Na Johnson’s: amianto ofusca os números
Fabricante de produtos de higiene divulga seus resultados nesta terça-feria. Os números não preocupam — e sim com a imagem da companhia
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 06h02.
Última atualização em 22 de janeiro de 2019 às 07h05.
A americana Johnson & Johnson , fabricante de farmacêuticos e produtos de higiene, divulga nesta terça, 22, os seus resultados do último trimestre de 2018. O maior desafio vai ser divulgar números que consigam atrair a atenção em meio a um momento conturbado. A empresa enfrenta quase 12 mil processos judiciais nos Estados Unidos devido a uma possível contaminação de seu talco com produto que pode ser cancerígeno.
A previsão de investidores, de toda forma, é que a J&J tenha um faturamento de 20,2 bilhões de dólares, exatamente o mesmo que a empresa teve no mesmo período de 2017 e apenas cerca de 0,5% a menos que os 20,3 bilhões do penúltimo trimestre de 2018. Em setembro do ano passado, a empresa era a nona mais valiosa do mundo, com valor de mercado de 358,73 bilhões de dólares. Hoje, ela vale um pouco menos: 350, 51 bilhões.
O caso do produto cancerígeno no talco causou uma primeira onda de processos para a marca ainda em julho de 2018. Na época, a Johnson’s foi condenada a pagar 4,690 bilhões de dólares a 22 mulheres e suas famílias que apontaram o talco da marca como causa de câncer de ovário. O grupo negou a presença do produto em seus talcos e prometeu apelar à decisão, mas perdeu o recurso em dezembro. No mesmo mês, o jornal New York Times teve acesso a documentos que mostravam a preocupação — há muitas décadas — de executivos da empresa com o amianto, mineral que pode ser encontrado no subsolo perto do talco e causar câncer.
No dia 14 de dezembro, as ações da marca caíram 10% depois de a agência de notícias Reuters divulgar um artigo sobre as preocupações relacionadas ao amianto no talco da J&J, mesmo o produto sendo uma pequena parte das vendas globais da empresa. No ano de 2017, por exemplo, todos os produtos de cuidados para bebês (incluindo shampoos, sabonetes, lenços e outros, além do talco) representaram apenas 13,8% das vendas da companhia. No mesmo ano, a maior porcentagem de vendas foi do setor de beleza (hidratantes, sabonetes líquidos, protetores solares, entre outros) com 31,3%.
A previsão de investidores para os resultados de hoje é que o faturamento não seja alterado pelas questões jurídicas, mas imagem da marca será uma pauta em aberto em 2019. Uma aposta para sair das cordas companhia é um anúncio feito há uma semana de uma parceria com a Apple, gigante americana de tecnologia, para testar a utilização do Apple Watch para detectar problemas de coração.