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Petróleo cai 7% e devolve calmaria ao Ibovespa e dólar

Após atingir maior alta diária em 30 anos, Brent desvalorizou a 64 dólares por barril e proporcionou um dia de calmaria aos mercados

Petróleo (Benjamin Lowy/Getty Images)

Petróleo (Benjamin Lowy/Getty Images)

TL

Tais Laporta

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 16h14.

Última atualização em 17 de setembro de 2019 às 17h23.

A cotação do petróleo tipo Brent recuou com força nesta terça-feira (17), revertendo parte da forte valorização da véspera e ajudando a acalmar os mercados globais. Os contratos futuros da commodity negociados em Londres mostraram um recuo de 6,98% por volta das 16h15 (horário de Brasília), a 64,22 dólares.

O Brent disparou perto de 15% na segunda-feira – seu maior ganho diário em mais de 30 anos. A alta foi um efeito direto do corte de produção da commodity na Arábia Saudita após os ataques a refinaria da Saudi Aramco no final de semana, o que levaria a uma redução de 5% da oferta mundial.

A queda foi acentuada após o ministro de Energia saudita anunciar que a oferta do país foi totalmente retomada após os ataques no final de semana que interromperem metade da produção.

O príncipe Abdulaziz bin Salman acrescentou que o reino atingirá capacidade de 11 milhões de barris por dia (bpd) até o final de setembro e de 12 milhões de bpd até o final de novembro. Ele disse que a Arábia Saudita seguirá com seu papel de fornecedora segura dos mercados mundiais de petróleo.

Também hoje, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse não ver necessidade de liberar petróleo da reserva estratégica dos EUA após os ataques a instalações na Arábia Saudita, alegando que os preços da commodity não subiram muito. "Não acho que precisamos disso", afirmou a repórteres.

Bolsa brasileira sobe, apesar de Petrobras

Recuperado da fraqueza no início do dia, o Ibovespa mostrou vigor, mesmo com a pressão negativa da Petrobras. Assim como outras petroleiras, a estatal brasileira sofreu o revés da queda do petróleo, anulando parte dos ganhos na sessão anterior. O principal índice da bolsa fechou em alta de 0,90%, a 104.616 pontos.

As açés da Petrobras recuaram em torno de 1,6% nas ordinárias (ON) e preferenciais (PN), após uma valorização de mais de 4% na sessão anterior. Na noite de segunda, a companhia informou que vai continuar observando o comportamento do petróleo no mercado internacional até decidir se revisa os preços dos seus derivados no Brasil.

Segundo analistas, a postura da estatal não agradou os investidores, embora ela tenha deixado claro que lançaria mão do hedge de petróleo (proteção contra variações bruscas de preços) sempre que necessário.

"A Petrobras não tem um prazo para determinar os preços. Se ela quiser vender suas refinarias, tem que sinalizar que possui uma política de preços ao futuro comprador", disse a EXAME o economista-chefe da Necton, André Perfeito.

Os índices de Wall Street avançaram nesta terça-feira, com a redução do impacto dos ataques à maior refinaria de petróleo da Arábia Saudita. O Dow Jones subiu 0,12%, a 27.108,29 pontos, enquanto o S&P 500 subiu 0,25%, para 3.005,45 pontos.

Outros destaques do dia

A construtora MRV liderou os ganhos do Ibovespa, com alta acima de 6%. Após críticas e uma forte desvalorização dos papéis, a companhia desistiu do processo de investir na empresa norte-americana AHS, alegando que vai primeiro ouvir a opinião dos acionistas a respeito da controversa proposta anunciada no início do mês.

As companhias aéreas Azul e Gol subiram quase 4% e quase 6%, respectivamente, recuperando-se das fortes perdas na véspera. As duas empresas sofreram diante do salto nas cotações do petróleo. Ambas possuem cerca de 30% de seu custo operacional atrelado aos preços da comoditty no mercado internacional.

No exterior, as ações da Kraft Heinz figuraram entre os destaques após caírem  4% mais cedo. A baixa foi uma reação à notícia de que o segundo maior investidor da companhia de alimentos, 3G Capital, decidiu vender 25 milhões de papéis no mercado com desconto. A operação movimentou 712,95 milhões de dólares e reduziu a participação da gestora de Paulo Lemann de 22,14% para 20,1%. 

Já o dólar recuou contra o real, após oscilar entre altas e baixas. A cotação fechou em queda de 0,31%, a 4,078 reais na venda. A moeda reagiu ao alívio proporcionado pela Arábia Saudita, enquanto o mercado se prepara para a decisão de política monetária do Federal Reserve amanhã. As apostas majoritárias dão conta de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros americanos.

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