Aviação: a Gol e a Azul foram as maiores perdedoras, com títulos de dívida externos caindo até 25% no último mês (David McNew/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 25 de julho de 2022 às 12h51.
A subida implacável do dólar virou uma dor de cabeça para os detentores de títulos de dívida de companhias aéreas latino-americanas.
Bonds denominados em dólares de operadoras da região lideraram perdas no setor no último mês, em meio a uma forte desvalorização das moedas da região frente ao dólar. Não só ficou mais caro viajar para o exterior, como o custo do serviço da dívida aumentou para as companhias aéreas. A fraqueza das moedas foi suficiente para compensar uma queda modesta do petróleo, que ainda registra alta de mais de 30% nos últimos 12 meses, e um aumento da demanda que lotou aeroportos em todo o mundo.
A Gol e a Azul foram as maiores perdedoras, com títulos de dívida externos caindo até 25% no último mês. Elas também tiveram os piores desempenhos entre os bonds corporativos em dólares do país. O real caiu cerca de 3% em relação ao dólar nesse período, aproximando-se de apagar os ganhos acumulados no ano, que chegaram a ser os maiores do mundo. As moedas dos mercados emergentes estão sob pressão em meio às previsões de uma recessão global à frente.
“O sentimento é péssimo”, disse Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management. “Fraqueza de moedas, dívida em dólar, custos mais altos de combustível e desaceleração econômica são uma receita para um voo turbulento à frente.”
Em outros países da região, a Aeroméxico e a Avianca também tiveram desempenho inferior à média dos pares globais. Os títulos em dólar da aérea mexicana com vencimento em 2027 caíram 4,9%, enquanto os da colombiana com vencimento em 2028 caíram 3,7%, ante queda média de 0,7% na dívida de companhias aéreas globais, segundo dados compilados pela Bloomberg.
As companhias aéreas acumularam enormes perdas durante a pandemia, pois foram forçadas a estacionar frotas devido a lockdowns e queda na demanda. Três das maiores aéreas da região, incluindo a Avianca, entraram com pedido de falência. Em maio, a Avianca e a Gol disseram que se uniriam sob uma estrutura comum chamada Abra Group.
À medida que as restrições de mobilidade diminuíram, a demanda por viagens aéreas disparou e os títulos de aéreas se recuperaram. As dívidas em dólares da Gol e da Azul quase apagaram as perdas da pandemia e se mantiveram estáveis durante a maior parte de 2021, até cairem novamente nos últimos meses, à medida que as preocupações com o crescimento aumentaram e as moedas latino-americanas se desvalorizaram.