Mercado está cansado do Samba do BC, diz Financial Times
Para o jornal, os investidores querem de volta o antigo perfil sem grandes emoções
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2011 às 04h27.
São Paulo – Os investidores brasileiros estão torcendo para que a inflação volte ao prumo e o Banco Central retorne ao seu antigo perfil previsível, analisa o Financial Times em um artigo publicado no blog beyondbrics.
Samantha Pearson, que assina a análise, destaca que o BC tem movimentado os mercados com uma série de notícias que tem surpreendido. A primeira foi o corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic em 31 de agosto, para 12% ao ano. A inesperada tesourada da equipe de política monetária do presidente Alexandre Tombini foi realizada mesmo com a inflação acima do teto da meta (entre 2,5% e 6,5% pelo IPCA).
“Quando perguntado se o Banco Central irá conseguir puxar os preços para o intervalo até dezembro (o prazo final para atingir a meta), o presidente do BC, Alexandre Tombini, agora tenta evitar a questão ao dizer que a inflação irá convergir para o centro da meta em 2012”, nota o jornal. Para justificar a decisão, o BC disse na breve nota publicada naquele dia que o ambiente internacional iria acelerar a moderação da atividade doméstica e que, dessa forma, o balanço de riscos para a inflação se tornaria mais favorável.
Levantou-se no mercado um sinal de alerta. Estaria Tombini adotando a ideia de adicionar às metas o comprometimento com o crescimento? O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a apresentar este mês um projeto para acrescentar ao rol de atribuições da autoridade monetária o "estímulo ao crescimento econômico e à geração de empregos".
Mas na quinta-feira Farias desistiu ao perceber que o projeto poderia criar ruídos no mercado financeiro de que o governo estaria deixando de lado o sistema de metas de inflação.
O Samba
Os economistas também ficaram ressabiados com a decisão do BC de se basear em um modelo de projeções “um pouco maluco” para justificar as suas decisões, conhecido como Samba (Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach). A primeira aparição dele veio na ata que explicou o inesperado do juro no final de agosto.
Segundo a ata publicada uma semana depois, o modelo “admite que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009”. Ou seja, a crise atuaria como um fator a favor do controle dos preços.
“Nesse cenário alternativo, a atividade econômica doméstica desacelera e, apesar de ocorrer depreciação da taxa de câmbio e de haver redução da taxa básica de juros, entre outros, a taxa de inflação se posiciona em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o supracitado efeito da crise internacional”, mostra o texto.
O FT não critica o modelo, pois com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) voltando a cair na análise em 12 meses – em outubro o índice ficou em 6,97% ante os 7,31% de setembro – o caminho apontado pelo Samba parece o correto. O pedido é por uma maior previsibilidade das suas ações.
“Após a surpresa nos cortes de juros, o Samba, e as notícias de impacto, os investidores estarão torcendo para que o Banco Central volte logo ao seu antigo perfil chato”, diz o jornal.
SAMBA: Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach http://www.scribd.com/embeds/72438262/content?start_page=1&view_mode=list&access_key=key-23d8p13w9elgm9umscki (function() { var scribd = document.createElement("script"); scribd.type = "text/javascript"; scribd.async = true; scribd.src = "http://www.scribd.com/javascripts/embed_code/inject.js"; var s = document.getElementsByTagName("script")[0]; s.parentNode.insertBefore(scribd, s); })();
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Samantha Pearson, que assina a análise, destaca que o BC tem movimentado os mercados com uma série de notícias que tem surpreendido. A primeira foi o corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic em 31 de agosto, para 12% ao ano. A inesperada tesourada da equipe de política monetária do presidente Alexandre Tombini foi realizada mesmo com a inflação acima do teto da meta (entre 2,5% e 6,5% pelo IPCA).
“Quando perguntado se o Banco Central irá conseguir puxar os preços para o intervalo até dezembro (o prazo final para atingir a meta), o presidente do BC, Alexandre Tombini, agora tenta evitar a questão ao dizer que a inflação irá convergir para o centro da meta em 2012”, nota o jornal. Para justificar a decisão, o BC disse na breve nota publicada naquele dia que o ambiente internacional iria acelerar a moderação da atividade doméstica e que, dessa forma, o balanço de riscos para a inflação se tornaria mais favorável.
Levantou-se no mercado um sinal de alerta. Estaria Tombini adotando a ideia de adicionar às metas o comprometimento com o crescimento? O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) chegou a apresentar este mês um projeto para acrescentar ao rol de atribuições da autoridade monetária o "estímulo ao crescimento econômico e à geração de empregos".
Mas na quinta-feira Farias desistiu ao perceber que o projeto poderia criar ruídos no mercado financeiro de que o governo estaria deixando de lado o sistema de metas de inflação.
O Samba
Os economistas também ficaram ressabiados com a decisão do BC de se basear em um modelo de projeções “um pouco maluco” para justificar as suas decisões, conhecido como Samba (Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach). A primeira aparição dele veio na ata que explicou o inesperado do juro no final de agosto.
Segundo a ata publicada uma semana depois, o modelo “admite que a atual deterioração do cenário internacional cause um impacto sobre a economia brasileira equivalente a um quarto do impacto observado durante a crise internacional de 2008/2009”. Ou seja, a crise atuaria como um fator a favor do controle dos preços.
“Nesse cenário alternativo, a atividade econômica doméstica desacelera e, apesar de ocorrer depreciação da taxa de câmbio e de haver redução da taxa básica de juros, entre outros, a taxa de inflação se posiciona em patamar inferior ao que seria observado caso não fosse considerado o supracitado efeito da crise internacional”, mostra o texto.
O FT não critica o modelo, pois com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo) voltando a cair na análise em 12 meses – em outubro o índice ficou em 6,97% ante os 7,31% de setembro – o caminho apontado pelo Samba parece o correto. O pedido é por uma maior previsibilidade das suas ações.
“Após a surpresa nos cortes de juros, o Samba, e as notícias de impacto, os investidores estarão torcendo para que o Banco Central volte logo ao seu antigo perfil chato”, diz o jornal.
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