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Medidas para conter alta do etanol podem prejudicar ações do setor, diz Fator

Analista calcula o impacto de um eventual aumento de produção do álcool em detrimento do açúcar

Medidas para conter alta do etanol podem ser ruins às empresas se implicarem em interferência do governo sobre a decisão de produção e estocagem das usinas e sobre os preços de venda (Daniela Toviansky/EXAME)

Medidas para conter alta do etanol podem ser ruins às empresas se implicarem em interferência do governo sobre a decisão de produção e estocagem das usinas e sobre os preços de venda (Daniela Toviansky/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 13 de abril de 2011 às 06h12.

São Paulo – A ausência de medidas do governo diante da forte alta do preço do etanol têm deixado o mercado preocupado e sem referências. O reflexo pode ser percebido, por exemplo, na queda recente das ações de empresas como a Cosan (CSAN3). Apenas nos últimos sete dias, as ações ordinárias de uma das maiores produtoras mundiais de açúcar e etanol caíram 10%.

“Como ainda não há nada de concreto anunciado pelo governo, o efeito sobre a rentabilidade das empresas não pode ser calculado”, lembra o analista da Fator Corretora, Rodrigo Fernandes.

Entretanto, uma simulação realizada pelo analista mostra o impacto do aumento da produção de etanol em detrimento da de açúcar. Segundo Fernandes, para cada 1 ponto percentual de aumento do etanol no mix de produção das empresas, ou seja, maior destinação da moagem de cana para etanol, os preços-alvo da São Martinho (SMTO3), Cosan (CSAN3) e Tereos Internacional (TERI3) caem 2%, 1% e 0,5%, respectivamente.

“Por enquanto as notícias são negativas para o setor, pois a intervenção do governo sobre a cadeia produtiva poderá prejudicar a flexibilidade de produção e o planejamento da safra, que afetam negativamente a estratégia comercial das usinas”, explica o analista.

Além disso, as medidas podem ser potencialmente ruins para as empresas se implicarem em interferência do governo sobre a decisão de produção e estocagem das usinas e sobre os preços de venda nos mercados de atuação, conforme lembra Fernandes. “O objetivo principal é o de aumentar a oferta de etanol, para o qual acreditamos que o efeito seja negativo sobre o valor das empresas”.

Dentro deste contexto, a empresa preferida no setor pelo analista é a São Matinho, com recomendação de compra e preço-alvo (dez/11) de 30 reais, um potencial de valorização de 23,4%.

“Preferimos a São Martinho em função da maior exposição ao setor e das estratégias de possuir maior participação de cana própria e colheita mecanizada, o que resulta em maiores ganhos operacionais. A empresa também antecipou a estratégia de estocar etanol para a entressafra, o que deve resultar em aumento das margens operacionais para o quarto trimestre de 2011”, afirma o analista.

Para a Cosan e Tereos Internacional, a Fator Corretora tem recomendação de manutenção, com preços-alvo (dez/11) em 30 reais e 4,5 reais, respectivamente.


Ação e reação

Em seu relatório, Rodrigo Fernandes também elencou os possíveis impactos derivados de medidas tomadas pelo governo:

1 - Regulação da Agência Nacional do Petróleo (ANP) pode resultar em interferência na flexibilidade de produção das usinas, que afetaria a estratégica comercial e o planejamento do canavial na decisão entre a produção de açúcar e de etanol. Atualmente, a decisão baseia-se no rendimento da safra e na rentabilidade relativa entre os produtos.

2 - Redução da mistura do etanol anidro na gasolina demandaria importação adicional de gasolina, o que poderia ter impacto sobre as margens operacionais da Petrobras, uma vez que, com a capacidade de refino no limite, o consumo adicional é suprido por importações.

3 - Criação de estoque regular para suprir o período de entressafra tende a estabilizar o preço do etanol ao longo da safra e também poderá afetar a produtividade agrícola. Se este estoque, entretanto, ficar a cargo das usinas, haverá pressão adicional de capital de giro.

4 - A taxação das exportações de açúcar terá impacto sobre o mercado internacional, pois haverá repasse para preços e também a efeitos adversos sobre o mercado interno, que já é plenamente abastecido. Vale lembrar que o Brasil é o principal exportador da commodity.

5 - Apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para novos projetos em etanol e renovação do canavial, porém com restrições ou menos benefícios às usinas com maior produção de açúcar.

6 - A Petrobras poderá aumentar sua participação no setor através de participação em usinas e investimentos em novos projetos de expansão

7 - Maiores dificuldades para reconhecimento do etanol brasileiro como commodity global em função do direcionamento da produção ao mercado interno e falta de garantias para os importadores em relação ao suprimento.

8 – A taxação de automóveis nacionais e importados movidos apenas à gasolina, a fim de incentivar a demanda por etanol e levantar recursos para investimentos em inovação tecnológica. 

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