Mercados

Perda da Eletrobras na bolsa chega a 70%

Papéis são negociados muito abaixo do valor patrimonial

Eletrobrás reverte prejuízo bilionário (TIAGO QUEIROZ)

Eletrobrás reverte prejuízo bilionário (TIAGO QUEIROZ)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2012 às 13h57.

São Paulo – Algumas empresas, em momentos críticos, são negociadas na bolsa a um preço tão deprimido que ficam abaixo do valor patrimonial. Ou seja, elas precificam um valor para a companhia que é menor do que o dos ativos possuídos por ela e, portanto, também não embutem as projeções futuras no valor. O caso recente da Eletrobras é emblemático.

As ações (ELET3; ELET6) negociavam, com dados de quarta-feira, a 0,1 vez o valor patrimonial. É verdade que isso não é uma exclusividade da estatal. Outras também operam abaixo do patrimônio, como a Gafisa a 0,7 vez e a PDG a 0,5 vez. Além disso, em junho, antes de toda a polêmica sobre a renovação das concessões, a estatal negociava a 0,3 vez. Era pouco e já refletia o fato de possuir indicadores de eficiência inferiores aos do setor e o controle estatal.

Mas outro indicador de valor também chama atenção: o preço da ação sobre o lucro (P/L). Enquanto em junho os papéis preferenciais operavam a 6,5 vezes o resultado de 2011, ontem essa relação era de 2,1 vezes. E a situação, já incrivelmente péssima, pode piorar ainda mais.

O nível ainda não pode ser considerado o fundo do poço, segundo alguns analistas. Para o Barclays e a Planner, sem a geração de caixa no ano que vem, os papéis devem continuar a cair. O preço-alvo do Barclays é de 1 real.

Os ativos caem mais uma vez nesta quinta-feira e, no ano, a queda acumulada já chega a 70%. Na mínima do dia, as ações preferenciais recuavam 10% e as ordinárias 9,7%, para 7,05 reais e 6,09 reais, respectivamente.

Incertezas

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse hoje que o governo não deixará a Eletrobras falir. "A Eletrobras é necessária e o governo não vai deixar ela perecer. Consideramos ela uma empresa importante. Sem dúvida alguma, o governo conta com a Eletrobras", explicou. 


Sem a perspectiva de dividendos por conta da esperada contenção de custos, os 13 mil acionistas minoritários que tinham as ações da estatal de acordo com dados de maio, estão sem esperanças.

A Eletrobras irá precisar de um aumento de capital para não “perecer”. O dinheiro, contudo, sairá provavelmente da União. Ou seja, todos os contribuintes do país irão pagar a conta da esperada redução média de 20% tarifa energética que a Medida Provisória 579 espera conseguir.

Segundo o documento, cada empresa do setor precisa manifestar a intenção de adotar as novas regras com preços mais baixos para garantir a renovação e receber uma indenização. A outra saída é indicar a manutenção das condições atuais até o final da concessão. Aí, porém, não terá a renovação garantida.

O problema é que a indenização proposta pelo governo federal ficou aquém das expectativas. Enquanto o mercado aguardava algo em torno de 30 bilhões de reais para a Eletrobras, o valor a ser pago será de 13,9 bilhões de reais.

A companhia divulgou na sexta-feira um estudo sobre os impactos da nova realidade. As perdas esperadas em receitas chegam a 8,7 bilhões de reais, além de uma baixa contábil de ativos de aproximadamente 17 bilhões de reais.

A empresa convocou os acionistas para deliberar sobre o assunto no próximo dia 3 de dezembro, um dia antes da data final de apresentação das propostas para o governo. Não há expectativa de um resultado diferente.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresEletrobrasEmpresasEmpresas estataisEnergia elétricaEstatais brasileirasHoldingsServiços

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol