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Mercado já antecipou rebaixamento, avalia Santander Asset

Segundo Luciane Ribeiro, papéis que medem o risco do país estão hoje em torno de 1,9 ponto percentual, para 1,20 ponto no começo do ano passado

Prédio do Santanter em São Paulo: banco acredita que crescimento brasileiro será puxado este ano pelo consumo (Dado Galdieri/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 16h31.

São Paulo - O mercado já antecipou boa parte do impacto de um possível rebaixamento da nota de crédito brasileira, avalia Luciane Ribeiro, presidente da Santander Asset Management .

Segundo ela, os papéis que medem o risco do país, os Credit Default Swaps (CDS), estão hoje em torno de 1,9 ponto percentual, para 1,20 ponto no começo do ano passado. Quanto maior a taxa, maior o risco de o país deixar de pagar suas dívidas.

Ao mesmo tempo, outros emergentes, como o México, pagam 1 ponto percentual, abaixo do 1,20 do ano passado. “Na média, os emergentes comparáveis ao Brasil pagam 1,20 ponto em seus CDS, bem menos, o que mostra que o mercado já se ajustou a um possível rebaixamento da nota de crédito brasileiro”, diz Luciane.

Hoje, a agência de risco Standard & Poor’s informou que pode reduzir a nota da dívida brasileira. Ontem, outra agência, a Moody’s, disse que está avaliando o desempenho da economia brasileira e da dívida pública para decidir se reduz ou não a nota de crédito brasileira.

Para Luciane, a alta dos CDSs mostra que o impacto do rebaixamento do rating será menor. Mas o risco é que haja uma surpresa, como por exemplo, além do rebaixamento, a colocação da nota em perspectiva negativa, de nova queda.

Crescimento menor em 2014

O crescimento brasileiro será puxado este ano pelo consumo, que deve se manter crescendo 2% ao ano, e pelo setor externo, com o dólar ampliando as exportações, o que deve garantir um aumento do PIB de 1,9% em 2014, afirma Ricardo Denadai, economista e estrategista da Santander Asset Management. O número deverá ser menor que o de 2013, que deve ficar acima de 2%.

Investimento desacelera

Já o investimento das empresas, a chamada formação bruta de capital, deve desacelerar este ano, crescendo 2%, para 6% no ano passado. “Grande parte do investimento de 2013 ocorreu no primeiro semestre, após o governo dar vários incentivos para a compra de veículos e equipamentos, como redução de impostos”, lembra o economista.


No segundo semestre do ano passado, a taxa de investimento diminuiu, influenciada também pelo aumento das incertezas internas e externas, que levaram a uma redução da confiança dos empresários. “Mas houve uma melhora na margem na confiança durante o os dois últimos meses do ano e isso deve garantir que o quarto trimestre feche com crescimento, e não retração do PIB, como no terceiro”, explica.

Para Denadai, há fatores que limitarão o crescimento em 2014, entre eles o endividamento elevado das famílias e a perda de fôlego da renda e do emprego. A alta dos juros para 10% também deverá ter impacto sobre o crédito e sobre a atividade. E a oscilação do dólar também tende a continuar aumentando a incerteza dos empresários.

Inflação em alta

A inflação também seguirá alta, afirma o economista, lembrando que o cenário externo, mais aquecido, não ajudará a segurar os preços. Os núcleos dos índices, que consideram apenas os principais itens, devem continuar subindo 6% ao ano, enquanto a inflação dos serviços andará na casa dos 9% ao ano.

A difusão dos aumentos, ou seja, a porcentagem de itens dos índices que estão em alta, seguirá elevada, em torno de 70%. “Tudo isso deve manter a inflação perto de 6%”, diz.

Juro sobe na semana que vem

O que deve segurar os preços é o impacto do aumento já dado na taxa Selic, que passou de 7,25% para 10% e deve subir para 10,5% nas próximas duas reuniões do Comite de Política Monetária (Copom) do BC, avalia Denadai.


“O juro deve subir 0,25 ponto na próxima reunião da semana que vem, já num ritmo menor que o 0,5 ponto das reuniões anteriores, e devemos ter mais um ajuste de 0,25 ponto na reunião seguinte”, diz o economista, que espera que a taxa fique nesses 10,5% até o fim do ano.

Balança comercial abaixo da média

No setor externo, Denadai espera que o dólar mais alto favoreça as exportações brasileiras e faça o superávit comercial do país subir de US$ 2,6 bilhões em 2013 para US$ 12 bilhões este ano. O banco estima que a moeda americana feche o ano em R$ 2,45, com média no ano de R$ 2,42. Apesar da melhora do número da balança comercial, ele será bem menor que a média de superávits registrados desde 2006, de US$ 31 bilhões, observa o economista.

Feliz 2015

A perspectiva de um ano mais curto, marcado por carnaval em março, Copa do Mundo e eleição presidencial, acaba por antecipar a discussão sobre o cenário da economia em 2015, avalia Denadai. O consenso, diz, é que a economia brasileira vai continuar com sérios desajustes em 2014 que vão requerer medidas mais duras no ano que vem, seja quem for o vencedor da eleição presidencial.

“Há a discussão fiscal, sobre a piora das contas públicas, mas esse ajuste é difícil e não será resolvido no curto prazo, ainda mais em um ano eleitoral”, lembra Denadai.

Já Luciane avalia que 2015 será um ano de mudanças, mesmo sendo grandes as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff, como apontam as pesquisas. “Os problemas terão de ser tratados de forma rigorosa, se não, não se consegue manter o modelo econômico atual”, diz.

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São Paulo - O mercado já antecipou boa parte do impacto de um possível rebaixamento da nota de crédito brasileira, avalia Luciane Ribeiro, presidente da Santander Asset Management .

Segundo ela, os papéis que medem o risco do país, os Credit Default Swaps (CDS), estão hoje em torno de 1,9 ponto percentual, para 1,20 ponto no começo do ano passado. Quanto maior a taxa, maior o risco de o país deixar de pagar suas dívidas.

Ao mesmo tempo, outros emergentes, como o México, pagam 1 ponto percentual, abaixo do 1,20 do ano passado. “Na média, os emergentes comparáveis ao Brasil pagam 1,20 ponto em seus CDS, bem menos, o que mostra que o mercado já se ajustou a um possível rebaixamento da nota de crédito brasileiro”, diz Luciane.

Hoje, a agência de risco Standard & Poor’s informou que pode reduzir a nota da dívida brasileira. Ontem, outra agência, a Moody’s, disse que está avaliando o desempenho da economia brasileira e da dívida pública para decidir se reduz ou não a nota de crédito brasileira.

Para Luciane, a alta dos CDSs mostra que o impacto do rebaixamento do rating será menor. Mas o risco é que haja uma surpresa, como por exemplo, além do rebaixamento, a colocação da nota em perspectiva negativa, de nova queda.

Crescimento menor em 2014

O crescimento brasileiro será puxado este ano pelo consumo, que deve se manter crescendo 2% ao ano, e pelo setor externo, com o dólar ampliando as exportações, o que deve garantir um aumento do PIB de 1,9% em 2014, afirma Ricardo Denadai, economista e estrategista da Santander Asset Management. O número deverá ser menor que o de 2013, que deve ficar acima de 2%.

Investimento desacelera

Já o investimento das empresas, a chamada formação bruta de capital, deve desacelerar este ano, crescendo 2%, para 6% no ano passado. “Grande parte do investimento de 2013 ocorreu no primeiro semestre, após o governo dar vários incentivos para a compra de veículos e equipamentos, como redução de impostos”, lembra o economista.


No segundo semestre do ano passado, a taxa de investimento diminuiu, influenciada também pelo aumento das incertezas internas e externas, que levaram a uma redução da confiança dos empresários. “Mas houve uma melhora na margem na confiança durante o os dois últimos meses do ano e isso deve garantir que o quarto trimestre feche com crescimento, e não retração do PIB, como no terceiro”, explica.

Para Denadai, há fatores que limitarão o crescimento em 2014, entre eles o endividamento elevado das famílias e a perda de fôlego da renda e do emprego. A alta dos juros para 10% também deverá ter impacto sobre o crédito e sobre a atividade. E a oscilação do dólar também tende a continuar aumentando a incerteza dos empresários.

Inflação em alta

A inflação também seguirá alta, afirma o economista, lembrando que o cenário externo, mais aquecido, não ajudará a segurar os preços. Os núcleos dos índices, que consideram apenas os principais itens, devem continuar subindo 6% ao ano, enquanto a inflação dos serviços andará na casa dos 9% ao ano.

A difusão dos aumentos, ou seja, a porcentagem de itens dos índices que estão em alta, seguirá elevada, em torno de 70%. “Tudo isso deve manter a inflação perto de 6%”, diz.

Juro sobe na semana que vem

O que deve segurar os preços é o impacto do aumento já dado na taxa Selic, que passou de 7,25% para 10% e deve subir para 10,5% nas próximas duas reuniões do Comite de Política Monetária (Copom) do BC, avalia Denadai.


“O juro deve subir 0,25 ponto na próxima reunião da semana que vem, já num ritmo menor que o 0,5 ponto das reuniões anteriores, e devemos ter mais um ajuste de 0,25 ponto na reunião seguinte”, diz o economista, que espera que a taxa fique nesses 10,5% até o fim do ano.

Balança comercial abaixo da média

No setor externo, Denadai espera que o dólar mais alto favoreça as exportações brasileiras e faça o superávit comercial do país subir de US$ 2,6 bilhões em 2013 para US$ 12 bilhões este ano. O banco estima que a moeda americana feche o ano em R$ 2,45, com média no ano de R$ 2,42. Apesar da melhora do número da balança comercial, ele será bem menor que a média de superávits registrados desde 2006, de US$ 31 bilhões, observa o economista.

Feliz 2015

A perspectiva de um ano mais curto, marcado por carnaval em março, Copa do Mundo e eleição presidencial, acaba por antecipar a discussão sobre o cenário da economia em 2015, avalia Denadai. O consenso, diz, é que a economia brasileira vai continuar com sérios desajustes em 2014 que vão requerer medidas mais duras no ano que vem, seja quem for o vencedor da eleição presidencial.

“Há a discussão fiscal, sobre a piora das contas públicas, mas esse ajuste é difícil e não será resolvido no curto prazo, ainda mais em um ano eleitoral”, lembra Denadai.

Já Luciane avalia que 2015 será um ano de mudanças, mesmo sendo grandes as chances de reeleição da presidente Dilma Rousseff, como apontam as pesquisas. “Os problemas terão de ser tratados de forma rigorosa, se não, não se consegue manter o modelo econômico atual”, diz.

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