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Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

A Gavekal Research aponta riscos de falsificação do mercado e benefícios de uma abordagem passiva

Gavekal: s estímulos geralmente favorecem decisões ruins (Leandro Fonseca/Exame)

Gavekal: s estímulos geralmente favorecem decisões ruins (Leandro Fonseca/Exame)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora de Finanças

Publicado em 23 de novembro de 2024 às 08h22.

A China não deveria estimular a economia, segundo Charles Gave, fundador da Gavekal Research. Gave enfatiza que o desapontamento com o pacote fiscal chinês reflete a crença generalizada de que o governo deve agir para promover uma recuperação econômica. No entanto, ele questiona essa abordagem.

“Qual seria o objetivo real do estímulo?”, pergunta Gave. Para ele, os estímulos geralmente favorecem decisões ruins, como o socorro a investidores imprudentes, penalizando quem adota posturas mais cautelosas. Essa dinâmica cria preços artificiais no sistema econômico, comprometendo a criação de valor. “Basta olhar para os resultados históricos da Argentina”, aponta o economista.

A deflação e o futuro econômico da China

Nos últimos 10 anos, a China esteve em um quadrante de quebra deflacionária, caracterizado por baixa inflação e melhor desempenho dos títulos em relação às ações. Ainda assim, ao contrário de outros países que enfrentaram cenários semelhantes, como os EUA nos anos 1930, os bancos chineses não entraram em colapso.

Para Gave, isso pode ser explicado pela continuidade na criação de crédito, como demonstrado pelo aumento dos empréstimos industriais. Essa situação indica que a China pode permanecer em uma quebra deflacionária ou transitar para um boom deflacionário, um cenário historicamente associado a grandes mercados de alta.

A China pode estar à beira de um boom inflacionário

Verde: indicadores anteriores aos da OCDE para China, Indonésia, Japão e Coreia mostram um impulso positivo nos próximos três meses

Gavekal

Os cenários possíveis para o investidor

Caso o governo chinês permaneça inerte, dois desfechos são possíveis para os investidores:

  • Coletar dividendos que aumentam em poder de compra, mantendo seu padrão de vida.
  • Obter lucros significativos caso ocorra um boom deflacionário.

Gave destaca que, com o custo do dinheiro caindo abaixo do retorno sobre o capital investido, a transição para o quadrante de boom deflacionário já pode estar em andamento. Indicadores da OCDE para as maiores economias asiáticas sugerem um impulso positivo, sinalizando que a região pode estar entrando nesse boom.

Os investidores devem estar atentos: vender títulos e investir em ações pode ser a estratégia mais lucrativa neste cenário promissor.

A abordagem passiva do governo chinês pode, portanto, ser mais vantajosa do que qualquer estímulo ativo.

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