Bolsa de Nova York: expansão longa será provocada pelo período prolongado de desalavancagem nos EUA (REUTERS/Brendan McDermid)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2014 às 18h18.
São Paulo - Os índices de ações americanos estão perto de seus níveis recordes, acima dos de antes da crise de 2008, o que tem despertado a preocupação de muitos analistas.
O próprio ex-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Alan Greenspan, afirmou em julho que uma significante realização de lucros era iminente diante da velocidade de alta dos preços dos papéis, possivelmente quando os juros voltarem a subir.
Mas há também os que justificam a alta com os dados mostrando a retomada da economia americana, o que significaria que as ações estariam antecipando o ciclo de crescimento mais forte dos próximos anos.
O time dos otimistas com as bolsas americanas foi reforçado hoje pelo banco americano Morgan Stanley.
Em relatório, o banco de investimentos estima que a recuperação da economia americana terá vida longa e levará o Índice Standard & Poor’s 500, hoje em 1.995 pontos, a atingir 3.000 pontos até 2020, uma alta de 50%.
No relatório, o Morgan Stanley diz que a expansão da economia americana já tem cinco anos, mas ainda tem espaço para continuar e se tornar a maior da história.
O banco acredita que essa expansão longa será provocada pelo período prolongado de desalavancagem nos Estados Unidos e uma recuperação global desigual.
O banco avalia que o comportamento das economias globais não está sincronizado, com as maiores economias em diferentes pontos no ciclo de crescimento.
Em geral, os países desenvolvidos estão liderando a recuperação, enquanto os emergentes estão perdendo força.
A volatilidade dos mercados nos Estados Unidos também segue baixa, o que permitiria alongar a expansão.
A desalavancagem das empresas e pessoas, reduzindo suas dívidas, ainda continua, apesar de, em grande parte, já completa, e as prioridades começam a mudar.
O custo de carregamento de dívidas também está em níveis muito baixos e o a dinâmica do endividamento dos consumidores sugerem que existe uma considerável margem de proteção para o caso de alta dos juros básicos.
Os investimentos e estoques também não parecem exagerados e a ”ambição” dos executivos das empresas e outras métricas de superaquecimento da economia seguem fracas.
Muitos indicadores amplos da economia americana mostram também que os Estados Unidos atingiram apenas o nível “normal” de expansão e estariam longe assim de um cenário insustentável.
Em conjunto, esses indícios sugerem que o pico do ciclo de crescimento americano estaria longe de ser iminente, diz o Morgan Stanley.
Assim, a equipe de estrategistas do banco acredita que as ações devem continuar se beneficiando de um cenário onde a probabilidade de fim do ciclo de crescimento é baixa por mais algum tempo.
À medida que a longevidade da expansão se tornar mais visível, o mercado acionário americano deverá subir.
“Nosso melhor palpite é que é possível um pico do S&P500 perto de 3.000 pontos caso a expansão dos Estados Unidos em cinco ou mais anos se comprove, baseado em um crescimento de 6% no lucro por ação no período e uma média de preços de 17 vezes o lucro”, diz o relatório.
O relatório é assinado pela economista Ellen Zentner, que não faz parte do time de análise de ações do Morgan.
Mas, segundo o relatório, os analistas de bolsa do banco estão muito otimistas com o mercado acionário americano e devem usar o cenário de Ellen como referencial para suas estimativas.