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Nova queda do iuane dispara temor de desvalorização

O banco central chinês antecipou hoje em comunicado que pode haver "oscilações significativas" da taxa de câmbio de referência do iuane no curto prazo


	Iuane: a cotação do iuane é fortemente controlada pelas autoridades chinesas, que a cada dia estabelecem uma taxa de câmbio de referência e permitem que oscile até no máximo 2% desse valor médio
 (Getty Images)

Iuane: a cotação do iuane é fortemente controlada pelas autoridades chinesas, que a cada dia estabelecem uma taxa de câmbio de referência e permitem que oscile até no máximo 2% desse valor médio (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2015 às 14h53.

Pequim - O rebaixamento do Banco Popular da China (o banco central) da taxa de câmbio de referência do iuane em relação ao dólar, seguida por uma queda de sua cotação no mercado, disparou nesta quarta-feira o temor de que o nova sistema cambial chinês cause uma desvalorização profunda da moeda asiática.

Enquanto se discute se a reforma anunciada ontem representa um passo em direção a liberalização da segunda economia mundial ou se é uma estratégia das autoridades chinesas para impulsionar as exportações, a moeda perdeu em dois dias 3,5% de seu valor e ameaça cair ainda mais.

O banco central chinês antecipou hoje em comunicado que pode haver "oscilações significativas" da taxa de câmbio de referência do iuane no curto prazo, até que o novo mecanismo cambial se assente.

A cotação do iuane é fortemente controlada pelas autoridades chinesas, que a cada dia estabelecem uma taxa de câmbio de referência (chamado "paridade central") e permitem que oscile até no máximo 2% desse valor médio.

Com o novo sistema, o banco central chinês está obrigado a levar em conta a cotação do iuane no mercado de câmbio do dia anterior na hora de fixar a taxa de câmbio referencial do dia.

Assim, o Banco Popular apelou à menor cotação da moeda chinesa de terça-feira para a taxa de câmbio de referência e ao funcionamento do recém adotado mecanismo para reduzir hoje outra vez o valor do iuane, em 1,62%, que se soma à desvalorização de quase 2% de terça-feira.

O banco central chinês definiu esta variação como "normal" e lembrou que "levará certo tempo para os atores do mercado ajustarem a cotação e as práticas de câmbio, assim como explorar e encontrar o preço de equilíbrio no mercado de divisas".

Além disso, a publicação de indicadores de produção industrial, vendas no varejo e investimento em ativos fixos, que evidenciaram o arrefecimento econômico da China, levou hoje a cotação da divisa asiática no mercado a mais de 6,4 iuanes por dólar, o que faz prever para amanhã, quinta-feira, outra desvalorização.

"Acreditamos que as autoridades já intervieram no mercado hoje para estabilizar a taxa de câmbio do iuane, mas esperamos que as turbulências no mercado de divisas durem um tempo", explicaram analistas do departamento de pesquisa do banco espanhol BBVA em nota.

Enquanto isso, a reforma cambial da China foi recebida com cautela pelos Estados Unidos e aplaudida pela Comissão Europeia.

Também foi avaliada como um "bom passo" pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a quem Pequim procura agradar com esta reforma para que a instituição veja com melhores olhos a inclusão do iuane em sua divisa interna, chamada Direitos Especiais de Giro (SDR).

O banco central chinês anunciou sua reforma uma semana depois de o FMI propôr adiar para setembro de 2016 seu pronunciamento sobre a entrada do iuane em sua divisa interna, o que fez os analistas chineses interpretarem os últimos movimentos de Pequim como uma tentativa de obter apoios para o iuane na instituição.

A desvalorização da divisa chinesa provocou um terremoto nos mercados financeiros internacionais, que agora se perguntam quanto mais pode cair o iuane.

Segundo a agência financeira japonesa Nomura, não se pode descartar que a China se coloque no nível de outras divisas asiáticas, que na média se depreciaram 12% desde junho de 2012, o que poderia trazer grandes movimentos nos mercados globais.

Alguns analistas interpretam a desvalorização do iuane como a entrada da China em uma "guerra de divisas" com seus países vizinhos, porque as reformas foram iniciadas pouco depois de se publicarem, no sábado, os dados do comércio exterior da China em julho, que mostraram significativos retrocessos.

As exportações da China caíram 8,3% anualizado, e as importações outros 8,1%.

As várias e inesperadas quedas das exportações neste ano deram dor de cabeça às autoridades chinesas, acostumadas a ver nelas uma das principais fortalezas de sua economia.

A queda no valor do iuane beneficia suas empresas exportadoras, por baratear seus produtos, mas tem contrapartidas como o risco de fuga de capitais e a redução comparativa da riqueza da China, em um momento no qual muitas de suas empresas realizam grandes investimentos no exterior.

"O argumento de que a China está tentando incentivar o crescimento debilitando sua moeda para impulsionar as exportações não é convincente", afirmou o economista-chefe para a Ásia-Pacífico da agência de qualificação Standard & Poor's (S&P), Paul Gruenwald, em comunicado.

O banco central, em todo caso, disse confiar que, "após um curto período de adaptação, as oscilações do iuane convergirão em uma zona razoavelmente estável".

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