Participação das ações nas carteiras dos fundos atinge menor nível em 25 anos
Relatório do BTG Pactual mostra que a participação das ações atingiu o menor nível em 25 anos e é inversamente proporcional à taxa Selic
Repórter de Mercado Imobiliário
Publicado em 15 de janeiro de 2025 às 13h37.
A participação das ações nas carteiras dos fundos de investimentobrasileiros atingiu seu menor nível em 25 anos. Em novembro de 2024, último dado disponível, as ações representavam apenas 8,3% da alocação dos fundos locais. Este é o menor valor registrado desde 2000. As informações constam no relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), baseado em dados próprios e da Anbima .
Se antes da pandemia a participação das ações era de 14%, esse número foi para 10% no início de 2024. O pico de alocação em ações aconteceu em 2007, quando o índice chegou a 22%. Bem no início dos anos 2000 as ações representavam 11,3% dos fundos de investimento.
Em 2019, os fundos de ações receberam mais captações líquidas do que os fundos multimercados, tradicionalmente líderes em captações. No entanto, os fundos multimercados retomaram a liderança em 2020. Em 2021, a liderança em captações líquidas ficou com os fundos de renda fixa, passando para os fundos de previdência em 2022 e 2023. Em 2024, os fundos de renda fixa recuperaram a liderança nos fluxos de entrada.
Os efeitos dos juros nos fundos de ações
A tendência deaumento na participação das ações é percebido em períodos de taxas de juros mais baixas,como em 2019 e 2020.
Em dezembro, na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de 2024, a Selic foi elevada em para 12,25% ao ano –maior aumento desde o início de 2022. Na ocasião, os diretores do Banco Central atribuíram a elevação acima do previsto às incertezas externas e aos ruídos provocados pelo pacote fiscal do governo. O órgão informou que elevará a taxa em 1 ponto percentual nas próximas duas reuniões, que acontecem em janeiro e março deste ano.
Analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) projetam um aumento adicional de 50bps em maio, levando a taxa Selic para 14,75%, o nível mais alto desde 2006. "Naturalmente, as taxas de juros mais altas devem desacelerar a atividade econômica e ter um impacto negativo nos lucros das empresas, especialmente das empresas mais alavancadas. O estresse nos preços dos ativos do Brasil pode ser visto no aumento das taxas de juros reais de longo prazo e na desvalorização do real", avaliam.
Ainda conforme a análise do banco, o cenário externo também não anima. Isso porque a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos confirmou um cenário que aponta para taxas de juros de longo prazo mais altas. Fora isso, o ciclo de corte de juros nos EUA pode ser menos intenso do que o esperado. "Sem dúvida, as altas taxas de juros de longo prazo nos EUA podem manter as taxas de longo prazo pressionadas no Brasil, o que é um fator negativo para o desempenho das ações brasileiras", opinam os analistas.