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NTN-B reduz vantagem com sinal do BC de alta de juros

Medidas para conter o crédito e diminuir o aumento da inflação fizeram a diferença entre os títulos NTN-B e os bônus prefixados cair 0,25%

Analistas preveem um ciclo de aperto a partir de janeiro para conter a alta na inflação (Arquivo)
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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 13h18.

Brasília/Nova York - As expectativas de inflação no Brasil estão recuando do maior nível em dois anos, após o Banco Central sinalizar que está pronto para subir o juro básico para conter os preços ao consumidor, de acordo com os rendimentos dos títulos públicos.

A diferença de rendimentos entre os títulos atrelados à inflação e os bônus prefixados com vencimento em 2013 encolheu 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual, ontem para 612, após o BC afirmar que existe necessidade de “ajuste” nos juros para limitar os aumentos nos preços ao consumidor. A diferença de rendimentos, uma medida das expectativas dos investidores para a inflação anualizada nos próximos 24 meses, atingiu 637 esta semana, o nível mais alto desde dezembro de 2008, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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A demanda por proteção contra a inflação está diminuindo com a especulação de que o Brasil seguirá países, do Chile à Tailândia, na elevação dos custos de crédito. As Notas do Tesouro Nacional série B, que são títulos atrelados à inflação, tiveram desempenho superior ao das Notas do Tesouro Nacional série F, que são prefixadas, em cada um dos últimos quatro meses. O receio era de que as autoridades não agiriam rápido o bastante para conter a inflação, que acelerou para o maior nível em 23 meses.

“Com aumentos nos juros, as expectativas de inflação devem cair no ano que vem”, disse Marcelo Schmitt, administrador de renda fixa da SulAmérica Investimentos, que tem R$ 18 bilhões sob gestão. O desempenho superior das NTN-B pode “chegar ao fim”, disse ele em entrevista por telefone de São Paulo.

Schmitt disse que tem vendido suas NTN-B e comprado dívida prefixada nas últimas duas semanas.

‘Descompasso’

O rendimento das notas atreladas ao IPCA saltou 18 pontos- base ontem, o maior avanço desde 29 de novembro, para 6,33 por cento, segundo dados da Bloomberg. Já as NTN-F dispararam e a taxa caiu 7 pontos-base para 12,45 por cento.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 acelerou para 5,79 por cento nos 12 meses até dezembro, embalado pela alta dos alimentos, por mais crédito e pelo aumento de salários. Foi o quarto mês seguido em que os preços ao consumidor superaram o centro da meta de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

As autoridades precisam “conter o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda doméstica e a capacidade produtiva da economia”, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação divulgado ontem pelo BC.

Aumentos de 150 pontos-base nos juros para 12,25 por cento e uma moeda estável levarão a inflação para o centro da meta de 4,5 por cento no próximos dois anos, Carlos Hamilton, diretor de Política Econômica do BC, disse ontem a repórteres em Brasília.

‘Sinal forte’

O relatório de inflação dá um “sinal muito forte” de que o Banco Central vai começar o ciclo de aperto em janeiro, disse Marcelo Salomon, economista-chefe para Brasil do Barclays Plc em Nova York, em uma entrevista por telefone. Diminuiu o risco de a inflação superar o topo da margem de tolerância da meta do BC depois da “clara mensagem” enviada de que eles vão agir rapidamente, disse ele.

Ontem, o Barclays mudou sua projeção para o aumento da Selic de março para janeiro, prevendo uma elevação de 150 pontos-base até o final de abril.

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