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NTN-B sobe com inflação acelerando no ritmo da era do cruzeiro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu pelo 10º mês seguido em junho, o maior período de avanço desde 1993 e 1994, quando a hiperinflação chegou a 4.923%

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que está comprometido em trazer a inflação para o centro da meta em 2012 (Wilson Dias/ABr)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que está comprometido em trazer a inflação para o centro da meta em 2012 (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2011 às 10h04.

Nova York - Os títulos públicos atrelados à inflação acumulam a sequência mais longa de ganhos em seis meses, em reação à alta acima do esperado dos preços ao consumidor.

O rendimento nas Notas do Tesouro Nacional série B com vencimento em agosto de 2012 caiu 13 pontos-base, ou 0,13 ponto percentual, desde 1º de julho para 6,75 por cento. Foi a quarta semana consecutiva de queda na taxa, segundo dados compilados pela Bloomberg. É o período mais longo desde a semana encerrada em 20 de janeiro. Ao mesmo tempo, o rendimento da dívida colombiana atrelada à inflação com vencimento em 2013 recuou 13 pontos-base para 2,4 por cento.

A inflação anual se manteve em junho no maior nível em seis anos, aumentando os receios de que o Banco Central não consiga reduzir a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento no ano que vem. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo subiu pelo décimo mês seguido em junho, o maior período de avanço desde os anos de 1993 e 1994, quando a hiperinflação chegou a 4.923 por cento e o real substituiu o cruzeiro.

“No Brasil, somos paranóicos com inflação”, disse André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, em entrevista por telefone de São Paulo. “Teremos inflação com certeza, mas não está fora de controle. Os investidores provavelmente serão mais cuidadosos e farão dos títulos atrelados à inflação sua aplicação preferida.”

O IPCA avançou 6,71 por cento nos 12 meses até junho, o ritmo mais acelerado desde junho de 2005, afirmou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.


Previsões de inflação

O presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou em audiência no Senado em 5 de julho que está comprometido em trazer a inflação para o centro da meta em 2012. Ele elevou a taxa básica de juros em 150 pontos-base este ano para 12,25 por cento.

Operadores do mercado e economistas preveem que Tombini não vai conseguir levar a inflação para o centro da meta no ano que vem.
A taxa implícita de inflação -- medida pela diferença de rendimentos entre as NTN-B e as prefixadas NTN-F que vencem dentro de um ano e meio -- subiu 70 pontos-base desde 13 de junho para 6,06 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg. A estimativa mediana na pesquisa do BC de 1º de julho com cerca de 100 economistas é de inflação de 5,10 por cento em 2012.

O BC não quis fazer comentários para esta reportagem, segundo a assessoria de imprensa da instituição.

“Eles definitivamente não vão atingir a meta de 4,5 por cento, mas o mercado está longe de precificar a meta de 4,5 por cento”, disse Kieran Curtis, que ajuda a administrar US$ 3,5 bilhões em ativos de mercados emergentes, incluindo NTN-B, na Aviva Investors em Londres, em entrevista por telefone.

Desaceleração econômica

O rendimento das NTN-B pode subir se o desaquecimento da economia americana se agravar, limitando a demanda por commodities, disse Henry Stipp, que ajuda a administrar US$ 2,3 bilhões em dívida de mercados emergentes, incluindo papéis atrelados à inflação, na Threadneedle Asset Management Ltd. em Londres.

“Se a atividade econômica continuar recuando, e eles esperam que a inflação futura também caia, vai haver uma onda de venda desses títulos”, disse Stipp em entrevista por telefone. “Se a economia global começar a se desacelerar, isso vai atingir o Brasil.”

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