Mundial volta a ser pequena após sonhar em ser blue chip
CVM disse hoje que está apurando indícios de manipulação com as ações da empresa
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2011 às 18h43.
São Paulo – As ações da Mundial ( MNDL4; MNDL3 ) despencaram nesta semana em um movimento de venda que chamou a atenção e assustou os investidores que surfavam numa alta superior a 1.000% em 2011. Os papéis preferenciais da empresa encerraram a sexta-feira negociados a 68 centavos, uma desvalorização de 86,7% ante o pico de 5,11 reais visto na terça-feira.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que fiscaliza e regula o mercado de capitais brasileiro, disse hoje que está investigando os motivos por trás da forte negociação com as ações da empresa e também da Hércules ( HETA4 ), que possuem os mesmos controladores. A Hércules, após subir forte nas últimas semanas, recuou 74,7% em apenas três dias.
“Estamos preocupados com a possibilidade de manipulação, mas ainda não encontramos indícios suficientes para uma acusação”, disse o Superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários, Waldir de Jesus Nobre, em entrevista para EXAME.com. Segundo ele, a análise da movimentação atípica dos papéis começou em agosto do ano passado, porém se intensificou a partir de abril deste.
A fabricante de produtos de beleza, talheres e válvulas hidráulica reapareceu para o mercado após concluir, no final do ano passado, o plano de reestruturação da empresa iniciado em 2003. A Mundial contratou uma consultoria de relações com investidores e começou a organizar encontros com investidores e analistas. O resultado foi uma reação quase inacreditável das ações.
O volume financeiro girado pelas ações preferenciais chegou a superar os das blue chips OGX ( OGXP3 ), Bradesco ( BBDC4 ), Itaú ( ITUB4 ) e a ordinária da Petrobras ( PETR3 ) em algumas sessões. A euforia em torno da Mundial chegou a fazer com que analistas projetassem a possível entrada da empresa no índice Bovespa, o mais importante da bolsa brasileira.
A empresa chegou a valer em bolsa 1,734 bilhão de reais e teve as ações negociadas a 31 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda) projetado (55 milhões de reais) para 2011. Após isso, contudo, as ações engataram num movimento de expressiva desvalorização. Considerando as cotações desta sexta-feira, o valor de mercado da empresa é de 231,831 milhões de reais, ou seja, uma queda de aproximadamente 1,5 bilhão de reais.
Nobre explica que a saída maciça de investidores pode ajudar a identificar possíveis infratores. “A queda dá dicas de quem saiu do papel e em quais condições, mas ainda precisamos esperar acabar o movimento para encerrar a coleta de dados. Após isso, podemos começar a separar o que achamos ser uma operação normal do que não é e identificar as pessoas. Será que o primeiro que saiu é o que estava manipulando?”, questiona.
Ele explica que o movimento pode ser resultado de uma manipulação para rodar o papel. Ou seja, alguns investidores podem ter combinado de comprar e vender a ação para aumentar o volume para elevar o preço das ações artificialmente. Desde o início do crescimento do interesse pelo papel, os negócios têm se concentrado em apenas 3 corretoras.
Nobre ressalva, entretanto, que vários fatos relevantes têm sido divulgados pela empresa nos últimos meses, como a equalização da dívida fiscal da empresa, o desdobramento das ações, a ida ao nível 1 de governança corporativa, depois a intenção de aderir ao Novo Mercado e, por fim, a injeção de 50 milhões de dólares na empresa por um fundo americano.
O presidente da Hércules e também da Mundial, Michael Lenn Ceitlin, indagado pela bolsa a respeito da oscilação atípica dos papéis, disse nesta semana que “não há qualquer informação que justifique a movimentação recente dos papéis da companhia”. A punição para quem tenha manipulado as ações vai de multa que pode ser até 500 mil reais ou até 3 vezes o lucro apurado nas negociações, além de ser suspenso do mercado financeiro brasileiro.
São Paulo – As ações da Mundial ( MNDL4; MNDL3 ) despencaram nesta semana em um movimento de venda que chamou a atenção e assustou os investidores que surfavam numa alta superior a 1.000% em 2011. Os papéis preferenciais da empresa encerraram a sexta-feira negociados a 68 centavos, uma desvalorização de 86,7% ante o pico de 5,11 reais visto na terça-feira.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que fiscaliza e regula o mercado de capitais brasileiro, disse hoje que está investigando os motivos por trás da forte negociação com as ações da empresa e também da Hércules ( HETA4 ), que possuem os mesmos controladores. A Hércules, após subir forte nas últimas semanas, recuou 74,7% em apenas três dias.
“Estamos preocupados com a possibilidade de manipulação, mas ainda não encontramos indícios suficientes para uma acusação”, disse o Superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários, Waldir de Jesus Nobre, em entrevista para EXAME.com. Segundo ele, a análise da movimentação atípica dos papéis começou em agosto do ano passado, porém se intensificou a partir de abril deste.
A fabricante de produtos de beleza, talheres e válvulas hidráulica reapareceu para o mercado após concluir, no final do ano passado, o plano de reestruturação da empresa iniciado em 2003. A Mundial contratou uma consultoria de relações com investidores e começou a organizar encontros com investidores e analistas. O resultado foi uma reação quase inacreditável das ações.
O volume financeiro girado pelas ações preferenciais chegou a superar os das blue chips OGX ( OGXP3 ), Bradesco ( BBDC4 ), Itaú ( ITUB4 ) e a ordinária da Petrobras ( PETR3 ) em algumas sessões. A euforia em torno da Mundial chegou a fazer com que analistas projetassem a possível entrada da empresa no índice Bovespa, o mais importante da bolsa brasileira.
A empresa chegou a valer em bolsa 1,734 bilhão de reais e teve as ações negociadas a 31 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda) projetado (55 milhões de reais) para 2011. Após isso, contudo, as ações engataram num movimento de expressiva desvalorização. Considerando as cotações desta sexta-feira, o valor de mercado da empresa é de 231,831 milhões de reais, ou seja, uma queda de aproximadamente 1,5 bilhão de reais.
Nobre explica que a saída maciça de investidores pode ajudar a identificar possíveis infratores. “A queda dá dicas de quem saiu do papel e em quais condições, mas ainda precisamos esperar acabar o movimento para encerrar a coleta de dados. Após isso, podemos começar a separar o que achamos ser uma operação normal do que não é e identificar as pessoas. Será que o primeiro que saiu é o que estava manipulando?”, questiona.
Ele explica que o movimento pode ser resultado de uma manipulação para rodar o papel. Ou seja, alguns investidores podem ter combinado de comprar e vender a ação para aumentar o volume para elevar o preço das ações artificialmente. Desde o início do crescimento do interesse pelo papel, os negócios têm se concentrado em apenas 3 corretoras.
Nobre ressalva, entretanto, que vários fatos relevantes têm sido divulgados pela empresa nos últimos meses, como a equalização da dívida fiscal da empresa, o desdobramento das ações, a ida ao nível 1 de governança corporativa, depois a intenção de aderir ao Novo Mercado e, por fim, a injeção de 50 milhões de dólares na empresa por um fundo americano.
O presidente da Hércules e também da Mundial, Michael Lenn Ceitlin, indagado pela bolsa a respeito da oscilação atípica dos papéis, disse nesta semana que “não há qualquer informação que justifique a movimentação recente dos papéis da companhia”. A punição para quem tenha manipulado as ações vai de multa que pode ser até 500 mil reais ou até 3 vezes o lucro apurado nas negociações, além de ser suspenso do mercado financeiro brasileiro.