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O mercado azedou? Essas 7 dicas podem ajudar a salvar seu portfólio

Especialistas explicam formas de deixar a carteira de investimentos menos exposta ao mau humor do mercado — e até ganhar com ele

Cofrinho: em momentos de crise, ter dinheiro guardado pode ser a melhor forma de resguardar o patrimônio e ter liquidez para aproveitar as oportunidades (PM Images/Getty Images)

Cofrinho: em momentos de crise, ter dinheiro guardado pode ser a melhor forma de resguardar o patrimônio e ter liquidez para aproveitar as oportunidades (PM Images/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de outubro de 2020 às 17h50.

Última atualização em 30 de outubro de 2020 às 08h42.

Com a segunda onda de coronavírus levando a Europa a retomar medidas mais rígidas de isolamento social, crescem no mercado os receios sobre a recuperação da economia do global. Somente nesta semana, o “índice do medo” VIX chegou a subir mais 40% e superar os 40 pontos pela primeira vez desde junho. Para base de comparação, a média do VIX dos últimos dez anos é de cerca de 17 pontos. Mas ainda há outros fatores de risco no radar, como crise fiscal, eleições americanas e altos níveis de desemprego.

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Para ajudar a proteger seus investimentos das fortes oscilações do mercado — e até conseguir lucrar com elas — a EXAME consultou especialistas, que deram algumas dicas de como fazer isso. Confira.

Must have

A diversificação de moedas, especialmente em dólar, é uma das maneiras mais simples de dar alguma proteção para sua carteira de investimentos. “O dólar tem um caráter de proteção histórico. É o que chamamos no mercado de must have, porque independentemente se o problema é local ou global ele sempre se fortalece”, afirma Jerson Zanlorenzi, responsável pela mesa de renda variável e derivativos do BTG Pactual Digital. As aplicações em dólar podem ser feitas tanto por meio do mercado de futuros da B3 quanto com fundos cambiais, que trazem mais comodidade em troca de uma taxa de administração.

Por outro lado, a própria alta do dólar, que acumula 43,69% de valorização perante o real no ano, tem levado alguns agentes do mercado a considerar outras moedas de países desenvolvidos. Esse é o caso de Camilo Cavalcante, superintendente de investimentos da Infinity Asset. “Aqui nós gostamos muito do iene ante o dólar. Na crise, o dólar se fortalece ante muitas moedas, inclusive o real. Mas a questão fiscal americana deve gerar uma tendência de desvalorização do dólar. A pergunta é quem vai se beneficiar desse cenário negativo para o dólar”, comenta. O euro e o franco suíço também já foram considerados portos seguros em tempos de mares revoltos, porém, Cavalcanti não vê um ambiente positivo para essas divisas. “Por que teria uma nova crise? O que está mais no radar é a questão da covid. Então, a Europa como um todo deve sofrer.”

Garantindo ganhos reais

A inflação, que tem ganhado força nos últimos meses, está comendo parte ou até mesmo todo os ganhos de determinadas aplicações em renda fixa. Com a taxa Selic a 2% ao ano e expectativa de inflação de 3% para 2020, a rentabilidade real de ativos que, por exemplo, rendem 100% do CDI já estão negativas. Nesse cenário, Mario Kepler, sócio da Portofino, comenta que os títulos que pagam o IPCA mais uma taxa prefixada podem ser uma alternativa para garantir retornos acima da inflação. “Eles parecem estar em níveis interessantes e acabam sendo mais descorrelacionados com movimento da bolsa”, diz. Contudo, vale ressaltar que esse tipo de ativo sofre marcação a mercado. Ou seja, pode haver perdas, em caso de resgates antecipados.

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Seguro milenar

Adorado desde os tempos antigos, o ouro é até hoje visto como um ativo de segurança para tempos turbulentos. Com variação que costuma ser inversamente proporcional à das bolsas, o ouro tem sido um instrumento muito utilizado neste ano para adicionar proteção aos portfólios. Por ser uma commodity escassa e de durabilidade praticamente infinita, parte dos investidores também tem comprado ouro para se proteger de um possível cenário de inflação pela injeção de trilhões de dólares por bancos centrais.

Ainda em janeiro, o megainvestidor Ray Dalio marcou o Fórum Econômico Mundial de Davos ao dizer a frase cash is trash ("dinheiro vivo é lixo", em inglês), em referência ao aumento de quantidade de dinheiro no mundo. “Você tem de ter equilíbrio. Eu acho que tem de ter uma certa quantidade de ouro em portfólio”, disse. De lá para cá, os montantes injetados na economia só aumentaram. No Brasil, existem fundos dedicados exclusivamente a investir em ouro e que são de fácil acesso para pessoas físicas.

Mas assim como no caso do dólar, já se discute se ainda tem mais espaço para subir, depois de o ouro já ter acumulado alta de 20% no ano. “O ouro não está uma barganha. Ele andou muito desde o ano passado, mas tem ficado de lado nos últimos meses”, diz Cavalcanti.

O lucro na perda

Para investidores mais experientes, ficar vendido em determinada ação ou ETF atrelado a índices como Ibovespa é uma alternativa para obter lucros com a queda da bolsa. “A parte ruim é a exigência de margem de garantia e a dinâmica que não é muito simples para tocar no dia a dia”, alerta Cavalcanti. Para fazer esse tipo de operação, é necessário alugar ações — e o valor do aluguel pode variar de acordo com os ânimos do mercado, que quanto pior, mais caro tende a ser, já que sua demanda aumenta.

Ações de defesa

Embora as ações sejam as classes de ativos mais sensíveis aos humores do mercado, algumas delas tendem a fornecer maior proteção, por terem menor volatilidade. Ou seja, não são as que mais sobem na euforia, mas também não são as que mais caem nos momentos de pânico. “São ações de perfil mais conservador. Geralmente, tendem a ser de empresas com receitas mais previsíveis, que pagam bons dividendos e que não dependem do crescimento econômico do Brasil. Um exemplo são as ações de utilidade pública, como as de saneamento básico e distribuidoras de energia”, comenta Paloma Brum, economista da Toro Investimentos.

Chame os profissionais

Dar o dinheiro para um fundo de investimento também é uma opção. Além de terem profissionais especializados por trás da gestão, eles podem ter acesso a produtos que o pequeno investidor, sozinho, não teria. A questão, nesse caso, é saber como escolher o melhor fundo. Em períodos de crise, por exemplo, os de ações (long only) tendem a sofrer mais que os multimercado, que muitas vezes têm volatilidade controlada e podem investir em ativos mais seguros. Deibert Fernandes, coordenador da assessoria de investimentos da Terra, pontua que outra opção pode ser os fundos long & short, que embora atue no mercado acionário, também monta posições vendidas, ou seja, pode ganhar com as quedas das ações. “As ações podem estar caindo e o fundo continuar ganhando dinheiro. [Na crise,] eles tendem a ser mais rentáveis do que os fundos de ações tradicionais”, afirma.

No cofrinho

Não ficar alocado é, definitivamente, a forma mais simples de não perder dinheiro com investimentos. O único “risco” nesse caso é que o dinheiro vai sempre ser corroído pela inflação. Por outro lado, o dinheiro estará disponível para ser usado em alguma oportunidade que surgir — e é justamente nos momentos de crise que elas mais aparecem, explica Kepler. “É óbvio que em alguns momentos vão ter sustos e oportunidades. Por isso é importante sempre ter alguma coisa com liquidez imediata. Se fica totalmente investido, não há espaço para ajustes, que podem ser necessários.”

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