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Oferta de ações têm o pior começo de ano em mais de 10 anos

Nenhuma oferta pública inicial (IPO) ou oferta subsequente foi encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até agora neste ano


	Operador da BM&FBovespa: empresas correm agora por janelas estreitas de oportunidades para lançar suas operações
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Operador da BM&FBovespa: empresas correm agora por janelas estreitas de oportunidades para lançar suas operações (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 16h35.

São Paulo - As ofertas de ações no Brasil começaram este ano no pior nível em mais de uma década, no mais recente sinal de severa erosão da confiança dos investidores no país.

Nenhuma oferta pública inicial (IPO) ou oferta subsequente foi encaminhada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até agora neste ano, o que não acontecia desde 2004, segundo dados da Thomson Reuters. Muitas operações foram suspensas no ano passado por causa das condições adversas do mercado e provavelmente não vão se materializar nos próximos meses, afirmaram executivos de bancos e investidores.

Um calendário de mercado de capitais truncado, o aumento de riscos políticos e o surgimento de investimentos atraentes em outras regiões têm feito executivos de banco de investimento espernearem para levar operações adiante.

Os bancos têm sido forçados a estruturar algumas ofertas com garantias adicionais para atrair compradores, afirmou Fabio Moser, presidente da Fator Administração de Recursos.

"Infelizmente o Brasil não tem sido fonte de boas notícias recentemente e não será por um tempo", disse Fabio Nazari, diretor de mercados de ações do BTG Pactual. "Há dúvidas sobre a economia e risco potencial para resultados de empresas que estão deixando os investidores nervosos."

Após um começo de 2013 com a estreia da BB Seguridade, o maior IPO do mundo no ano passado, as empresas correm agora por janelas estreitas de oportunidades para lançar suas operações. A eleição presidencial de outubro, a reduzida liquidez global e o crescente exame de preços por potenciais compradores adicionará pressão ao mercado, afirmou Fernando Iunes, diretor global de investimento do Itaú BBA.


"Estamos saindo de um período de capital e apetite por risco abundantes, para o outro extremo", disse Iunes. "Os investidores vão ficar muito seletivos e os fundamentos das companhias serão críticos para acessar um mercado muito mais restrito." Escaladados com uma série de operações nos últimos anos de empresas que não entregaram os retornos prometidos, os investidores se tornaram especialmente cautelosos no Brasil, afirmou Neil Denman, que ajuda a administrar 12 bilhões de dólares em ativos na londrina Polar Capital.

Apenas 37 de 117 IPOs precificados desde 2005 renderam retornos acima do CDI, com o restante perdendo metade do montante investido inicialmente, segundo o Credit Suisse.

Companhias buscando acessar o mercado de ações enfrentam um equilíbrio delicado: ter que oferecer um risco e retorno aceitáveis num momento em que o crescimento econômico é fraco pelo quarto ano seguido, disse Deiwes Rubira, que administra fortunas de 26 famílias na Verus Gestão de Patrimônio.

O cenário pode deixar de fora investidores internacionais, em geral os maiores compradores de IPOs brasileiros. Eles ficaram com 68 por cento das ofertas de ações brasileiras entre 2006 e 2008, percentual que caiu a 45 por cento em 2013, menor nível em uma década, segundo dados da Thomson Reuters.

Fundos de pensão locais, que poderiam assumir um papel mais relevante, também vêm manifestando crescente ceticismo sobre empresas com resultados fracos, histórico de performance insuficiente ou vulnerabilidade a ciclos econômicos.

"Será um ano tumultuado para emissores brasileiros", disse Denman. "No final, se as companhias querem que os investidores assumam risco extra para comprar novas emissões, os preços deverão refletir isso."

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