Jair Bolsonaro (NurPhoto / Contributor/Getty Images)
Júlia Lewgoy
Publicado em 12 de dezembro de 2018 às 16h35.
O otimismo original de que a eleição de Jair Bolsonaro seria boa para os mercados está diminuindo antes mesmo de o presidente eleito tomar posse.
Muitos investidores e executivos disseram primeiramente que o resultado da votação de 28 de outubro, quando ocorreu o segundo turno das eleições no Brasil, significaria o fim da regulamentação extremamente rigorosa para empresas no país e uma visão mais favorável ao livre mercado sob uma administração conservadora. O mercado de ações teve um rali após as eleições, com o Ibovespa subindo mais de 10% no ano.
Hoje, no entanto, a equipe de pesquisa econômica do Goldman Sachs disse em relatório que Bolsonaro enfrentará desafios políticos, sociais e econômicos endêmicos no Brasil e enfatizou a importância da reforma da Previdência, uma medida que os governos anteriores não conseguiram aprovar.
“O que o mercado não está percebendo é que o Brasil tem muita rigidez institucional”, disse Whitney Baker, fundadora da Totem Macro em Nova York e ex-chefe de pesquisa de mercados emergentes da Bridgewater Associates, em entrevista a Ben Bartenstein, da Bloomberg. “Não é nem algo da alçada de Bolsonaro.”
Os comentários são consistentes com a postura cautelosa dos investidores estrangeiros com o Brasil. Eles retiraram R$ 7,7 bi do mercado acionário brasileiro neste ano até 6 de dezembro, colocando as ações do país no caminho para a maior saída anual desde a crise financeira de 2008, segundo dados compilados pela Bloomberg.
O Ibovespa subiu 0,6% nesta terça-feira.