Pacotes no Japão e nos EUA trazem nova euforia às bolsas
Produção industrial e vendas no varejo americano devem dar indícios da velocidade na retomada. Medo segue o de novas ondas de contágio por coronavírus
Felipe Giacomelli
Publicado em 16 de junho de 2020 às 06h54.
Um novo dia, um novo debate sobre para onde vão as bolsas de valores mundo afora. Investidores e analistas seguem tentando entender se o otimismo das últimas semanas ficou para trás com novas ondas de contágio do coronavírus, ou se há espaço para uma nova leva de valorização nas ações. Ontem, o Ibovespa fechou em leve queda, de 0,45%, mas o índice americano S&P 500 fechou em alta, de 0,83%.
Nesta terça-feira, as bolsas internacionais começaram o dia em forte alta. Tóquio subiu 4,88% e Hong Kong avançou 2,39%. Na Europa, o índice londrino subia 2,52% às 7h de Brasília. Índices futuros do S&P subiam 1,4% no mesmo horário. O otimismo está ligado a novas levas de pacotes anti-cíclicos. O Banco do Japão anunciou que prevê injetar 1 trilhão de dólares na economia, além de 700 bilhões já projetados.
Uma reportagem da agência Bloomberg que mostra que o presidente americano, Donald Trump, prepara um novo pacote de estímulo, desta vez à infraestrutura, de 1 trilhão de dólares. Ontem, o Fed , o banco central americano, disse que pode iniciar um amplo programa de compras de títulos de empresas em dificuldades. Nesta terça-feira, Jerome Powell, o presidente do Fed, deve entregar seu relatório semestral de políticas monetárias ao Congresso.
A produção industrial dos Estados Unidos, a ser divulgada hoje, deve mostrar retração de 15% em relação a maio de 2019. É um golpe, mas menor que o sentido nos serviços, o setor que caracteriza a crise do coronavírus. A revista Economist destaca que as compras de cartão de crédito estão se recuperando rapidamente com a reabertura econômica. O departamento americano de comércio divulga hoje as vendas no comércio em maio, com previsão de avanço de 8% (um recorde mensal) após queda de 16,4% em abril e de 8,3% em março.
O maior risco ao ânimo segue sendo uma nova onda de contágio do coronavírus. A ameaça vinda de um marcado de alimentos em Pequim segue no radar, assim como novas ondas nos Estados Unidos. A Agência Internacional do Petróelo, por sua vez, anunciou uma projeção de queda recorde na demanda, em 2020, de 8 milhões de barris por dia, seguida de um avanço de 5,7 milhões de barris diários em 2021. Mais uma mostra de que a recuperação da economia deve levar de dois a três anos, embora as bolsas já precificaram a volta nas últimas semanas. Sinal de que a volatilidade dará o tom a cada novo pacote, a cada novo indicador.