Petrobras (PETR4) segue na mira do governo mesmo após renúncia do CEO; ações caem
CPI não está descartada e Lira pede a alteração da Lei das Estatais via medida provisória
Beatriz Quesada
Publicado em 21 de junho de 2022 às 09h19.
Última atualização em 21 de junho de 2022 às 14h44.
A Petrobras (PETR3/PETR4) segue na mira do governo mesmo após a renúncia do presidente José Mauro Coelho. O CEO pediu demissão ontem, reagindo à pressão do governo para que a estatal segure a alta nos preços dos combustíveis. A saída de Mauro Coelho aliviou momentaneamente a tensão entre governo e Petrobras, e as ações encerraram o dia em alta.
No entanto, a situação não está pacificada e os reflexos podem ser sentidos nos papéis da empresa. As ações da Petrobras operam em queda após o governo realizar novas ofensivas contra a estatal.
- Petrobras (PETR3): - 1,23%
- Petrobras (PETR4): - 2,32%
O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Petrobras, mesmo após a renúncia do CEO da estatal. Em conversa com apoiadores na noite de ontem, Bolsonaro reiterou que os preços praticados pela empresa são “um abuso”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, endossou as críticas e afirmou que já estão sendo recolhidas assinaturas para abertura da CPI.
Após reunião com líderes partidários para debater a situação, Lira defendeu ainda uma alteração na lei das estatais por medida provisória para aumentar o alinhamento entre conselheiros e União. A crítica está direcionada às alterações na norma implementadas em 2016, na esteira da Operação Lava-Jato, para impedir a interferência política na empresa.
Também foi cogitado um mecanismo para privatizar a Petrobras, retirando do governo a responsabilidade pela alta dos combustíveis. Segundo o Valor, o governo avalia propor a conversão das ações preferenciais da estatal em ordinárias permitindo, assim, que a União deixe de ser acionista controladora da empresa. A proposta é defendida pelo presidente Bolsonaro e pelos ministros da Economia, Paulo Guedes, e de Minas e Energia, Adolfo Sachsida. A reportagem aponta, contudo, que há resistências ao projeto no Congresso e que o assunto não foi ainda debatido pelos líderes partidários.
O embate entre o governo e a Petrobras ganhou força na última quinta-feira, quando a estatal anunciou reajuste de 14% no preço do diesel e 5% no da gasolina, a despeito do pedido do governo para que o aumento fosse adiado. A decisão culminou com a saída de Mauro Coelho do comando da estatal, agora presidida interinamente por Fernando Borges.
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