Mercados ponderam otimismo externo e inflação
Às 10h09, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2014 estava em 7,37%, ante 7,38% do ajuste de sexta-feira
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2012 às 09h57.
São Paulo - Em uma segunda-feira espremida entre o fim de semana e o Dia da Consciência Negra, nesta terça-feira (20), quando algumas praças ficarão fechadas no Brasil , os mercados operam hoje sob a influência do otimismo externo e de alguns dados locais, divulgados nesta manhã.
Na renda fixa, o mercado pondera os números mais recentes de inflação, divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e a expectativa, no exterior, de que ocorra uma acordo para afastar o abismo fiscal nos Estados Unidos. A liquidez, no entanto, tende a ser reduzida, o que deixa pouco espaço para movimentos mais radicais na curva a termo nesta semana que antecede a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom).
Às 10h09, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2014 estava em 7,37%, ante 7,38% do ajuste de sexta-feira. A taxa dos contratos futuros de DI para janeiro de 2015 estava em 7,98%, ante 8,00% do ajuste de sexta-feira. No mesmo horário, o contrato para janeiro de 2017 marcava 8,74%, ante 8,77% do ajuste anterior.
"Hoje as taxas curtas devem oscilar pouco e as longas se mexer um pouco mais, mas com liquidez pequena", comentou um operador de renda fixa ouvido pela Agência Estado. "Como o exterior está positivo, isso pode dar um pouco de impulso nas taxas mais longas, mas como a liquidez é pequena em função do feriado (desta terça-feira), ninguém vai se arriscar hoje."
O ambiente positivo vindo de fora, em função da expectativa de que os congressistas norte-americanos chegarão a um acordo para evitar o abismo fiscal nos EUA - o fim de incentivos à economia e cortes de impostos que poderia trazer recessão ao país -, traz certo viés de alta para os juros, em especial os vencimentos mais longos. Por outro lado, os dados de inflação que saíram hoje no Brasil mostram um cenário melhor para os preços, o que gera certa pressão de baixa. A tendência é que os movimentos de hoje ponderem estas duas tendências.
Logo cedo, a FGV informou que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) da segunda prévia de novembro registrou deflação de 0,16%, após a alta de 0,15% da mesma prévia de outubro. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, conforme levantamento do AE Projeções, que esperava deflação de 0,13%.
A FGV informou ainda que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) ficou em 0,35% na segunda quadrissemana de novembro. Na quadrissemana imediatamente anterior, encerrada em 7 de novembro, a alta dos preços foi de 0,43%.
No relatório Focus do Banco Central, a estimativa para o IPCA em 2012 passou de 5,46% para 5,45%. Para 2013, houve leve queda de 5,40% para 5,39% na perspectiva para a inflação. No caso da taxa baixa de juros, os analistas seguem prevendo uma Selic em 7,25% ao ano até o fim de 2013. Conforme a Focus, os economistas esperam que a Selic seja mantida neste patamar até o fim do próximo ano e suba para 7,75% em janeiro de 2014.
"Na curva (a termo), os DIs precificam Selic em 7,25% até outubro do ano que vem. O mês de outubro é o primeiro que acusa uma alteração, mas mesmo assim é pequena", acrescentou o operador.
Bovespa
No mercado de ações, a influência positiva externa impulsiona o Ibovespa para cima. Ainda assim, a valorização pode ser contida pelas notícias do setor elétrico, já que hoje estão previstas as teleconferências de Eletrobras, Cemig e Copel para comentar os resultados do terceiro trimestre, que afetaram fortemente os preços das ações. Além disso, devem ser abordados temas referentes à renovação das concessões, que estão gerando muita polêmica e impactos negativos sobre o setor.
Os investidores podem também reagir a declarações dadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que um novo reajuste de combustíveis pode ficar só para 2013. Em entrevista à TV, ele afirmou que o preço da gasolina tem que subir em algum momento porque "todo o ano tem que aumentar". "Talvez em 2013", acrescentou.
Tecnicamente, os negócios da Bolsa podem ter influência, ainda, do vencimento de opções, cujo exercício ocorre até as 13h. O impacto, no entanto, tende a ser sentido mais no volume pois, segundo operadores, "não tem briga".
Às 10h14, o Ibovespa à vista subia 1,13%, aos 56.030 pontos, enquanto o índice com vencimento em dezembro mostrava valorização de 1,50%, aos 56.150 pontos.
Câmbio
Com o feriado de amanhã em algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, e também nesta quinta-feira nos Estados Unidos (Dia de Ação de Graças), o mercado de câmbio doméstico já começa a semana prevendo liquidez reduzida. Nesta segunda-feira, o dólar ante o real abriu sintonizado com a queda da moeda norte-americana em relação ao euro e algumas divisas correlacionadas com commodities no exterior.
Os investidores em âmbito global reduzem posições em dólar hoje estimulados por sinais encorajadores de progresso na busca de uma solução para a questão do abismo fiscal norte-americano, apesar das persistentes preocupações com a situação da Grécia. No Brasil, embora o dólar esteja em baixa nesta segunda-feira, é possível que os agentes de câmbio voltem a puxar o dólar a fim de testar o teto informal de R$ 2,10 e a postura do Banco Central.
Desde a semana passada, os agentes de câmbio estão na expectativa por uma intervenção do Banco Central. Uma fonte do BC antecipou à Agência Estado que, com a dinâmica atual do mercado de câmbio, a autoridade monetária não vai rolar os dois vencimentos de swap cambial reverso, de 3 de dezembro (US$ 3,140 bilhões) e de 2 de janeiro de 2013 (US$1,875 bilhão).
Por isso, segundo a fonte, o BC poderá fazer um leilão a fim de trocar estes vencimentos de swap reverso por contratos de swap cambial normal. O swap cambial reverso corresponde à compra de dólares no mercado futuro, enquanto o swap tradicional representa a venda da moeda. Segundo um operador de tesouraria de um grande banco, em razão dos feriados esta semana é possível que o BC deixe para fazer esse leilão na semana que vem, a menos que eventual subida do dólar represente um risco para o controle da inflação.
Embora demonstrem certo apetite por aplicações de risco neste começo da semana, os investidores estão em compasso de espera pela reunião de amanhã de ministros das Finanças dos países da zona do euro, em Bruxelas.
Nesse encontro deve ser discutida a liberação da parcela do pacote de ajuda à Grécia que vem sendo retida desde junho. Além disso, há receio em relação à ofensiva militar de Israel contra o território palestino de Gaza.
No mercado à vista, o dólar no balcão abriu estável, em R$ 2,080 - maior valor desde 28 de junho (a R$ 2,083). Em seguida, a moeda dos EUA passou a cair.
Às 10h09, o dólar no balcão estava na mínima, a R$ 2,0750, em baixa de 0,24%. No mercado futuro, após abrir a R$ 2,0845 (-0,22%), o dólar para dezembro de 2012 oscilou até esse horário entre uma mínima em R$ 2,0790 (-0,48%) e uma máxima de R$ 2,0855 (-0,17%).
São Paulo - Em uma segunda-feira espremida entre o fim de semana e o Dia da Consciência Negra, nesta terça-feira (20), quando algumas praças ficarão fechadas no Brasil , os mercados operam hoje sob a influência do otimismo externo e de alguns dados locais, divulgados nesta manhã.
Na renda fixa, o mercado pondera os números mais recentes de inflação, divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), e a expectativa, no exterior, de que ocorra uma acordo para afastar o abismo fiscal nos Estados Unidos. A liquidez, no entanto, tende a ser reduzida, o que deixa pouco espaço para movimentos mais radicais na curva a termo nesta semana que antecede a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom).
Às 10h09, a taxa dos contratos futuros de juros com vencimento em janeiro de 2014 estava em 7,37%, ante 7,38% do ajuste de sexta-feira. A taxa dos contratos futuros de DI para janeiro de 2015 estava em 7,98%, ante 8,00% do ajuste de sexta-feira. No mesmo horário, o contrato para janeiro de 2017 marcava 8,74%, ante 8,77% do ajuste anterior.
"Hoje as taxas curtas devem oscilar pouco e as longas se mexer um pouco mais, mas com liquidez pequena", comentou um operador de renda fixa ouvido pela Agência Estado. "Como o exterior está positivo, isso pode dar um pouco de impulso nas taxas mais longas, mas como a liquidez é pequena em função do feriado (desta terça-feira), ninguém vai se arriscar hoje."
O ambiente positivo vindo de fora, em função da expectativa de que os congressistas norte-americanos chegarão a um acordo para evitar o abismo fiscal nos EUA - o fim de incentivos à economia e cortes de impostos que poderia trazer recessão ao país -, traz certo viés de alta para os juros, em especial os vencimentos mais longos. Por outro lado, os dados de inflação que saíram hoje no Brasil mostram um cenário melhor para os preços, o que gera certa pressão de baixa. A tendência é que os movimentos de hoje ponderem estas duas tendências.
Logo cedo, a FGV informou que o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) da segunda prévia de novembro registrou deflação de 0,16%, após a alta de 0,15% da mesma prévia de outubro. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado, conforme levantamento do AE Projeções, que esperava deflação de 0,13%.
A FGV informou ainda que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) ficou em 0,35% na segunda quadrissemana de novembro. Na quadrissemana imediatamente anterior, encerrada em 7 de novembro, a alta dos preços foi de 0,43%.
No relatório Focus do Banco Central, a estimativa para o IPCA em 2012 passou de 5,46% para 5,45%. Para 2013, houve leve queda de 5,40% para 5,39% na perspectiva para a inflação. No caso da taxa baixa de juros, os analistas seguem prevendo uma Selic em 7,25% ao ano até o fim de 2013. Conforme a Focus, os economistas esperam que a Selic seja mantida neste patamar até o fim do próximo ano e suba para 7,75% em janeiro de 2014.
"Na curva (a termo), os DIs precificam Selic em 7,25% até outubro do ano que vem. O mês de outubro é o primeiro que acusa uma alteração, mas mesmo assim é pequena", acrescentou o operador.
Bovespa
No mercado de ações, a influência positiva externa impulsiona o Ibovespa para cima. Ainda assim, a valorização pode ser contida pelas notícias do setor elétrico, já que hoje estão previstas as teleconferências de Eletrobras, Cemig e Copel para comentar os resultados do terceiro trimestre, que afetaram fortemente os preços das ações. Além disso, devem ser abordados temas referentes à renovação das concessões, que estão gerando muita polêmica e impactos negativos sobre o setor.
Os investidores podem também reagir a declarações dadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que um novo reajuste de combustíveis pode ficar só para 2013. Em entrevista à TV, ele afirmou que o preço da gasolina tem que subir em algum momento porque "todo o ano tem que aumentar". "Talvez em 2013", acrescentou.
Tecnicamente, os negócios da Bolsa podem ter influência, ainda, do vencimento de opções, cujo exercício ocorre até as 13h. O impacto, no entanto, tende a ser sentido mais no volume pois, segundo operadores, "não tem briga".
Às 10h14, o Ibovespa à vista subia 1,13%, aos 56.030 pontos, enquanto o índice com vencimento em dezembro mostrava valorização de 1,50%, aos 56.150 pontos.
Câmbio
Com o feriado de amanhã em algumas cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, e também nesta quinta-feira nos Estados Unidos (Dia de Ação de Graças), o mercado de câmbio doméstico já começa a semana prevendo liquidez reduzida. Nesta segunda-feira, o dólar ante o real abriu sintonizado com a queda da moeda norte-americana em relação ao euro e algumas divisas correlacionadas com commodities no exterior.
Os investidores em âmbito global reduzem posições em dólar hoje estimulados por sinais encorajadores de progresso na busca de uma solução para a questão do abismo fiscal norte-americano, apesar das persistentes preocupações com a situação da Grécia. No Brasil, embora o dólar esteja em baixa nesta segunda-feira, é possível que os agentes de câmbio voltem a puxar o dólar a fim de testar o teto informal de R$ 2,10 e a postura do Banco Central.
Desde a semana passada, os agentes de câmbio estão na expectativa por uma intervenção do Banco Central. Uma fonte do BC antecipou à Agência Estado que, com a dinâmica atual do mercado de câmbio, a autoridade monetária não vai rolar os dois vencimentos de swap cambial reverso, de 3 de dezembro (US$ 3,140 bilhões) e de 2 de janeiro de 2013 (US$1,875 bilhão).
Por isso, segundo a fonte, o BC poderá fazer um leilão a fim de trocar estes vencimentos de swap reverso por contratos de swap cambial normal. O swap cambial reverso corresponde à compra de dólares no mercado futuro, enquanto o swap tradicional representa a venda da moeda. Segundo um operador de tesouraria de um grande banco, em razão dos feriados esta semana é possível que o BC deixe para fazer esse leilão na semana que vem, a menos que eventual subida do dólar represente um risco para o controle da inflação.
Embora demonstrem certo apetite por aplicações de risco neste começo da semana, os investidores estão em compasso de espera pela reunião de amanhã de ministros das Finanças dos países da zona do euro, em Bruxelas.
Nesse encontro deve ser discutida a liberação da parcela do pacote de ajuda à Grécia que vem sendo retida desde junho. Além disso, há receio em relação à ofensiva militar de Israel contra o território palestino de Gaza.
No mercado à vista, o dólar no balcão abriu estável, em R$ 2,080 - maior valor desde 28 de junho (a R$ 2,083). Em seguida, a moeda dos EUA passou a cair.
Às 10h09, o dólar no balcão estava na mínima, a R$ 2,0750, em baixa de 0,24%. No mercado futuro, após abrir a R$ 2,0845 (-0,22%), o dólar para dezembro de 2012 oscilou até esse horário entre uma mínima em R$ 2,0790 (-0,48%) e uma máxima de R$ 2,0855 (-0,17%).