro pronunciamento do ex-presidente após anulação de condenações aparentemente não mexeu nos ativos; o Ibovespa sobe 1,2% nesta tarde

 (Victor Moriyama/Getty Images)

(Victor Moriyama/Getty Images)

PB

Paula Barra

Publicado em 10 de março de 2021 às 16h31.

Última atualização em 11 de março de 2021 às 06h59.

Apesar dos ânimos exaltados do mercado na última segunda-feira, quando a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), abriu o caminho para Luiz Inácio Lula da Silva disputar a eleição de 2022 (e levou, naquele dia, o Ibovespa para uma queda de 4%). Nesta quarta-feira, 10, o primeiro discurso do ex-presidente após anulação de condenações, embora acompanhado com atenção pelos investidores, parece não ter feito preço na Bolsa.

Às 17h05, horário de Brasília, o principal índice do mercado brasileiro registrava alta de 1,17%, em 112.644 pontos.

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"Com o cenário mais precificado em relação aos riscos envolvidos, o mercado aguardou o discurso de Lula para poder ver se haveria algo realmente novo, mas como não houve nada muito impactante, que pudesse movimentar os preços dos ativos, a reação foi neutra. O foco maior e, aí assim de peso hoje, é a votação da PEC Emergencial. Isso sim gerou uma maior volatilidade no mercado", disse Marcio Loréga, analista técnico da Ativa Investimentos.

Nesta tarde, o Ibovespa chegou a recuar 1,2%, indo para 109.343 pontos, com preocupações sobre desitratação do texto na Câmara, mas notícia de que o plenário da Casa rejeitou o destaque da PEC que derrubaria todos os gatilhos fiscais de congelamento de salários de servidores e outras despesas do governo levaram o índice novamente para o positivo.

"O mercado resolveu voltar as atenções para aquilo que está mais tangível, como a discussão da PEC aqui. O risco político existe, mas talvez ainda esteja muito cedo para precificar algo mais relevante, ainda tem muita água para passar por debaixo da ponte até 2022", comentou o analista-chefe de renda variável da Exame Invest Pro, Bruno Lima.

Na mesma linha, o estrategista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, comentou que a PEC Emergencial é a questão central hoje. "Acho que o fator Lula limita a alta mas não derruba os ativos agora. Não tem porque investir tanto em Brasil, dado a incerteza eleitoral, mas o foco agora ainda não é esse", comentou.

Além disso, Cruz apontou que o mercado reagiu bem nesta tarde à aprovação do pacote de estímulos de 1,9 trilhão de dólares na Câmara dos Estados Unidos, que agora deve ser assinado pelo presidente americano, Joe Biden, na próxima sexta-feira.

"Não é um pacote qualquer. Estamos falando de um grande estímulo na maior economia do mundo. A OCDE já revisou de 3,2% para 6,5% a projeção de crescimento da economia dos EUA em 2021. Somando o momento de reabertura do país com um pacote massivo, teremos um aquecimento forte da economia americana", comentou.

Para o Brasil, ele explica que isso também pode significar um impulso na atividade via contas externas. "Os EUA são nosso segundo principal parceiro comercial, o que demonstra o potencial que uma economia americana sobreaquecida pode representar para o país".

Olhando mais para frente, Loréga disse que é importante ver como o Ibovespa vai se comportar nos próximos pregões diante das questões internas, com cenário político tumultuado, pressões inflacionárias e a situação fiscal, que empurraram o índice dos 125 mil pontos no começo de janeiro para a região de 110 mil / 111 mil pontos.

Graficamente falando, ele aponta que é importante que o Ibovespa não perca essa região dos 110 mil pontos, uma vez que abriria caminho para uma queda até os 107 mil pontos. "Esse é o suporte mais recente e praticamente o último alicerce antes dos 100 mil pontos, que seria ainda mais penalizador para o mercado", comentou.

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