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O investidor que desistiu do Facebook

“Não recomendo qualquer cliente do Goldman a investir no fundo”, afirma Thomas Heilmann

Apesar de ter desistido do Facebook, Heilmann revelou que possui participações na Paper.li e na Spickmich. (Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 11h40.

São Paulo – A euforia em torno do Facebook impressiona. Mesmo com as ações negociadas fora da bolsa, em um ambiente privado, os papéis têm chamado a atenção dos investidores ávidos por pegar carona na rede social de crescimento mais acelerado no mundo. Apesar disso, o valor de mercado avaliado em 50 bilhões de dólares após o investimento de 450 milhões de dólares no Goldman Sachs começa a preocupar.

Esse é o caso do investidor alemão Thomas Heilmann. Co-fundador da agência de propaganda alemã Scholz & Friends, Heilmann vendeu a participação que tinha na rede social desde 2008 por avaliar que o valor da empresa está em descompasso com o crescimento, já bastante acelerado, da companhia. “Tenho as minhas dúvidas se isto ainda está balanceado”, disse em entrevista concedida para Exame.com.

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Mesmo antes do valor de 50 bilhões de dólares ser alcançado com a entrada do Goldman, dados do mercado secundário do final do ano passado já avaliavam a empresa perto dos 41 bilhões de dólares. Heilmann vendeu a sua participação perto do Natal. Para o jornal alemão Tagesspiegel, o investidor chegou a dizer que o valuation atual do Facebook é “maluco”. Apesar de ter desistido do Facebook, Heilmann revelou que possui participações na Paper.li e Spickmich.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

O interesse das empresas de tecnologia em vender ações parece estar ganhando um novo momentum com a euforia em torno dos sites de redes sociais e de ferramentas relacionadas, como os de criação de jogos. Há um risco de vermos, outra vez, uma corrida maluca por IPOs de empresas jovens, mas com preços muito elevados levando a uma nova bolha .com?

Diferentemente da situação vista há dez anos, agora existem apenas poucas companhias privadas que parecem estar sobrevalorizadas. Mesmo que o valuation delas caía, isso não forçaria uma reviravolta na economia. Acredito que outros riscos trazem mais perigo, como o endividamento dos estados americanos, altos preços das commodities e escassez de recursos.

O valuation recente de US$ 50 bilhões para o Facebook pode ser um exemplo da euforia criada em torno das redes sociais?

Esse valuation faz sentido para o Goldman Sachs porque é um acordo estratégico para o seu modelo de negócios. Eles irão lucrar centenas de milhões de dólares em taxas, custos com um IPO e outros. Não posso recomendar qualquer cliente do Goldman a investir no fundo, mas não vejo um perigo real. A história não repete eventos.

Por que decidiu vender as ações?

Realmente o Facebook está melhor hoje do que em 2008 quando investi, mas o valuation cresceu mais rapidamente. Tenho as minhas dúvidas se isto ainda está balanceado.

Ainda investe em outras companhias do setor, como a Zynga?

Sim. Paper Li foi a última que comprei, além da alemã Spickmick.de. Não tenho investimentos na Zynga.

Leia mais: Redes Sociais e o medo de uma nova bolha da internet

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