Participação do consumo das famílias no PIB da China aumentará de forma gradual, segundo relatório da Gavekal Research (Tingshu Wang/Reuters)
Um plano de cinco anos recentemente aprovado pelo governo da China visa "criar um robusto mercado interno” no país. O premiê Li Keqiang afirmou, em relatório recente, que irá “aumentar os gastos do consumidor em todas as áreas”. São diretrizes com impacto sobre a economia e os mercados globais, dada a força do país com o segundo maior PIB do mundo.
Mas, de acordo com o novo relatório da EXAME Gavekal Research, mesmo com as novas metas do governo chinês, a realidade é que não há um plano para impulsionar o consumo no país instantaneamente.
"A maioria das medidas que eles estão [governo] promovendo já estão em vigor há algum tempo e, de qualquer forma, são mais políticas do lado da oferta do que do lado da demanda", diz, em relatório, Andrew Batson, diretor de pesquisa da Gavekal Dragonomics.
De acordo com a EXAME Gavekal, um novo plano quinquenal chinês poderia realmente fazer a China mudar sua estrutura econômica voltando-se ao consumo, mesmo que o governo não optasse por colocar dinheiro "diretamente nos bolsos dos consumidores". "O governo continua relutante em aumentar substancialmenteos pagamentos da previdência social ou outras transferências diretas de renda a população", afirma Batson.
O verdadeiro significado de "apoiar o consumo" para o governo chinês é investir ou subsidiar alguns setores destinados ao consumidor. Ou seja, na prática, o governo deve acabar oferecendo descontos na compra de carros novos ou apoiar a construção de novas instalações de varejo.
"Essas medidas fazem pouco para aumentar a taxa de crescimento da renda familiar, ou para aumentar a propensão das famílias a consumir fora do orçamento", destaca Batson. Segundo ele, os legisladores têm apoiado muito mais o lado da oferta, que apoia empregadores, em vez de auxiliar empregados.
A participação do consumo das famílias no PIB da China deverá seguir aumentando gradualmente ao longo do tempo, mas isso não acontecerá por meio de uma alta brusca no consumo.
Na visão do diretor de pesquisa da Gavekal, a China ainda está bastante atrelada ao compromisso com a disciplina financeira e o controle do crescimento da dívida em toda sua economia, que foi reiterado recentemente.