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Posição de caixa é fortaleza para enfrentar o momento do varejo, diz CFO da Renner

Em entrevista à EXAME, diretor financeiro da rede de moda diz que a empresa deve seguir plano de expansão física e pode ficar com pontos de venda de varejistas em reestruturação

 (Marcos Gouveia/Renner/Divulgação)

(Marcos Gouveia/Renner/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 17 de fevereiro de 2023 às 08h33.

Última atualização em 17 de fevereiro de 2023 às 11h07.

"Ter mais caixa do que dívida é uma boa posição para estar no início do ano", a constatação não poderia ser mais verdadeira dado o cenário de juros altos no Brasil e o momento em apuros do varejo. A frase é do diretor financeiro da Renner (LREN3), Daniel dos Santos. O grupo de moda e lifestyle, dono da rede de mesmo nome, da Youcom e da Camicado, conseguiu terminar 2022 com posição de caixa líquido de R$ 3,1 bilhões - e recorde de lucro líquido anual, a R$ 1,29 bilhão, o dobro de 2021.

Ao longo de 2022, a demanda pelo vestuário continuou a crescer, depois do longo período de pressão da covid. Mas o ambiente macroeconômico deteriorou os números do braço financeiro da Renner. Com juros subindo e se mantendo a 13,75%, a inadimplência no ano cresceu - as perdas líquidas saltaram 192%, para R$ 991,7 milhões - e o resultado da divisão caiu 67%, para R$ 81,5 milhões.

"O resultado do varejo veio mais forte e conseguiu compensar boa parte da piora dentro braço financeiro, que não comprometeu nossa trajetória. Viemos com lucro recorde. "Daniel dos Santos, CFO da Renner
Não fosse isso, a rentabilidade teria sido ainda melhor, argumenta Santos.

As vendas até desaceleraram no quarto trimestre. Foram impactadas pelas temperaturas mais baixas, que atrasaram o giro da coleção primavera-verão, e pela Copa do Mundo, que diminuiu o tráfego nas lojas. A inadimplência das famílias, é claro, também pesou. A companhia, por exemplo, precisou ser mais conservadora na concessão de crédito do seu cartão Renner, que diminuiu a participação nas vendas em 2,3 pontos percentuais.

Ainda assim, em todo 2022, as vendas do varejo da Renner cresceram. A receita líquida ficou 21% maior, somando R$ 11,58 bilhões. A penetração das vendas digitais seguiu crescendo e chegou a 13,5%, com as vendas brutas (GMV, na sigla em inglês) somando R$ 2,04 bilhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) só dessa divisão saltou 61,5%, para R$ 2,38 bilhões, impulsionando o indicador do consolidado do grupo, que cresceu 43%, para R$ 2,46 bilhões.

Metas para 2023

Por isso, a companhia segue confiante para 2023, no que Santos diz ser uma rota ascendente, com crescimento de vendas e melhora dos indicadores dos serviços financeiros, mas, especialmente com a manutenção dos planos de expansão da empresa, que pretende repetir o número de 40 novas lojas em 2023. O objetivo é chegar em praças onde ainda não se tem Renner ou Youcom. Na Camicado, o objetivo é manter o foco nas operações digitais, que já respondem por 25% das vendas. Parte dos investimentos também vai para remodelação de lojas.

Para a meta de expansão, o cenário mais complexo para os competidores do varejo pode favorecer a empresa. "Ter posição de caixa sólida nesse momento é importante, porque podem surgir oportunidades em pontos de venda disponíveis e podemos aproveitar", diz ele, destacando que seguem acompanhando a dinâmica do varejo e dos demais concorrentes. "Com foco na estratégia, temos condições de seguir ganhos de market share e, eventualmente, pegar pontos interessantes que fiquem disponíveis."

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