Dólar: “O argumento para novas altas dos juros foi derrubado, o dólar teve uma reviravolta e, em meados de fevereiro, não era possível se desfazer de ações de bancos" (Alex Wong/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2016 às 16h54.
Nova York - Mais um ano, mais uma tese sobre o dólar.
As expectativas a respeito da valorização do dólar americano estão altas novamente e estrategistas de bancos como Goldman Sachs, Bank of America e Morgan Stanley preveem uma força maior em 2017 da moeda que recentemente atingiu seus níveis mais elevados desde 2003.
A projeção é familiar em Wall Street, que no ano passado previu que as expectativas divergentes para a política monetária aumentariam o valor do dólar.
Mas, em vez disso, o apetite pelo risco perdeu força no início do ano, o dólar despencou entre fevereiro e abril e o índice à vista acabou passando a maior parte dos três primeiros trimestres do ano debaixo d’água em uma base anual.
“O S&P 500 caiu 8 por cento nos 12 primeiros dias de negociação de 2016 porque o petróleo, os rendimentos dos títulos do Tesouro e [o yuan chinês] correram para ver quem conseguia cair mais e mais rapidamente”, lembra Andrew Sheets, estrategista-chefe global de ativos cruzados do Morgan Stanley.
“O argumento para novas altas dos juros foi derrubado, o dólar teve uma reviravolta e, em meados de fevereiro, não era possível se desfazer de ações de bancos.”
Quando indagado por que a história não se repetirá em 2017, Sheets responde com as quatro palavras mais temidas do mundo das finanças: desta vez é diferente.
O estrategista deu quatro razões para isso em nota a clientes no domingo.
Atualmente, observa ele, os EUA e as economias globais estão operando com mais força. Enquanto o setor de manufatura do interior do país entrou em recessão no fim de 2015, o ISM Manufacturing PMI ficou acima de 53 em novembro, igualando a leitura mais alta do ano.
O índice de desemprego global vinha flutuando lateralmente ao longo de 2016 antes da forte queda no relatório de novembro.
Dessa forma, a tendência no índice de desemprego ’U6’, mais amplo, que inclui os desempregados, aqueles que estão empregados por meio período por motivos econômicos e aqueles que estão ligados marginalmente à força de trabalho, demonstra melhor a evolução das melhoras no mercado de trabalho.
Os indicadores de expectativas de inflação baseados no mercado estão subindo em meio à consolidação dos preços das commodities e à presunção de que os estímulos fiscais em breve aparecerão no caminho dos EUA.
As esperanças de que os grandes produtores de petróleo cumprirão o acordo para reduzir a produção, que atualmente estão elevando os preços do barril, provavelmente também vão sustentar as expectativas de inflação se essa alta continuar.
O lado ruim: apesar da evidência de consolidação do crescimento em todo o mundo, da melhora das condições econômicas domésticas, que é central para a missão do Fed, e da continuidade das condições financeiras acomodatícias, “o mercado espera hoje que o Fed se mova mais lentamente nos próximos 12 meses do que no ano passado”, afirma Sheets.
“O baixo desafio torna mais provável a possibilidade de o Fed cumprir -- ou superar -- as expectativas, respaldando o dólar americano.”